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1.01.2015

facebook: uma reflexão acerca da suspensão de contas de ativistas LGBT e não só

Abaixo a cópia de um mail que mandei para várias mailing lists de ativismo LGBT e relacionados em Portugal:

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Carxs amigxs, colegxs e ativistas,

A minha conta de facebook, Ann Antidote, que uso/ei como pseudónimo para atividades artísticas e políticas foi suspensa na primeira semana de Dezembro pelo facebook por eu não usar o meu nome “verdadeiro”.


Não quero aqui discutir as políticas do facebook, em última instância a utilização de um pseudónimo é -sem discussão - uma violação dos Termos de Serviço e em que termos isso pode ou deve ou seria defensável é uma discussão separada que eu não quero começar aqui (e estou a tê-la em muitos outros lados).

Abaixo deste email, que quero manter mais ou menos curtinho (ou quase) e to the point, juntei alguns links e informações acerca desta questão e suas implicações. Estou também em contacto com várias pessoas ativistas – LGBT e nao só – afetadas e jornalistas e politicxs, uma vez que a informação encontrada na net, leia-se cuspida pelos agregadores de noticias, nao reflete a realidade e sugere que tudo está resolvido com um pedido de desculpas do facebook à comunidade LGBT. Não está. Contas continuam a ser suspensas e o facebook exige a apresentação de documentos oficiais para provar identidades.. Quem quiser saber mais pode ler os links abaixo e/ou pode-me contactar por PM.

O que quero trazer aqui são meia dúzia de pontos para refletir, acerca de como o usamos ou queremos usar, não apenas como pessoas privadas, mas como ativistas dentro de um contexto de grupos de trabalho. Nos últimos anos observei como as mailing lists – estas para as quais estou a escrever, e outras noutras línguas e noutros contextos – foram cada vez menos usadas (umas mais outras menos) e como algumas discussões começaram a tomar lugar quase exclusivamente via facebook. Houve grupos e coletivos que praticamente deixaram de ter qualquer outra expressão, e outros não existem de todo fora do facebook.
Outro aspecto preocupante é  a monitorização de conteúdos ou a impossibilidade de encriptar conteúdos, que para muitos de nós pode não ser problemática (na onda do “não tenho nada a esconder”: que acaba por ser uma expressao de privilégio), mas a partir do momento em que algunxs ativistas e/ou pessoas a eles ligadxs podem não ter papéis, licença de residência, privilégio de nacionalidade, ou mesmo uma ficha na policia não – pelas mais diversas razões - muito imaculada torna-se muito problemático (e independentemente de se concordar com estes ou aqueles métodos que colidam com as autoridades, é preciso reconhecer essa diversidade, essa diferença em privilégio – e essa fragilidade – dentro da comunidade activista e/ou LGBT).
Finalmente, todas as discussões em que participei, todos os comentários meus no facebook desapareceram, como se eu nunca tivesse existido nestes últimos 6 anos. Nao tenho maneira de documentar discussões e decisões em que participei, ou de rebater coisas – algumas com implicações políticas, coletivas ou mesmo financeiras – que tenham sido ou continuem a ser discutidas. É problemático para mim, e é problemático para o contexto em que outros responderam ou comentaram, ou para a  documentação e/ou visibilidade do trabalho deste ou aquele grupo de trabalho.

Os pontos que eu quero trazer são:

1) - faz definitivamente sentido usar o facebook como meio suplementar (Adicional) de informação, organização e mobilização. É uma ferramenta poderosa. Mas não pode ser o único meio, é necessário manter outros canais abertos. Isto é um apelo à disciplina individual e coletiva. Mantenham toda a gente no barco, não só os vossos amigos diretos.
2) - Ter cuidado com o que se partilha e como. Há informação que mesmo por email deveria ser encriptada. Facebook, Whatsup e Instagram não são seguros. Os yahoogroups que foram usados também têm alguns buracos mas estão anos-luz do que os primeiros fazem sistematicamente ou podem fazer.
3) - Dizer que usar o facebook como assembleia para tomar decisões é má ideia é o corolário de (1) e deveria ser desnecessário, mas digo-o mesmo assim.
4) – Pensar na acessibilidade como privilegio e como podemos usar a tecnologia com muitas das suas vantagens sem criar com isso desvantagem ou exclusão daqueles que não têm acesso a ela (ou seja, como não reproduzir estruturas de privilégio que como ativistas LGBT supostamente tentamos combater).
5) -  Há imensas coisas fixes e úteis que podemos fazer como ativistas sentados ao PC: divulgar, denunciar, escrever a governantes, a jornalistas, desencadear acões legais. Pôr likes é divertido e social mas não é uma delas.

A um nível pessoal: estou a pensar se quero usar de todo o facebook, mesmo com todas estas precauções e mesmo que me devolvam acesso à minha conta (neste momento nem consigo sequer apagar os meus dados). Não confio neles, e eles deram-me razão para não confiar.  Dar-lhes o meu ID digitalizado está fora de questão, não tanto por mim, mas por uma questão de princípio e pelo manancial de informação agregada (acerca de pessoas com quem trabalho em situações precárias, ou vários projetos) que disponibiliza a uma série de pessoas e organismos que eu nem sei quem são (As pessoas a quem o facebook vende a informação agregada).

Feel free to forward this email a quem dele puder precisar.


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Uma compilação de informação acerca deste tema e outros relacionados..

Drag Stars, Facebook's "Fake Name" Controversy and the Rise of Ello
http://www.papermag.com/2014/12/facebook_ello_sister_roma.php

Chris Cox: I want to apologize to the affected community of drag queens...
https://www.facebook.com/chris.cox/posts/10101301777354543

Facebook's 'Real Name' Policy Can Cause Real-World Harm for the LGBTQ Community https://www.eff.org/deeplinks/2014/09/facebooks-real-name-policy-can-cause-real-world-harm-lgbtq-community


Drag Queens aren't the only people affected by facebooks' real name policy
http://www.businessinsider.com/drag-queens-arent-the-only-people-affected-by-facebooks-real-name-policy-2014-9

Facebook won't back down from requiring drag queens to use their real names
http://www.businessinsider.com/facebook-wont-back-down-from-requiring-drag-queens-to-use-real-names-2014-9#ixzz3NBuJaEx7

Status de 7.12.2014:

Zuckerberg reiterates: You have to use your real name on Facebook http://venturebeat.com/2014/12/11/zuckerberg-reiterates-you-have-to-use-your-real-name-on-facebook/ 

2014: The Year Facebook Started To Figure Out How It Hurts People http://sfist.com/2014/12/29/2014_the_year_facebook_started_to_f.php

 The single vigilante behind Facebook's real name crackdown http://www.dailydot.com/technology/realnamepolice-facebook-real-names-policy/


Real name police
http://realnamepolice.tumblr.com/

Ello embraces facebook users irked by real name demands
http://www.dailydot.com/technology/ello-facebook-real-names-policy/

Private email monitoring at facebook
http://www.computerweekly.com/news/2240211943/Facebook-faces-lawsuit-over-monitoring-private-messages

Police Can Create Fake Instagram Accounts To Investigate Suspects
http://techcrunch.com/2014/12/24/police-can-create-fake-instagram-accounts-to-investigate-suspects/

7.07.2011

Nuclear: olhar à nossa volta

Com fukushima de repente relançou-se estremunhadamente a discussão sobre o nuclear, e de repente houve acordares dolorosos e buscas de informação apressadas. Ou de repente ficou descoberta a careca de que nos estavam a vender produtos e energia com a etiqueta "verde", por ser redutora de emissões de carbono, que na verdade tinham uma contribuição do nuclear. Sim, estavam-nos a vender o nuclear como energia verde, mas poucos se aperceberam disso. Houve activistas a apoiar produtos "carbon correct" sem saber que havia nuclear "dentro".

Tenho aqui em cima da secretária uma série de panfletos de vários grupos políticos anti-nuclear, uns mais interventivos que outros. Um deles limita se a informar acerca de que organismos estão mais ou menos comprometidos no apoio ao nuclear, um pouco como "tomem lá esta informação e façam dela o que quiserem". Lista endereços desde construtores de reatores nucleares, passando pelos organismos políticos que decidem e apoiam a sua implementação ou os responsáveis pela gestão (leia-se exportação atabalhoada) do lixo atómico.

Um dos organismos que me deixou a pensar foi o WiN, Women in Nuclear. é uma associação mundial de mulheres que trabalham na industria nuclear (Exclui investigação cientifica, e medicina portanto). São mais de 2000 mulheres no mundo inteiro. Se fizermos a habitual continha que mulheres a trabalhar na industria são menos de 15%, isto dá-nos várias dezenas de milhares de pessoas a trabalhar na industria do nuclear.

Se são tantos, quer dizer que eles andam aí, à nossa volta. Como é que não damos por isso? De certeza que conheço alguém que pertence a este grupo. Há todo um mundo do qual nada sabemos e que decide coisas por nós. E que se calhar bebe cafés connosco e nos dá umas palmadinhas nas costas e até são uns gajos porreiros..

hmmm.

5.31.2011

Manifestação contra a repressão do trabalho sexual

um pouco por todo lado começa a aparecer trabalho acerca da penalizacao da prostituição e/ou trabalho sexual (vários termos que nem sempre se sobrepoem) , e uma tentativa de chamar os bois pelos nomes e separar diversos assuntos.

Em Franca temos já dia 2 de Junho, quinta feira, a manifestação contra a repressão do trabalho sexual. O trigger é a lei francesa vigente que penaliza os clientes. A prostituição em si não é crime, mas sim o uso da prostituição. Enquanto que se pode argumentar que há situações que acontecem em contexto do trabalho sexual que são para ser combatidas, não é proibir ou penalizar todas as situações desse contesto que se vai nem resolver os tais problemas nem criar uma situação justa. Nao é proibindo a solicitação que se vai acabar com a prostituicao forcada (ou mesmo o trabalho sexual de todo) ou com situações de fragilidade extremas.

Manifestation contre la répression du travail du sexe

Thursday, June 2 · 2:00pm - 6:00pm

Nous demandons l'abolition de la LSI et du délit de racolage passif, qui nous criminalisent, nous stigmatisent, nous précarisent et nous mettent en danger. Nous refusons catégoriquement la pénalisation de nos clients. Payer pour du sexe n'est pas un crime. Laissez nous travailler! Faisons nous entendre! Travailleurs et travailleuses du sexe, ainsi que ceux et celles qui nous soutiennent, sortons du placard et marchons pour nos droits!
contact@strass-syndicat.org

Org: STRASS Syndicat du TRAvail Sexuel




5.16.2011

não é não

E continuando na sequencia do post anterior, a questão que está subjacente a isto tudo é que não é toda a gente que entende que não é não, e que se não é consensual é violência. Iliteracia? diria que é algo muito mais subterrâneo e perigoso.

De qualquer maneira, com ou sem Slut Walk , a UMAR resolveu e muito bem organizar uma ação de protesto a propósito do acórdão de tribunal que absolve um psiquiatra acusado de violar a sua paciente.

não se trata de se fazer comentários de conversa de café, em que este acha que sim e este acha que não, à moda do futebol, em que todos seriam melhores treinadores do que quem o faz ao vivo e a cores. Não se trata de começar a contestar com uma manifestação qualquer julgamento sempre que a decisão não agrada. Trata-se de pegar nas próprias frases que estão documentadas no acórdão, acerca de atos provados, e perceber que algo se perdeu durante este julgamento, e chamar a atenção quer de quem tem o assunto entre mãos, quer do cidadão (des)atento e convidar as pensar e intervir na "coisa" (sendo a "coisa" um assunto tão pouco importante como "apenas" em que sociedade é que queremos viver)

Aqui o link para a noticia no JN, e para o texto completo da UMAR.


A UMAR fala de criação de uma lista negra de profissionais de saúde. A compilação de listas de medicxs ou LG friendly ou Trans friendly ou feministas etc é prática habitual por aqui no Norte da Europa, e embora não resolva o problema de "porque é que continua a haver profissionais que fazem coisas - discriminação - contra o código deontológico", resolve o problema de todos aqueles, ativistas ou não, que simplesmente precisam de um médico sem esperar pelo acórdão de tribunal por acao de discriminação. A criação de uma lista negra implica por outro lado, para se evitar processos por difamação, injustiças e outros sarilhos, que seja verificada e objetiva, ou seja, que seja mantida por alguém. Não tenho a certeza que seja a solução mais construtiva, mas provavelmente tem o efeito grandioso de criar uma discussão e de essa discussão finalmente cair à rua.

Desejo que haja ações não só de intervenção, a chamar a atenção dos responsáveis pela Justiça e pela educação por Direitos Humanos e educação sexual nas escolas. Desejo que alguem pergunte à Ordem dos Médicos a sua posição neste caso. Desejo que os profissionais de Direito aprendam Direito, e que as pessoas acordem para este problema e que não olhem para o lado e digam que não lhes diz respeito.

Por outro lado andam alegremente pelo FB a divulgar o retrato robot do acusado, o que me põe bastante de mau humor, porque entendo o ativismo como uma luta pela implementação de regras justas ou pela aplicação cuidadosa das regras já existentes. e se usamos justiça por conta própria, desacreditamos a luta em que supostamente acreditamos. Isto não é agit-prop, isto é apenas uma caça às bruxas. Por muito que não goste do que aquele senhor tem às costas, ou que não me apeteça fazer-lhe festinhas,não acho que a luta contra a violência e o abuso passe por um tipo de justiça popular, que não me parece uma coisa desejável ou agradável de ver à solta nas ruas internéticas.

Fuming.

a habitual lista de livros de "leitura complementar para este assunto" e outras cenas:












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5.13.2011

Slut Walk

Sex is something people do together, Sex is not something you do to someone else Nem que fosse pelo título, teríamos de falar da Slut Walk. Mas não será só pelo título. Apareceu por aí argumento do costume. "Se te vestisses como uma senhora e nao como uma puta, nao te punhas a jeito para ser violada". E da boca da polícia. E isto tudo, como se fosse ok violar putas, que é outro argumento que nao percebo. Alguém se lembra do famoso acordao de tribunal (se nao me engano no Algarve) num processo de violacao de duas turistas "que devem ficar cientes daqui para a frente que estao a pisar a coutada do macho latino"? Como se uma vida liberal ou roupa ou simplesmente o facto de se sair à rua desculpasse o ultrapassar de qualquer fronteira e o desrespeito de qualquer forma de consenso (ou falta expressa dele) E resumindo e baralhando, a tao batida frase desta vez caiu mal e está a criar ondas de choque sob a forma de uma "Slut Walk", como movimento que procura denunciar a desculpabilizacao da violacao e ao mesmo tempo a culpabilizacao de tudo o que é sex positive... Comecou em Toronto (http://www.slutwalktoronto.com/), alastrou a Londres, e espalha-se alegremente pelo resto da Europa.. Toca a encher as ruas com mulheres vestidas com os trajes que os policias parecem achar que sao a desculpa para uma violacao automática e imediata. Fala-se de cerca de 5000 pessoas.

http://www.slutwalktoronto.com/

reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=3vOCnZOcr8w

Thousands of scantily-clad women to march in London as 'SlutWalk' protest reaches UK

e um bom artigo, concorde-se com os argumentos apresentados ou nao, acerca de SlutWalk e feminismo...
We’re Sluts, Not Feminists. Wherein my relationship with Slutwalk gets rocky

E quem quiser saber mais, uma seleção de livros pertinentes para o tema (E uma ocasião para ajudarem este blog):


5.03.2011

Trabalho Sexual Voluntário

Neste blogue, não com muita insistência, mas com consistência, escreve-se sobre trabalho sexual (voluntário, para quem anda mais distraído e deu agora um pulo brutal na cadeira). Quando este blogue comecou, em 2005, esse tema era para mim apenas mais um domínio (mas um bem grandinho) em que cada um tem o direito de tomar as suas decisões, e que nem Estado nem vizinhas tem o direito de julgar o modo de vida ou a pessoa que o exerce. De modo que peguei nessa briga por solidariedade.


Em 2006, a primeira marcha do Orgulho LGBT do Porto, de cuja organização eu fiz parte, e com o lema Um presente sem violência, um futuro sem diferença tematizou a fragilidade e a defesa dos direitos dos trabalhadores sexuais num manifesto que não foi livre de discórdia.

"uma política social de assistência a grupos marginalizados – incluindo imigrantes, pessoas com HIV, sem-abrigo, utilizadores de drogas e trabalhadores do sexo – em vez de uma política de exclusão."

Entre 2005 e este ano, fui reparando como amigxs e conhecidxs me foram revelando mais ou menos confidencialmente que eram trabalhadores sexuais, ou que consideravam experimentar. Notei os ventos da mudança dentro e fora duma cena queer de inspiração feminista. A prostituição deixou de ser necessariamente o dormir (literalmente) com o inimigo e o apoiar de um sistema patriarcal que se quer combater, mas sim uma escolha válida, uma forma de luta, de exercício de liberdade individual, uma maneira de ganhar dinheiro, ou uma forma tão valida como outra de alegria e realização (Sim, também há..).

Em Janeiro deste ano, dois autorxs deste blogue apresentaram uma performance no Hurenball, e talvez tenha havido mais motores para essa participação para alem dos óbvios vaidade, ambição artística, e solidariedade com amigxs e com o trabalho sexual em geral. Também desde Janeiro que estou mais concentrada em trabalhar na vertente performance e artística do que na escrita, como se nota no "vazio e pouco mais" deste blogue.

Esta semana resolvi voltar a escrever e o detonador foi isto:

Sobre a tomada de posição da CGTP contra direitos sociais para quem presta serviços sexuais

Fui investigar, e apesar de não encontrar o texto original (Existe?) com a tomada de posição oficial da CGTP, encontrei este, bastante descritivo:

CGTP repudia campanha do preservativo, por aceitar prostituição como profissão


Hmm. Pode-se combater cada um dos argumentos ponto a ponto. Temos pelo menos dois pontos independentes que merecem uma massagem. Um é " a contestação da campanha do preservativo tal como ela foi apresentada (figuras estereotipadas, com mulher-puta-de-rua homem-cliente etc)" e o outro "a aceitação ou não da prostituição voluntária como forma de trabalho"

Na verdade acho que a campanha publicitaria que foi contestada é bastante contestável. Não há necessidade de perpetuar o cliché da prostituição como feminina e de rua. A campanha peca não só por falta de imaginação mas por falta de sensibilidade a temas de género. Não sei por outro lado se vale a pena por outro lado bloquear a coisa por aí. Não sei mesmo.

Mas onde a coisa dói mesmo é na não aceitação da missão própria - defesa do trabalhador. O não aceitar da prostituição como forma de trabalho, parece poder desresponsabilizar a CGTP do seu papel de defensora dos direitos de TODXS os trabalhadores. mesmo eu pondo me no lugar deles, em que não, o trabalho sexual voluntario não é uma forma legitima de trabalho, não me parece que isso tire a questão de cima da mesa, em que há trabalhadorxs com necessidades graves e prementes.

Lenha para a fogueira:
http://aeiou.expresso.pt/1-de-maio-trabalho-sexual-e-trabalho=f579943
http://panterasrosa.blogspot.com/2011/05/panteras-rosa-e-plataforma-trabalho.html
http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/germany/1482371/If-you-dont-take-a-job-as-a-prostitute-we-can-stop-your-benefits.html

Mas enfim, importante é, a discussão rola, e quero chamar a vossa atenção para participarem nela, com todos os vossos argumentos.

Aqui o link para a muito bem redigida Carta Aberta - O MOVIMENTO SINDICAL E O TRABALHO SEXUAL EM TEMPO DE CRISE (Panteras Rosa)

E para quem se interessa ou começa a interessar pela possibilidade real de trabalho sexual voluntário, deixo-vos o link para o Sex Worker Open University:
http://www.sexworkeropenuniversity.com

Deixo-vos tambem algumas propostas pertinentes para o tema:


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1.18.2011

Conteúdos que incitem à discriminação sexual é punido por lei

Isto pode interessar, directa ou indirectamente, à malta que vive ou pensa viver poly.

Divulgar conteúdos que incitem à discriminação sexual é punido por lei com pena que pode chegar aos cinco anos de prisão.

Os comentários relativos ao homicídio de Carlos Castro têm-se multiplicado, tanto nas edições online de jornais e revistas como nas redes sociais. Poucos dias depois da violenta morte do jornalista, uma utilizadora do Facebook criou um grupo chamado "Eu apoio Renato Seabra, matar gays não devia ser crime". Segundo o advogado Arrobas da Silva, a haver violação da lei, "deve ser o Ministério Público a promover uma acção penal. Parece-me, pela descrição, que deverá ser um crime público ou semipúblico", explica o causídico. Este tipo de crime contra a identidade cultural e a integridade pessoal está contemplado no artigo 240.º do Código Penal português e pode resultar numa pena de prisão de seis meses a cinco anos. "Eu creio que a pena se aplica a quem cria e a quem adere. Pode haver depois uma graduação de responsabilidades, mais para quem tem a direcção", explica o jurista. Arrobas da Silva afirma também que dado o fenómeno recente das redes sociais urge uma reformulação da lei que contemple este tipo de casos: "Há 20 anos, por exemplo, havia pessoas que praticavam burlas informáticas e, como não estava previsto no Código Penal, não era crime. Houve que acrescentar à tipicidade do Código Penal novos crimes." Sobre a necessidade da criação de uma entidade reguladora para situações como incitamento à homofobia, o advogado acrescenta que a situação deverá ser avaliada pelas instâncias competentes. "Se houver um crescendo de sentimentos - mais do que comentários - desta natureza, pode ser que haja necessidade no futuro de criar uma entidade reguladora. Neste caso, seria de bom tom o Ministério Público comentar estas situações, que constituem crime de incentivo à homofobia", afirma Arrobas da Silva.

Contactado pelo DN, o presidente da ILGA Portugal explica, a propósito de a maioria dos comentários colocados no Facebook e no ciberespaço serem feitos por homens, que "a homofobia está ligada ao sexismo. Há uma relação quase umbilical entre género e sexualidade". Paulo Côrte Real explica ainda que, segundo dados do Eurobarómetro, "a discriminação segundo a orientação sexual é a que tem maior prevalência em Portugal. Isto é um problema mundial mas temos um grande trabalho a fazer, apesar de, no ano passado, termos dado passos importantes nesse sentido".


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5.24.2010

Gay: Casa e Cala!

Um bom texto acerca da apologia do casório entre pessoas do mesmo sexo dentro de certos sectores da cena activista LGBT em Portugal, e também a propósito de um texto da Fernanda Câncio, e de como a ILGA está a vender o Arraial Pride em Lisboa!

http://5dias.net/2010/05/26/gay-casa-e-cala-e-forca-la-1-sorriso-na-cara-pa/

Não ha temas mais importantes para discutir? Discriminação, violência, educação para a diversidade nas escolas, dupla discriminação em caso de background migrante, identidade de género?

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9.14.2009

Mostra e Conta II: Monogamia x Poliamor, 0-0

Continuando o "mostra e conta", vamos pegar na pergunta "o que achas da Monogamia". Vou pegar apenas num aspecto particular e não elaborar longamente sobre o pano para mangas, colarinhos e tendas multi-familiares que isto pode dar.

A primeira coisa que me veio à cabeça ao desenterrar alguns textos que li ou mesmo que escrevi (mea culpa, sim, minha grande culpa) sobre o assunto, é que muitas vezes são textos duma injustiça, ingenuidade e falta de rigor incríveis, pois comparam muitas vezes, digamos assim, os falhanços práticos da monogamia, ou aquilo que muita gente chama de monogamia e nao é, com uma versão idealizada e infalível do poliamor, ou, por outras palavras, o que o poliamor ideal e teoricamente deveria ser.

Por outras palavras, é como se eu comparasse a Historia do Cristianismo com as suas Cruzadas, os massacres, a Inquisição, o colaboracionismo, com a definição e objectivos do Budismo (e varresse para debaixo do tapete as guerras em nome do Budismo, e igualmente as definições e objectivos do Cristianismo ocidental). Infelizmente há pessoas, mesmo profissionais da escrita e da análise politica e histórica que insistem nisto.

Para mim a monogamia é apenas mais uma solução possível para a quadratura do amor. Não digo mal nem bem da monogamia. Acho que funciona para muita gente (falo de monogamia ppd e não de monogamia com traição, e, digo sem ironia, mesmo esta funciona curiosamente, para muita gente). Acho que podia funcionar para mim, mas sou mais feliz e ocupada vivendo poly. Na verdade é possível também viver em monogamia e em poliamor (Deixo esta frase como trabalho de casa) Eu defendo, pessoalmente e como activista, o reconhecimento que há mais formas de amar do que a "oficial", e que o poliamor, na sua variedade, merece respeito e é legitimo, mas que talvez não funcione para toda a gente, e não, não quero acabar com a monogamia. O que eu combato é a Monogamia como único modelo, a monogamia "de Estado", ou a monogamia como o único modelo que merece respeito.

Uma palavra acerca do casamento, uniões de facto e monogamia de Estado... não é justo que numa sociedade que se diz baseada no individuo livre (Embora as constituições europeias tenham mudado discreta mas peremtóriamente durante os últimos 80 anos no sentido da “a família ser a base do Estado”), dois indivíduos casados tenham mais privilégios do que os não casados. Refiro me ao poder testamentário e ao poder de procuração em caso de doença ou semelhante. Entendo que isso deveria ser regulado por cada individuo por si só e não pelo estado e suas leis. Não percebo sequer qual a lógica de ser, digamos assim, o meu cônjuge-parceiro-amor a tomar uma serie de decisões quando eu não as posso tomar. Consigo pensar numa serie de pessoas que eu preferia por a tomar esse tipo de decisões (o desligar da maquina, a gestão dos meus bens, a amputação da perna, que advogado chamar se eu estiver na cadeia, etc) que não são minhas relações e sem que isso queira dizer que gosto menos das minhas relações. A questão do apoio à parentalidade, ou seja, a questão dos filhos, pode perfeitamente ser legislada fora do contexto do casamento e não em ligação automática. E embora defenda o alargamento do casamento aos pares do mesmo género (e já preocupada com a pergunta de quem é que define género, pedra no sapato avant la lettre), na verdade acho o casamento injusto contra não só todos os que vivem outros tipos de relações para alem do par paradigmático, mas todos os celibatários, voluntários ou não. Na verdade, a única coisa justa a fazer seria a abolição do casamento civil.

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6.16.2009

Do DN: Proibição dos Piercings e Saúde Publica

A noticia é antiga e não sei se não terá ficado tudo em águas de bacalhau. O PS propôs, em Abril do ano passado, a proibição de piercings em zonas sensíveis do corpo, com o argumento da ameaça para a saúde publica que isso pode representar...

Não está aqui em causa defender ou não a prática de piercing, mas sim se faz sentido ou não, em primeiro lugar, regulamentar em função de supostos dados científicos, em segundo questionar a validade desses dados científicos, e terceiro apontar o erro de lógica na limitação de liberdades individuais sem que isso traga beneficio à tal saúde publica que estão a tentar proteger.

Diria que, em relação ao primeiro ponto, não é a aplicação de piercings que é um perigo, mas a sua eventual colocação em más condições. Assim como quecas, são um perigo para a saúde publica se houver más condições de higiene ou pouco cuidado com a transmissão de doenças. No entanto, ninguém ainda se lembrou de proibir as quecas, protegidas ou não. A pobreza, também é um problema de saúde publica, mas ainda ninguém se lembrou de proibir as pessoas de ser pobres.

Em relação ao segundo, há parecenças com o primeiro, por um lado gostava de ver os dados científicos que foram eventualmente levantados para fazer esta proposta (ou será que foi apenas uma ideia baseada em preconceitos contra as minorias que usam piercings?). Por outro lado, também gostava apenas de ver uma separação de trigo do joio. Acho que não fico zangada com uma lei que tente regulamentar em que condições (higiénicas, consentimento de adultos, etc) um estabelecimento público pode ou não efectuar um serviço (Aplicação de piercing). Mas não vejo porque é que o Estado decide por mim o que é bom para mim ou não, ou argumenta saúde publica, quando o perigo não está no piercing mas na sua má aplicação. Pode-se dizer que um mau ortopedista também pode fazer muitos danos, mas ninguém vai proibir a ortopedia, quando muito vai verificar ou controlar a boa aplicação da ortopedia.

Em relação ao terceiro, não vejo em que é que o Estado tem alguma palavra a dizer se eu, na privacidade da minha casa, fizer um piercing a mim mesma ou, consensualmente, a outra pessoa que confiou em mim. Tem os riscos que as pessoas envolvidas decidiram assumir juntas, e que qualquer adulto sabe que estão envolvidos. Da mesma maneira que na tal queca ou no ser pobre ou ir ao ortopedista.

http://dn.sapo.pt/2008/03/15/sociedade/ps_quer_proibir_piercings_zonas_sens.html

Porque é que isto é relevante neste blog? ora bem, "controlo do estado da vida privada", "defesa da liberdade individual" e "sex-positive" (estou a pensar em algumas práticas pessoais - para quem gosta - que envolvem aplicação consensual de agulhas, temporária ou definitivamente).

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5.12.2009

15 Maio - Contra as novas/velhas inquisições

CONTRA AS VELHAS/NOVAS INQUISIÇÕES

PELO DIREITO A UMA VIDA COM DIREITOS




15 Maio | 19h | Largo S. Domingos
(junto ao Teatro Nacional D. Maria II)



Um conjunto de associações portuguesas, brasileiras e espanholas desenvolvem, no dia 15 de Maio,
uma intervenção artística pelos direitos sexuais e reprodutivos. Com o lema “Contras as Velhas/Novas Inquisições”, um grupo de actores e actrizes vão representar um auto de fé da inquisição, chamando a atenção para as semelhanças que as perseguições antigas têm com as condenações actuais.


Manifesto

Pois é! Umas vezes vêm de botas cardadas... outras com pezinhos de lã.

Batem com a mão no peito, fazem rezas, conferências, juntam assinaturas, lançam folhetos, dogmas, as suas certezas, as suas velhas teorias. Chegam a pôr bombas e a assassinar quem pratica o aborto de forma legal e segura.

Porque não toleram o direito à escolha, à liberdade e à auto-determinação, são contra o direito ao aborto.

Porque negam a pluralidade de modelos familiares e só querem uma família patriarcal.

Porque vivem mal com o(s) corpo(s), o(s) prazer(es), a(s) sexualidade(s).

Porque ainda recusam o direito à contracepção, ao preservativo, promovendo única e exclusivamente a abstinência.

Porque temem que os/as jovens usufruam do direito a uma Educação Sexual sem tabus; porque têm medo da liberdade e da vontade das pessoas sobre os seus corpos, movem campanhas contra o direito à informação sobre aspectos fundamentais da vida dos seres humanos.

O Mundo mudou... Portugal também.

...mas há quem queira olhar para a vida, para as mulheres e para a sociedade, como se estas tivessem parado no tempo. Velhos inquisidores ainda cá estão – hoje com vestes mais modernas, mas com pensamentos muito antigos. Os autos de fé que faziam, e onde expunham e castigavam as mulheres que não se comportavam segundo os cânones (mulher submissa, irmã obediente, filha virtuosa), são hoje poderosas campanhas em que se procura perseguir e culpabilizar a sociedade – apresentando bafientas teorias e dogmas como sendo os “valores” de que a sociedade carece.

As cidadãs e cidadãos, assim como colectivos e associações promotoras desta iniciativa, reafirmam que continuam e continuarão a lutar pelo aprofundamento e alargamento de direitos para todos e todas; reafirmam que continuam e continuarão a lutar pelo progresso das mulheres e dos homens que chegaram a este século assumindo o caminho feito como um dado adquirido de que não abrem mão. A vida é para ser vivida com felicidade, direitos, em plenitude e não como um calvário ou um sofrimento, regimentada por velhas regras que alguns grupos nos querem impor.

Porque não queremos mais homofobia nem transfobia neste país.

Porque recusamos qualquer forma de discriminação em função da orientação sexual e das identidades de género(s).

Porque não podemos aceitar que se estigmatizem as pessoas seropositivas.

Porque nos negamos a viver numa sociedade patriarcal em que as mulheres são menorizadas.

Lutaremos sempre por Direitos Civis e por Direitos Sexuais e Reprodutivos, para todos e todas, em plena igualdade. Exprimimos a nossa solidariedade com todas as pessoas que noutros países – e em particular o Estado Espanhol e Brasil - lutam pelo direito a interromper uma gravidez por decisão da mulher.

Os “novos” autos de fé e as perseguições são sempre momentos de retrocesso e de vergonha que deviam, há muito, fazer parte de um passado enterrado.



Associações Subscritoras

Associação Olho Vivo | Associação Positivo | Católicas pelo Direito de Decidir/Brasil | Clube Safo - Associação de Defesa dos Direitos das Lésbicas | Colectivo Feminista | Comuna – Teatro de Pesquisa | Karnart C.P.O.O.A. | GAT - Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA | Gatos que Ladram | Médicos Pela Escolha | Não Te Prives – Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais | NOSOTRAS NO NOS RESIGNAMOS | Panteras Rosa – Frente de Combate à LésBiGayTransFobia | poly_portugal | Ponto Bi | Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens | SERES.VIH.SIDA | SOLIM – Associação para a defesa dos direitos imigrantes | SOS Racismo | UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta

Mais info:
http://umarbraga.wordpress.com/2009/05/13/contra-as-velhasnovas-inquisicoes/

5.07.2009

WorkShop"Dançar com a Diferença"


O Núcleo de Alunos de Eng.ª de Reabilitação e Acessibilidade Humanas (NAERA) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro pretende levar a cabo uma actividade lúdica e de sensibilização que consistirá num evento/workshop de dança a realizar no Dolce Vita Douro em Vila Real, na tarde do dia 13 de Maio de 2009, que se intitula "Dançar com a Diferença".

A actividade passa por demonstrar à sociedade civil que qualquer pessoa é capaz de superar as barreiras que se lhe colocam, sejam elas de que tipo forem, sendo visível aos olhos de todos que um cego, um tetraplégico ou um surdo conseguem de igual forma apreciar e viver um momento único dançando, exprimindo e libertando todos os seus sentidos. Nesse sentido, a dança funcionará como uma forma de expressão artística coordenada, onde se expressam todos os seus sentimentos, emoções, alegrias e outros, através dos movimentos. O objectivo principal foca-se na perspectiva de demonstrar à sociedade que este curso não se resume apenas à componente tecnológica, mas também presta grande ênfase à vertente humana e das relações interpessoais no combate às desigualdades.

Por fim, vimos por este meio convidar-vos para participarem neste evento inédito. Achamos que será uma actividade inigualável no campo de sensibilização, por isso, contamos com a vossa presença, deixando aqui o nosso maior agradecimento a todas as pessoas que quiserem participar. A todos os arrojados, será entregue um certificado de participação.

Contamos com a vossa presença!

DANÇAR COM A DIFERENÇA
Utilizando a dança, e o ensino da dança tradicionais a todos os que nestes workshops queiram participar, gostaríamos de demonstrar que é possível a concepção de espaços comuns a todas as deficiências e não deficiências, com semelhante compreensão e participação activa, pretende-se mostrar como se podem ultrapassar pequenas limitações impostas pela própria sociedade e não pela deficiência em si.

Data: 13 de Maio de 2009

Programa:

Estão previstos 4 workshops de danças tradicionais (aproximadamente 60 minutos cada):

14h00 - danças tradicionais (Adaptada à Pessoa Surda)
Mais do que a presença de um tradutor de língua gestual que irá traduzir toda a aula para as pessoas surdas que estiverem presentes, este workshop permitirá, a quem quiser passar pela experiência, a utilização de "handicaps auditivos temporários" que serão distribuídos no início do Workshop.

15h30 - danças tradicionais (Adaptada à Pessoa Cega)
Vão ser distribuídas vendas a todos os que queiram participar no workshop de olhos vendados. As adaptações do ensino da dança passam por indicações e orientações orais ao invés dos habituais métodos demonstrativos. A experimentar, a imitação de gestos e passos descritos, e a dançar danças que nos são tão conhecidas e podem ser tão diferentes de olhos fechados.

17h00 - danças tradicionais (Adaptada à Pessoa em Cadeira de Rodas)
A deficiência motora é normalmente representada pelo elemento simbólico da cadeira de rodas, e é através da utilização das danças de pares e de grupos, e do jogo em torno da utilização deste elemento tão representativo destas deficiências que irá ser desenvolvido este workshop.

19h00 - danças tradicionais para todos. pequeno baile final..
Mais do que um workshop final, é a possibilidade de dançar e criar um pequeno espaço bailante onde se poderá dançar mais livremente as danças que foram ensinadas durante a tarde nos workshops. Para alem disso vão se ouvir também danças bastante familiares e comuns nos repertórios dos bailes das danças tradicionais: valsas, chapeloises, viras, malhão, círculos, entre outras..

(todos os workshops terão um apoio com um Intérprete de Língua Gestual Portuguesa)

Na expectativa de que esta solicitação mereça de V.Exa a melhor atenção, subscrevo-me com elevada consideração,

David Fonseca
Presidente da Direcção do NAERA

Contacto: naera@utad.pt
www.utad.pt/~naera

2.08.2009

Making waves

Ahhhhhhhhhhh...... (enter Veuve Cliquot, exeunt pedra no sapato e maus figados em relacao a isto...)

http://cmiskp.echr.coe.int/tkp197/viewhbkm.asp?sessionId=18804762&skin=hudoc-pr-en&action=html&table=F69A27FD8FB86142BF01C1166DEA398649&key=76309&highlight



Comunicado de Imprensa

Campanha 'Fazer Ondas' - Tribunal Europeu dos Direitos Humanos dá razão a associações feministas portuguesas



As associações Não Te Prives - Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais e Clube Safo congratulam-se com a recente decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) relativamente à Campanha 'Fazer Ondas'.

O caso reporta-se a 2004, quando convidámos a organização Women On Waves e o seu barco-clínica a vir a Portugal, numa série de acções visando informação e sensibilização para a necessidade de descriminalizar o aborto a pedido da mulher. A iniciativa debateu-se com um governo PSD/CDS-PP conservador, cuja decisão de enviar dois navios de guerra de forma a impedir a entrada do chamado 'Barco do Aborto' em águas territoriais portuguesas ficará sempre guardada entre os episódios mais absurdos e desproporcionais da nossa história recente. Isso mesmo considerou o TEDH, ao condenar agora o Estado Português ao pagamento de uma multa por danos morais às partes envolvidas, considerando ainda ter havido uso de medidas desproporcionais e violação do direito de liberdade de expressão (artigo 10 da Convenção dos Direitos Humanos).

Para além dos efeitos práticos desta decisão, o seu importante significado simbólico vem repor justiça face aos eventos decorridos em 2004. Fica assim provada a validade de uma iniciativa que consistiu num expoente da mobilização cívica em Portugal e que mudou, indubitavelmente, a história da acção colectiva existente no nosso país até então e, mais especificamente, o rumo do activismo pró-escolha que culminou com a despenalização do aborto até às 10 semanas a pedido da mulher em 2007.

Este é um dia de celebração da liberdade, da escolha e do activismo feminista em Portugal, hoje como em 2004.

Estamos, portanto, todas e todos de parabéns.


Associação Clube Safo
clubesafo@clubesafo.com

Não Te Prives - Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais
naoteprives@yahoo.com

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1.11.2009

O que somos

(outro post permanentemente em construção)

O Que é o "Our Laundry List": Somos um projecto de divulgação do poliamor como modo de vida merecedor de respeito. Não gostamos de pressão mononormativa de espécie alguma, e acreditamos na liberdade temperada pela responsabilidade como motor e trigger de estruturas sociais. O que escrevemos é em português, porque é a língua em que nos exprimimos melhor, e porque queremos que a nossa área de intervenção seja prioritariamente as várias comunidades de língua portuguesa (definitivamente não só Portugal), porque queremos que as nossas utopias, as nossas revoluções silenciosas, sejam mais rápidas aí.

Vemo-nos como activistas, divulgadores, adjuvantes, companheiros de estrada, companheiros de conspiração
, utopistas, utópicos. Seremos sempre muito amadores, humildes por princípio, nem sempre humildes em comportamento, coisa feia mas muito humana. Somos também pessoas que se apaixonam e tentam simplesmente viver felizes no pouco tempo livre que temos. Gostamos de tocar a vida de outras pessoas, e de ser por nossa vez tocados. Não somos professores nem académicos, nem temos soluções mágicas. Mas se for isso que procuram, ajudaremos nessa busca.

Somos membros activos do poly_portugal e se querem saber o que temos feito para além deste blog (antidote e nuvens) podem ir espreitar a nossa lista de actvidades.

Escrevam-nos: antidote [arroba] imensis [ponto] net

7.15.2008

Regina Guimarães, Madrinha da MOP-2008


O QUE EU DESEJO

O que eu quero é que todos os que se desejam e amam possam dar as mãos,
beijar-se, andar de braço dado, fazer festas e cafuné e o mais que lhes
aprouver por mútuo consentimento sem terem de esconder-se. Porque o
desejo faz desejar mais, o amor faz amar mais. Porque quem ama deseja mostrá-lo
e essa é a mais bela das bandeiras.

O que eu quero é que se acabe de uma vez por todas com a ideia de que só
um casal legitimado pelo casamento pode acompanhar o crescimento de uma
criança, transmitir-lhe a vontade de pensar e conhecer, acarinhá-la e
encorajá-la a ser livre. As crianças não pertencem aos progenitores,
elas são de si mesmas e do mundo. Se é verdade que as crianças são
dependentes, os adultos não o são menos e a consciência dessa dependência que liga os
humanos é uma boa base para uma conversa sobre mudar o mundo e romper
com as formas, evidentes ou perversas, de escravidão.

O que eu quero é que as mães e os pais deixem de temer as escolhas de
orientação sexual dos seus filhos.

O que eu quero é que os filhos deixem de sofrer a opressão da norma
quando se debatem com as exigências do amor.

Claro que quero muitas outras coisas e todos os dias luto comigo mesma
para as definir na minha cabeça. Mas estas que eu acabei de formular QUERO
MESMO.

Já.

Regina Guimarães


(alguém se lembra do primeiro algum dos Três Tristes Tigres?)

Foto tirada daqui: http://www.mulheres-ps20.ipp.pt/Regina_Guimaraes.htm

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6.30.2008

A Bixana de Jun/Jul, e a sociedade que queremos



Abri hoje o editor do blogger para publicar finalmente o artigo sobre "As conversas sobre Poliamor" que foi escrito para a Bixana de Junho/Julho. (para quem não sabe, a Bixana, é zine das Panteras Rosa). Mas há aqui pano para mangas, e finalmente, porque vem a propósito, vou escrever sobre o que se tem passado com a polémica poliamor (e movimentos não especificamente LGBT) no seio das Marchas do Orgulho.

Este numero da Bixana dedica grande atenção, como não podia deixar de ser, ás Marchas do Orgulho LGBT, uma vez que estamos na "época" delas. Fala-se das reivindicações actuais e antigas, um pouco da história do movimento. Dedica uma atenção especial à polémica recente que a visibilidade da participação do poly-portugal nas marchas criou (digo visibilidade porque a participação do PolyPortugal nas marchas não é recente, simplesmente se tornou visível recentemente).

Os argumentos contra a participação do poly-portugal e menção do poliamor têm se prendido com uma eventual (não) pertinência de um tema supostamente não-LGBT (à semelhança do feminismo, anti racismo, etc..) nas marchas e com razoes de ordem estratégicas no sentido de o poliamor poder dar mau nome ás marchas, já de si lutando com dificuldades de penetração da(s) sua(s) mensagen(s) junto da opinião pública mais "mainstream".

As marchas do orgulho são um tema bastante polémico em si, havendo mesmo activistas que não concordam com a sua existência ou instrumentalização. Há quem as veja como instrumento de reivindicativo, quem as veja como instrumento de provocação e criação de discussão publica, e há quem as veja como uma grande celebração. Há quem ache importante usá-las para dar uma boa imagem da comunidade LGBT, e há quem ache que a comunidade LGBT é o que é, tão digerível ou não como o resto da sociedade "mainstream". O consenso parece, à partida, difícil, e as equipas de organizacao das marchas têm normalmente uma missão espinhosa que é fazer as pontes entre as decisões que tomam (enquanto organizacao da marcha) e as organizacoes que representam.

A discussão entretanto em curso torna-se interessante, precisamente porque transcende o tema poliamor, e torna-se uma reflector sobre a natureza e motivação dos movimentos LGBT e das Marchas do Orgulho. Acaba-se a discutir a transversalidade de outros movimentos e causas, o seu lugar (ou não lugar) dentro das marchas LGBT. Nestas muitas discussões, acaba-se frequentemente a abordar não apenas as reivindicações imediatas especificas a LGBT, mas indo muito mais longe discutindo afinal que sociedade é que queremos, o lugar à diversidade, o lugar à democracia como espaço para todos (e não ditadura da maioria com imposição de modelos únicos) e se que queremos ou não essa sociedade o mais depressa possível.


Esta reflector, não deixa as coisas como estavam. A discussão no seio das diversas organizações LGBT está em curso, e provavelmente vai trazer novas soluções e novas correntes ao movimento. provavelmente este ano vai ficar para a História do movimento LGBT em Portugal. Mudou o discurso, mudou a ênfase da vitimizacão dos discriminados para o estigma da vergonha sobre quem discrimina, sobre quem goza, sobre quem chateia e pensa que tem uma vida exemplar. Estamos a assistir ás marchas da sem vergonha, finalmente o nome "Marchas do Orgulho" começa a ser merecido. Nao queremos apenas umas medidas anti discriminação ou algumas medidas especificas que nos facilitem a vida como LGBTs, pessoas que têm uma vida mais difícil que o cidadão "normal". Queremos uma sociedade em que aquilo que hoje se chama diferença deixe de ser uma coisa digna de nota. Que a diferença deixe de ser diferença.



"A comunidade que temos não tem vergonha. Vergonha deve ter quem discrimina.

A comunidade que queremos não pede tolerância, exige respeito.

A comunidade que queremos é diversa e é de tod@s. Somos o que somos, somos muitas coisas, somos diferentes e divers@s como eles. Temos promíscu@s e casad@s, como entre os heterossexuais. Temos quem ache que promiscuidade é um termo negativo, e quem não ache, como entre eles. Há quem queira casar e quem não queira, mas queremos é poder escolher, como eles. Temos fei@s e bonit@s, como eles. Nov@s e velh@s, como eles. Mas não jogamos com a moral deles.A comunidade que queremos não quer apenas o fim da discriminação e direitos iguais: traz visões libertárias da vida e da sexualidade, para tod@s, e não apenas para a população lgbt.

A comunidade que queremos é a que fará deste país um país novo em que cabe a comunidade que queremos."

A Bixana, para o prazer dos vossos olhos e neurónios:
http://panterasrosa.blogspot.com/2008/06/bixana-fresquinha.html



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6.10.2008

Manifesto da Marcha do Orgulho LGBT Porto 2008

Em Portugal, começamos a dar os primeiros passos numa educação para uma saúde responsável. No entanto, esta educação continua a ter como base um modelo de família que não corresponde às práticas familiares do Portugal do século XXI.

Há cada vez mais crianças educadas por apenas um dos pais biológicos, sozinhos ou em novas uniões. Há cada vez mais crianças educadas por avós, tios, outros familiares, pais adoptivos. Sendo que estes educadores têm diversas orientações sexuais. E estas crianças são felizes. Não há diferenças de desenvolvimento físico, psicológico, emocional e de integração social destas crianças, como demonstrado em estudos com pais "não-biológicos" ou pais do mesmo sexo.

E ainda assim, o Estado português continua a negar esta realidade. Estas Famílias são esquecidas. Estas Mães e estes Pais são esquecidos. Estas Crianças são esquecidas.

É-lhes imposto um modelo standard de família em biologia, em história, em português, na educação para a saúde... Modelo este que não corresponde às suas famílias e às famílias dos seus colegas.

Isto é inaceitável!

É obrigação do Estado implementar em todos os estabelecimentos de ensino uma educação para uma sexualidade saudável. E uma sexualidade saudável não se limita ao velho paradigma "espermatozóide nada, encontra óvulo e 9 meses depois temos um brinde". O ser humano não é só um conjunto de células. É um ser pensante, emocional, social, histórico, que transforma o mundo e a si mesmo.

Só uma educação que considere todas estas vertentes poderá ser a base para adultos felizes, responsáveis e sexualmente saudáveis.

Esta educação tem de ser promovida numa disciplina específica a partir do 2º ciclo que aborde temas tão pertinentes como:

-Revelar múltiplas formas de constituição de família;
-Desmistificar a bissexualidade, homossexualidade e heterossexualidade;
-Fomentar a verdadeira igualdade de oportunidades entre homens e mulheres;
-Reconhecer diversas identidades de género, como ser transexual, ser cissexual, ser transgénero e ser cisgénero;
-Compreender várias formas de relacionamento, aceitando que alguém pode não ter uma relação, ter relacionamento com uma pessoa, ter uma relação poliamorosa.
-Finalmente, promover o planeamento familiar e uma reprodução consciente.

É também importante a formação dos professores, gestores de estabelecimento de ensino, pessoal técnico, entre outros. De igual modo nenhuma criança pode ser excluída desta educação. É ainda essencial que esta educação transponha os limites do estabelecimento escolar e seja activamente divulgada junto da população em geral.

Menos que isto é inaceitável!

Efectivamente, na sociedade portuguesa ainda existem situações de discriminação aos mais variados níveis. A meio de 2008, Portugal continua a não seguir o bom exemplo do Estado espanhol que, já há três anos, estendeu o casamento civil a casais do mesmo sexo. Naturalmente com todos os direitos e deveres inerentes, incluindo a adopção.

O casamento civil não é uma instituição imutável no tempo e no espaço. Em 1976, um marido que chega a casa e abre, sem a autorização, uma carta dirigida à esposa, era mais que uma situação comum, era um direito legalmente reconhecido em Portugal. Se é evidente para todas e todos nós esta alteração, também deve ser claro o reconhecimento legal do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Os direitos de homens e mulheres eram tão diferentes em 1976 como são hoje diferentes os direitos de um casal heterossexual e um casal homossexual.

E isto é inaceitável!

Mas não são só os casais de gays e lésbicas que vêem os seus direitos negados pelo Estado. As pessoas transgéneras continuam a ser tratadas como cidadãs e cidadãos de segunda. O artigo 13º da Constituição Portuguesa bem como o Código de Trabalho renegam a Identidade de Género. Da mesma forma o Código Penal, que reconhece os crimes por motivações religiosas, orientação sexual, racismo e afins, mantêm-se omisso quanto a crimes de transfobia.

Exigimos uma lei de identidade de género que permita a mudança de nome e género legal sem que esteja finalizada a reassignação de sexo. Todo o processo jurídico, médico e legal a que são submetidas as pessoas transexuais terá de ser, necessariamente, mais célere e humano.

Não aceitamos a imposição de "licenças oficiais" por parte da Ordem dos Médicos. Não aceitamos burocracias nem visões distorcidas da transexualidade e do transgenderismo.

Da mesma forma, só visões distorcidas podem servir de pretexto para proibir homens que tiveram sexo com homens de doar sangue em Portugal.

Tudo isto é inaceitável.

Por isso estamos aqui, na Marcha do Orgulho LGBT no Porto, com diferentes idades, diferentes experiências, diferentes géneros, diferentes culturas, diferentes orientações, mas unidos! Porque boa educação é partilhar o direito à felicidade. Porque boa educação é TRATAR os cidadãos e cidadãs de forma igual. Porque boa educação é EDUCAR os cidadãos e cidadãs de forma igual.

Igualdade é essencial, educar é fundamental!

Retirado do site: http://www.orgulhoporto.org/

6.09.2008

Porto Christofer Street Day, 2008, Manifesto, Deutsch

In Portugal werden die ersten Schritte unternommen, eine verantwortliche Gesundheitserziehung zu entwickeln. Diese Erziehung jedoch beruht weiterhin auf einem Familienmodell, das die familiären Realitäten Portuguals im 21. Jahrhundert nicht wiederspiegelt.

Jeden Tag haben wir mehr Kinder, die nur von einem biologischen Elternteil erzogen werden, entweder allein stehend oder in einer neuen Beziehung lebend. Es gibt eine immer größer werdende Anzahl von Kindern, die von ihren Großeltern, Onkeln, anderen Verwandten und Adoptiveltern aufgezogen werden. Diese Erziehenden haben unterschiedliche sexuelle Orientierungen. Und diese Kinder sind glücklich. Es gibt keine Unterschiede in der physischen, psychologischen, emotionalen und sozialen Integration dieser Kinder, was Studien mit “nicht-biologischen” Eltern und Eltern desselben Geschlechts zeigen.

Trotzdem ignoriert der portugiesische Staat diese Realität. Diese Familien werden vergessen. Diese Mütter und Väter werden vergessen. Diese Kinder werden vergessen.


Der Staat zwingt ihnen ein Standardmodell von Familie auf in Fächern wie Biologie, Geschichte, Portugiesisch, Sexualerziehung ... obowohl dieses Modell ihre Familien und die Familien ihrer Kolleginnen und Kollegen nicht repräsentiert.

Das ist unakzeptabel.

Es ist die Pflicht des Staates, in allen Schulen eine gesunde Sexualerziehung einzuführen. Und eine gesunde Sexualität ist nicht begrenzt auf “Spermie schwimmt, findet ein Ei und 9 Monate später gibt es eine Überraschung.” Ein menschliches Wesen ist nicht nur eine Ansammlung von Zellen. Es ist auch ein emotionales, denkendes, soziales, historisches Wesen, das die Welt und sich selbst verändert.

Nur eine Erziehung, die alle diese Aspekte miteinbezieht, kann die Grundlage für glückliche, gesunde und sexuell verantwortlich handelnde Menschen sein.


Diese Erziehung muss in der fünften Klasse beginnen und als eigenes Fach unterrichtet werden mit wichtigen Themen wie:
· den vielfältigen Formen von Familie;
· der Entmystifizierung von Bisexualität, Homosexualität und Heterosexualität;
· der Förderung von wirklich gleichen Möglichkeiten zwischen Frauen und Männern;
· der Anerkennung von vielfältigen Geschlechtsidentitäten wie transsexuell, zissexuell, transgender und cisgender;
· dem Verständnis von verschiedenen Formen von Beziehungen, der Akzeptanz davon, dass eine Person keine Beziehung haben kann, eine Beziehung mit einer Person haben kann oder polyamouröse Beziehungen haben kann.
· Und schließlich: der Vertretung von Familienplanung und bewusster Empfängnis.


Ebenso wichtig ist es, u. a. Unterrichtende, Verwaltungspersonal und technisches Personal zu schulen. Gleicherweise sollte kein Kind von dieser Erziehung ausgeschlossen werden. Es ist von grundlegender Bedeutung, dass diese Erziehung die Schranken der in der Gesellschaft etablierten Erziehung überwindet und aktiv in der allgemeinen Bevölkerung verbreitet wird.

Weniger als dies ist unakzeptabel!

In der portugiesischen Gesellschaft gibt es immer noch deutliche Beispiele von Diskriminierung. Selbst 2008 erkennt Portugal immer noch keine gleichgeschlechtliche Ehe an im Gegensatz zum spanischen Staat, der dies vor drei Jahren tat, inklusive aller mit einer Ehe einhergenden Rechten und Pflichten, einschließlich der Adoption.

Die standesamtliche Ehe ist keine statische Größe in Raum und Zeit. Noch 1976 war es üblich, dass ein Ehemann einen an seine Ehefrau adressierten Brief öffnete, es war sein gesetzlich anerkanntes Recht in Portugal. Wenn uns klar ist, warum dies geändert wurde, sollte uns ebenso klar sein, dass es an der Zeit ist, die gleichgeschlechtliche Ehe anzuerkennen. Die Rechte von Männern und Frauen waren 1976 ebenso unterschiedlich wie es heute die Rechte von heterosexuellen und homosexuellen Paaren sind.

Und das ist unakzeptabel!

Aber es sind nicht nur die schwulen und lesbischen Paare, denen vom Staat gleiche Rechte verweigert werden. Transgender Personen werden immer noch als Menschen zweiter Klasse behandelt. Artikel 13 der portugiesischen Verfassung sowie das Arbeitsrecht ignorieren weiterhin die Gender-Identität. Ebenso schweigt Strafrecht, das Verbrechen aufgrund von Religion, sexueller Orientierung, Rassismus u.ä. anerkennt zum Thema Verbrechen aufgrund von “Trans-Hass”.

Wir fordern ein Gender-Identitäts-Gesetz, das einen Wechsel von Namen und gesetzlichem Geschlecht erlaubt, auch wenn die Geschlechtsangleichung noch nicht beendet ist. Der gesamte juristische, medizinische und gesetzliche Prozess, dem transsexuelle Menschen ausgeliefert sind, muss schneller und humaner gestaltet werden.

Wir akzeptieren keine Auferlegung von “offiziellen Lizenzen” durch die portugiesische Mediziner-Vereinigung. Wir akzeptieren keine bürokratischen oder verdrehten Sichtweisen von Transsexualität und Transgender.

All dies ist unakzeptabel.

Und darum sind wir heute hier vertreten, auf dem Porto CSD (Marcha do Orgulho LGBT no Porto), mit unterschiedlichen Altersstufen, unterschiedlichen Erfahrungen, unterschiedlichen Geschlechtern, unterschiedlichen Kulturen, unterschiedlichen sexuellen Orientierungen – und dennoch vereint! Da eine gute Erziehung bedeutet, das Recht auf Glück zu teilen. Da eine gute Erziehung Menschen gleich behandelt. Da eine gute Erziehung Menschen gleichberechtigt aufwachsen lässt.

Gleichberechtigung ist unentbehrlich, Erziehung ist wesentlich.

5.02.2008

Lesbicas ou nativas de Lesbos? ou nativas de Lesbos X lésbicas?


Nao é primeiro de Abril.


Campanha de nativos da ilha de Lesbos para contestar o uso da palavra "lésbica".
Parece que viola um direito qualquer á liberdade de expressao, ou que incomoda algumas pessoas.

http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/7376919.stm

Faz algum sentido disputar o sentido que as palavras tomam? Ha algum controlo na maneira como uma língua evolui? Mesmo quando as palavras tomam sentidos diferentes ou contraditorios com o original? Sinceramente acho que isto tem todo o ar de doenca do mundo moderno, a mania do controle.

Deixem-me brincar com outras possibilidades... Lisboa nao se pode mais chamar Lisboa porque o nome alegadamente vem de Ulisses... Será que posso comer uma francesinha (vegetariana)? ou encomendar uma bola de Berlim? e ter amigos de Peniche? Vou acrescentando aqui á medida que me for lembrando...
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3.02.2008

Sexo e Amor, parte DCXIX and still counting up (outsourcing)

Nao sou uma pessoa autoobcecada, até leio blogs de outras pessoas e tudo.
ok, brincadeiras á parte, nao costumo andar a comentar a torto e a direito, e geralmente gosto de comentar pela positiva.

gostei muito deste post, do "Namorada Bélsbica"
http://anamoradales.blogspot.com/2008/01/lets-talk-about-sex-babie.html

fala de sexo, emocoes, da ligacao que as pessoas fazem entre o sexo que recebem (sim, o sexo que recebem, nao o sexo que partilham ou o amor que fazem), e a medida de qualidade da sua relacao. Fala da ligacao quase automática e obrigatória entre relacao e emotividade. Já falei aqui vezes suficientes disto, de como o sexo é uma cena fixe, mas como é overrated, principalmente numa relacao (ou relacoes). Na verdade o sexo atrapalha bastante.

Deixo vos o comentário que lá deixei (já um pouco trabalhado entretanto, que fiquei com comichao no cérebro entretanto depois de ler a coisa).

O Unabomber, "terrorista" americano para uns, visionário para outros, mas sempre com um pé e um olho para além dos tempos modernos (seu manifesto aqui), disse certa vez uma cena que me deixou estarrecida (cito de cor, talvez nao seja tao lapidar como na frase original) :

"A partir do momento que uma coisa é possivel/fazível, torna se em pouco tempo obrigatória".

Isto foi dito num contexto económico-politico. Algo como isso ser válido por exemplo para o transporte de pessoas. concretisando o exemplo, a partir do momento que o comboio permitiu que pessoas pudessem trabalhar longe do seu local de residencia, tornou-se "expectável" que as pessoas tivessem essa flexibilidade, e em pouco tempo essa expectativa tornou se tao comum que essa flexibilidade tornou se quase obrigatória.

Com o sexo tem sido a mesma coisa. com o que chamam a segunda onda de feminismo dos anos 60 (eu chamo-lhe principio de segunda onda, porque ainda nao vi a onda rebentar de facto, está ainda quase tudo por concretisar), o sexo comecou a entrar na ordem do dia e a ser desmisitificado, discutido, desconstruido e mesmo experimentado fora do que eram os moldes tradicionais. Mas ao mesmo tempo, sofreu tambem uma pressao mononormativante, ou seja, tornou se quase obrigatório ter sexo "fantástico, frequente (mas nao demasiado) regular, mas desregulado". quem nao tem, é esquisito, ou tem uma relacao que nao presta, ou nenhuma relacao de todo... A nossa sociedade, via outdoors, via revistas, via psicologos vendedores de banha da cobra, via tudo e mais alguma coisa alerta nos sempre que estamos a ter sexo a mais ou a menos ou da maneira errada.

Gostei muito deste post.. podia comentar mais, mas vou me ficar pelo sexo e pelas "obrigatoriedades".

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