10.16.2010

Oh, whistle, and I will come to you, my lad!

Ameacei começar e continuar a falar de trios há quase um ano....e na verdade este texto tem também quase um ano (sou vaga de propósito acerca das datas para proteger a identidade das pessoas a que diz respeito)



"Continuo por aqui muito contente com o meu trio, uma das componentes da minha vida emocional raramente aborrecida. Estava relutante em falar disto porque ainda não definimos a coisa, e até porque precisamente o não ter definido a coisa com elas me estava a fazer comichão, a mim, académica empedernida. Até que tive uma epifânia, por voz de uma delas, a mais prática e mais "novata" nestas andanças não monogamicas, a propósito do sentimento que tem acerca de ter uma neta que é, para os mais técnicos de vós, a neta da ex-namorada: "Eu não quero saber o que é que vocês lhe chamam ou mesmo eu cá por dentro lhe chamo, mas o que me interessa é o que eu faço ou que esperam que eu faço. Estou me a borrifar como se chama a relação que tenho com ela. Eu só sei que a minha neta precisa de mim, apita, assobia, ri ou chora, e eu estou lá no mesmo instante". E sim, se calhar não é preciso ir buscar o arsenal de nomes e definições.. Somos amigas? Somos amantes? Queremos ser amantes? Queremos ser amigas? o que é que isso interessa se se calhar até temos nomes iguais para práticas diferentes ou nomes diferentes práticas? se calhar a coisa é toda simplificada por concordarmos no que queremos fazer juntas e no que queremos dar umas às outras. E o resto fica para discutir ociosamente num dia de chuva preguiçosamente passado em casa.

E para quem tudo isto é muito pessoal, fica mais um livrinho mais ou menos indiscreto acerca de trios. Para quem leu o seu Jack Kerouac "On the Road" e tem olho para especular para além das aparências, o livro Off the Road: Twenty Years with Cassady, Kerouac and Ginsberg by Carolyn Cassady não trará surpresas. Trocando por miúdos, a mulher de Neal, e amante de Jack, conta a sua versão dos acontecimentos que deram origem a "on the Road" e da sua vida com o seu marido - o modelo para a personagem Dean Moriartry. Por um lado ela revela claramente o que se passa entre Jack e Neal, mas apenas sugere ambiguamente uma relação física entre os dois homens."

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10.09.2010

não, não cantarás!

Não digo que é uma frase politicamente correcta, educativa, ou encorajadora. Simplesmente uma frase que me saiu, a propósito de alguém que defende a monogamia com pequenas falhas higiénicas:

"Gaja, tu não és monogâmica. Quando muito tu és mas é ciumenta".

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10.02.2010

trans*, para que fique visível...

Limito-me a transcrever sem comentar a noticia da lusa (via google news) sem comentar, para que fique escrito e visível. Ok, um comentário apenas, onde está a garrafa de espumante?

Lisboa, 01/Out/2010(Lusa) -- O Parlamento aprovou hoje na generalidade uma proposta do Governo e um projeco de lei do BE para simplificar a mudança de registo civil de sexo e do nome dos transexuais com os votos da esquerda parlamentar.

PS, BE, PCP e PEV votaram a favor do diploma do Governo, PSD e CDS-PP votaram contra, registando-se uma abstenção na bancada do PS da deputada Teresa Venda e, na bancada do PSD, de Pedro Rodrigues.

O diploma do Bloco de Esquerda, que permite aos transexuais a mudança do registo do sexo no assento do nascimento, foi também aprovado com os votos favoráveis do PS, BE e PEV, a abstenção do PCP e do PSD e os votos contra da bancada do CDS-PP, com várias declarações de voto.

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10.01.2010

Já chegou à moderação e ao coaching...

Viver há tanto tempo fora de Portugal e ter recusado consciente e convictamente deixar de ler jornais portugueses quando o Público decidiu cortar nas despesas e nos revisores (e passar a ter erros piores que os disléxicos erros meus, má fortuna e amores ardentes), ou seja, há bastante tempo, torna-me uma pessoa alienada do que é que se passa. Gosto de acreditar que os contactos que tenho me vão passando não só uma ideia do zeitgeist, mas também um pouco do dia a dia em Portugal.

Isto tudo para dizer, que tanto quanto sei, corrijam-me se estiver errada, ainda não chegou a Portugal a onda do acompanhamento psicológico para indivíduos ou casais, o coaching, o aconselhamento. Ou pelo menos ainda não chegou às vidas das pessoas com quem falo e escrevo regularmente. Estes serviços geralmente oferecem várias coisas, desde gestão e moderação de conflitos, passando por treino de soft-skills e coaching, quer para decisões que afectem carreira ou vida privada, até acompanhamento na procura de visões ou objectivos de longo prazo. Não, não é pago pela caixa, mas é bastante popular, e as pessoas que conheço que usam estes serviços geralmente dão o dinheiro por bem emprego. Para mim, portugalidade ou não, não gosto de meter pessoas estranhas a resolver os meus problemas, e se puder resolvo-os sozinha, mesmo correndo o risco de rebentar. ok, usei uma vez um serviço destes, com alguns caires de queixo a propósito de constelações poly, mas a história fica para outro dia.

Depois desta contextualização toda, aquilo que quero contar acaba por ocupar apenas uma linha ou duas. Num sitio que costumo frequentar que costuma organizar eventos artísticos à volta da sex-positiveness e que é claramente poly no seu manifesto, encontrei um flier dum destes serviços, dirigido especialmente a pessoas poly.

Reza assim (em parentes comentários ou complementos meus)

"(A) Vida poliamorosa (em letras garrafais)

...é excitante, carinhosa, complexa, e muitas vezes também complicada.
Um olhar de fora ajuda em "ensarilhamentos" não desejados.

Coaching sistémico, com competência e respeito por conceitos de vida específicos-
para indivíduos, casais, ou relações com mais que uma pessoa.

Fulana de tal,
Contacto, etc"

Já somos mercado. Wir sind markt!!!

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