Abri hoje o editor do blogger para publicar finalmente o artigo sobre "As conversas sobre Poliamor" que foi escrito para a Bixana de Junho/Julho. (para quem não sabe, a Bixana, é zine das Panteras Rosa). Mas há aqui pano para mangas, e finalmente, porque vem a propósito, vou escrever sobre o que se tem passado com a polémica poliamor (e movimentos não especificamente LGBT) no seio das Marchas do Orgulho.
Este numero da Bixana dedica grande atenção, como não podia deixar de ser, ás Marchas do Orgulho LGBT, uma vez que estamos na "época" delas. Fala-se das reivindicações actuais e antigas, um pouco da história do movimento. Dedica uma atenção especial à polémica recente que a visibilidade da participação do poly-portugal nas marchas criou (digo visibilidade porque a participação do PolyPortugal nas marchas não é recente, simplesmente se tornou visível recentemente).
Os argumentos contra a participação do poly-portugal e menção do poliamor têm se prendido com uma eventual (não) pertinência de um tema supostamente não-LGBT (à semelhança do feminismo, anti racismo, etc..) nas marchas e com razoes de ordem estratégicas no sentido de o poliamor poder dar mau nome ás marchas, já de si lutando com dificuldades de penetração da(s) sua(s) mensagen(s) junto da opinião pública mais "mainstream".
As marchas do orgulho são um tema bastante polémico em si, havendo mesmo activistas que não concordam com a sua existência ou instrumentalização. Há quem as veja como instrumento de reivindicativo, quem as veja como instrumento de provocação e criação de discussão publica, e há quem as veja como uma grande celebração. Há quem ache importante usá-las para dar uma boa imagem da comunidade LGBT, e há quem ache que a comunidade LGBT é o que é, tão digerível ou não como o resto da sociedade "mainstream". O consenso parece, à partida, difícil, e as equipas de organizacao das marchas têm normalmente uma missão espinhosa que é fazer as pontes entre as decisões que tomam (enquanto organizacao da marcha) e as organizacoes que representam.
A discussão entretanto em curso torna-se interessante, precisamente porque transcende o tema poliamor, e torna-se uma reflector sobre a natureza e motivação dos movimentos LGBT e das Marchas do Orgulho. Acaba-se a discutir a transversalidade de outros movimentos e causas, o seu lugar (ou não lugar) dentro das marchas LGBT. Nestas muitas discussões, acaba-se frequentemente a abordar não apenas as reivindicações imediatas especificas a LGBT, mas indo muito mais longe discutindo afinal que sociedade é que queremos, o lugar à diversidade, o lugar à democracia como espaço para todos (e não ditadura da maioria com imposição de modelos únicos) e se que queremos ou não essa sociedade o mais depressa possível.
Esta reflector, não deixa as coisas como estavam. A discussão no seio das diversas organizações LGBT está em curso, e provavelmente vai trazer novas soluções e novas correntes ao movimento. provavelmente este ano vai ficar para a História do movimento LGBT em Portugal. Mudou o discurso, mudou a ênfase da vitimizacão dos discriminados para o estigma da vergonha sobre quem discrimina, sobre quem goza, sobre quem chateia e pensa que tem uma vida exemplar. Estamos a assistir ás marchas da sem vergonha, finalmente o nome "Marchas do Orgulho" começa a ser merecido. Nao queremos apenas umas medidas anti discriminação ou algumas medidas especificas que nos facilitem a vida como LGBTs, pessoas que têm uma vida mais difícil que o cidadão "normal". Queremos uma sociedade em que aquilo que hoje se chama diferença deixe de ser uma coisa digna de nota. Que a diferença deixe de ser diferença.
"A comunidade que temos não tem vergonha. Vergonha deve ter quem discrimina.
A comunidade que queremos não pede tolerância, exige respeito.
A comunidade que queremos é diversa e é de tod@s. Somos o que somos, somos muitas coisas, somos diferentes e divers@s como eles. Temos promíscu@s e casad@s, como entre os heterossexuais. Temos quem ache que promiscuidade é um termo negativo, e quem não ache, como entre eles. Há quem queira casar e quem não queira, mas queremos é poder escolher, como eles. Temos fei@s e bonit@s, como eles. Nov@s e velh@s, como eles. Mas não jogamos com a moral deles.A comunidade que queremos não quer apenas o fim da discriminação e direitos iguais: traz visões libertárias da vida e da sexualidade, para tod@s, e não apenas para a população lgbt.
A comunidade que queremos é a que fará deste país um país novo em que cabe a comunidade que queremos."
Este numero da Bixana dedica grande atenção, como não podia deixar de ser, ás Marchas do Orgulho LGBT, uma vez que estamos na "época" delas. Fala-se das reivindicações actuais e antigas, um pouco da história do movimento. Dedica uma atenção especial à polémica recente que a visibilidade da participação do poly-portugal nas marchas criou (digo visibilidade porque a participação do PolyPortugal nas marchas não é recente, simplesmente se tornou visível recentemente).
Os argumentos contra a participação do poly-portugal e menção do poliamor têm se prendido com uma eventual (não) pertinência de um tema supostamente não-LGBT (à semelhança do feminismo, anti racismo, etc..) nas marchas e com razoes de ordem estratégicas no sentido de o poliamor poder dar mau nome ás marchas, já de si lutando com dificuldades de penetração da(s) sua(s) mensagen(s) junto da opinião pública mais "mainstream".
As marchas do orgulho são um tema bastante polémico em si, havendo mesmo activistas que não concordam com a sua existência ou instrumentalização. Há quem as veja como instrumento de reivindicativo, quem as veja como instrumento de provocação e criação de discussão publica, e há quem as veja como uma grande celebração. Há quem ache importante usá-las para dar uma boa imagem da comunidade LGBT, e há quem ache que a comunidade LGBT é o que é, tão digerível ou não como o resto da sociedade "mainstream". O consenso parece, à partida, difícil, e as equipas de organizacao das marchas têm normalmente uma missão espinhosa que é fazer as pontes entre as decisões que tomam (enquanto organizacao da marcha) e as organizacoes que representam.
A discussão entretanto em curso torna-se interessante, precisamente porque transcende o tema poliamor, e torna-se uma reflector sobre a natureza e motivação dos movimentos LGBT e das Marchas do Orgulho. Acaba-se a discutir a transversalidade de outros movimentos e causas, o seu lugar (ou não lugar) dentro das marchas LGBT. Nestas muitas discussões, acaba-se frequentemente a abordar não apenas as reivindicações imediatas especificas a LGBT, mas indo muito mais longe discutindo afinal que sociedade é que queremos, o lugar à diversidade, o lugar à democracia como espaço para todos (e não ditadura da maioria com imposição de modelos únicos) e se que queremos ou não essa sociedade o mais depressa possível.
Esta reflector, não deixa as coisas como estavam. A discussão no seio das diversas organizações LGBT está em curso, e provavelmente vai trazer novas soluções e novas correntes ao movimento. provavelmente este ano vai ficar para a História do movimento LGBT em Portugal. Mudou o discurso, mudou a ênfase da vitimizacão dos discriminados para o estigma da vergonha sobre quem discrimina, sobre quem goza, sobre quem chateia e pensa que tem uma vida exemplar. Estamos a assistir ás marchas da sem vergonha, finalmente o nome "Marchas do Orgulho" começa a ser merecido. Nao queremos apenas umas medidas anti discriminação ou algumas medidas especificas que nos facilitem a vida como LGBTs, pessoas que têm uma vida mais difícil que o cidadão "normal". Queremos uma sociedade em que aquilo que hoje se chama diferença deixe de ser uma coisa digna de nota. Que a diferença deixe de ser diferença.
"A comunidade que temos não tem vergonha. Vergonha deve ter quem discrimina.
A comunidade que queremos não pede tolerância, exige respeito.
A comunidade que queremos é diversa e é de tod@s. Somos o que somos, somos muitas coisas, somos diferentes e divers@s como eles. Temos promíscu@s e casad@s, como entre os heterossexuais. Temos quem ache que promiscuidade é um termo negativo, e quem não ache, como entre eles. Há quem queira casar e quem não queira, mas queremos é poder escolher, como eles. Temos fei@s e bonit@s, como eles. Nov@s e velh@s, como eles. Mas não jogamos com a moral deles.A comunidade que queremos não quer apenas o fim da discriminação e direitos iguais: traz visões libertárias da vida e da sexualidade, para tod@s, e não apenas para a população lgbt.
A comunidade que queremos é a que fará deste país um país novo em que cabe a comunidade que queremos."
A Bixana, para o prazer dos vossos olhos e neurónios:
http://panterasrosa.blogspot.com/2008/06/bixana-fresquinha.html
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