12.30.2010

Dá-me corda...

Tentei tingir corda de juta hoje de manhã. Em púrpura. a casa parece uma adega, coberta do que parecem ser manchas de vinho. As minhas maos parecem que acabaram de arrancar o coração a alguém. Mas as cordas estão com um ar muito prometedor. Alguém que gosta muito de púrpura vai ficar muito contente. Dá-me corda e eu dou-te o meu coração. Sem o arrancar.


.

11.21.2010

Reflexões sobre "polícia e manifestantes anarquistas" na manifestação anti-NATO em Lisboa

Vi, duma distância segura de quase 3000kms, no telejornal a noticia sobre a manifestação anti-Nato ontem em Lisboa.

Passei me bastante com várias coisas, mas segui com interesse particular (a partir do minuto 25) a descrição nada independente de como a polícia separou um grupo de manifestantes com base na alegação de que seriam elementos anarquistas. "
Ânimos exaltados entre policia a manifestantes anarquistas", rezava o headline. o jornalista editor repetiu alegremente a argumentação da polícia sem sequer pensar ou talvez querer pensar se seria de facto assim, se a carapuça é enfiada pelos interessados... o texto abaixo é a minha pequena reflexão acerca disto...

http://tv1.rtp.pt/multimedia/progVideo.php?tvprog=1103


Vejo aqui portanto dois aspectos.

um a actuação da polícia, que se permitiu separar manifestantes a titulo preventivo, dizendo que esses elementos seriam anarquistas, sem justificação nenhuma nem de onde é que vem essa etiqueta, nem porque é que há uma relação entre anarquismo como identidade e violência.

o outro é o noticiário repetir bovinamente a citação da polícia "manifestantes anarquistas" que é na verdade no mínimo dado por confirmar e sem ouvir ambas as partes envolvidas.

independentemente de a palavra anarquista ser simpática ou não, não acho que seja inocente a imprensa repetir uma adjectivação que não foi reclamada pelos interessados. E acho preocupante que a polícia se permita uma manobra supostamente preventiva baseada numa suspeita, que por aquilo que eu investiguei até agora, não tem nenhum fundamento. E mesmo que tenha fundamento, então por favor, actuem com base num fundamento e não com base numa identidade ou apenas "pela pinta".

e a questão que se põe também, é, mesmo que as tais pessoas reclamassem publicamente esse tal "anarquismo", são anarquistas pessoas com um estatuto especial que não se podem manifestar juntamente com os outros? Tem de estar separados do resto da população para não transmitirem doenças perigosas? Sem o mínimo de ironia, gostaria de ouvir uma explicação legal acerca deste ponto. IMHO, um eventual motivo justificável para uma intervenção da policia é o aparecimento, ou, concedo, uma suspeita forte de possibilidade de violência, seja ela originária de anarquistas, fans de futebol ou donas de casa em fúria consumista na abertura dos saldos. É o fazer e não o ser que é perigoso, e é por essa cartilha que supostamente um estado democrático se rege.

Não é trabalho da polícia avaliar, com base na pinta e critérios subjectivos, se alguém pode ser perigoso ou não. É o trabalho da polícia reagir contra violência ou eventualmente preveni-la com base em argumentos objectivos.

Acerca do jornalismo que é feito, acho que já muita gente com mais talento argumentativo que eu se tem queixado. Chamo aqui a atenção para que jornalismo, seja ele descritivo ou narrativo, não pode simplesmente citar uma das partes sem citar a outra, ou se querem fazer parangonas como "
Ânimos exaltados entre polícia a manifestantes anarquistas" é bom, para não dizer óbvio, deixar claro que essa é a posição da polícia. Interessar-me-ia na verdade saber se essa carapuça é enfiada pelas pessoas envolvidas. E sinceramente, incluir uma frase implicando que a presença de espanhóis (mostrando depois os ícones euskadi usadas por alguns manifestantes) está ligada com a possibilidade de violência é no mínimo ingénua, de um modo velha guarda, e maldosa ao mesmo tempo....

e, num tom mais irónico e menos sério, basicamente sempre que houver uma manifestação cujo numero de participantes me incomode, como governante, só tenho que envolver a policia a separar os manifestantes com base na suspeita de serem elementos sportinguistas infiltrados, para que a manifestação perca peso e coesão. é isso? Ou melhor ainda, com base num suposto jornalismo descritivo, só tenho de citar uma das partes, de preferência a que tem os argumentos ou citações mais bombásticas e ignorar a outra, é isso?

.

10.16.2010

Oh, whistle, and I will come to you, my lad!

Ameacei começar e continuar a falar de trios há quase um ano....e na verdade este texto tem também quase um ano (sou vaga de propósito acerca das datas para proteger a identidade das pessoas a que diz respeito)



"Continuo por aqui muito contente com o meu trio, uma das componentes da minha vida emocional raramente aborrecida. Estava relutante em falar disto porque ainda não definimos a coisa, e até porque precisamente o não ter definido a coisa com elas me estava a fazer comichão, a mim, académica empedernida. Até que tive uma epifânia, por voz de uma delas, a mais prática e mais "novata" nestas andanças não monogamicas, a propósito do sentimento que tem acerca de ter uma neta que é, para os mais técnicos de vós, a neta da ex-namorada: "Eu não quero saber o que é que vocês lhe chamam ou mesmo eu cá por dentro lhe chamo, mas o que me interessa é o que eu faço ou que esperam que eu faço. Estou me a borrifar como se chama a relação que tenho com ela. Eu só sei que a minha neta precisa de mim, apita, assobia, ri ou chora, e eu estou lá no mesmo instante". E sim, se calhar não é preciso ir buscar o arsenal de nomes e definições.. Somos amigas? Somos amantes? Queremos ser amantes? Queremos ser amigas? o que é que isso interessa se se calhar até temos nomes iguais para práticas diferentes ou nomes diferentes práticas? se calhar a coisa é toda simplificada por concordarmos no que queremos fazer juntas e no que queremos dar umas às outras. E o resto fica para discutir ociosamente num dia de chuva preguiçosamente passado em casa.

E para quem tudo isto é muito pessoal, fica mais um livrinho mais ou menos indiscreto acerca de trios. Para quem leu o seu Jack Kerouac "On the Road" e tem olho para especular para além das aparências, o livro Off the Road: Twenty Years with Cassady, Kerouac and Ginsberg by Carolyn Cassady não trará surpresas. Trocando por miúdos, a mulher de Neal, e amante de Jack, conta a sua versão dos acontecimentos que deram origem a "on the Road" e da sua vida com o seu marido - o modelo para a personagem Dean Moriartry. Por um lado ela revela claramente o que se passa entre Jack e Neal, mas apenas sugere ambiguamente uma relação física entre os dois homens."

.

10.09.2010

não, não cantarás!

Não digo que é uma frase politicamente correcta, educativa, ou encorajadora. Simplesmente uma frase que me saiu, a propósito de alguém que defende a monogamia com pequenas falhas higiénicas:

"Gaja, tu não és monogâmica. Quando muito tu és mas é ciumenta".

.

10.02.2010

trans*, para que fique visível...

Limito-me a transcrever sem comentar a noticia da lusa (via google news) sem comentar, para que fique escrito e visível. Ok, um comentário apenas, onde está a garrafa de espumante?

Lisboa, 01/Out/2010(Lusa) -- O Parlamento aprovou hoje na generalidade uma proposta do Governo e um projeco de lei do BE para simplificar a mudança de registo civil de sexo e do nome dos transexuais com os votos da esquerda parlamentar.

PS, BE, PCP e PEV votaram a favor do diploma do Governo, PSD e CDS-PP votaram contra, registando-se uma abstenção na bancada do PS da deputada Teresa Venda e, na bancada do PSD, de Pedro Rodrigues.

O diploma do Bloco de Esquerda, que permite aos transexuais a mudança do registo do sexo no assento do nascimento, foi também aprovado com os votos favoráveis do PS, BE e PEV, a abstenção do PCP e do PSD e os votos contra da bancada do CDS-PP, com várias declarações de voto.

.

10.01.2010

Já chegou à moderação e ao coaching...

Viver há tanto tempo fora de Portugal e ter recusado consciente e convictamente deixar de ler jornais portugueses quando o Público decidiu cortar nas despesas e nos revisores (e passar a ter erros piores que os disléxicos erros meus, má fortuna e amores ardentes), ou seja, há bastante tempo, torna-me uma pessoa alienada do que é que se passa. Gosto de acreditar que os contactos que tenho me vão passando não só uma ideia do zeitgeist, mas também um pouco do dia a dia em Portugal.

Isto tudo para dizer, que tanto quanto sei, corrijam-me se estiver errada, ainda não chegou a Portugal a onda do acompanhamento psicológico para indivíduos ou casais, o coaching, o aconselhamento. Ou pelo menos ainda não chegou às vidas das pessoas com quem falo e escrevo regularmente. Estes serviços geralmente oferecem várias coisas, desde gestão e moderação de conflitos, passando por treino de soft-skills e coaching, quer para decisões que afectem carreira ou vida privada, até acompanhamento na procura de visões ou objectivos de longo prazo. Não, não é pago pela caixa, mas é bastante popular, e as pessoas que conheço que usam estes serviços geralmente dão o dinheiro por bem emprego. Para mim, portugalidade ou não, não gosto de meter pessoas estranhas a resolver os meus problemas, e se puder resolvo-os sozinha, mesmo correndo o risco de rebentar. ok, usei uma vez um serviço destes, com alguns caires de queixo a propósito de constelações poly, mas a história fica para outro dia.

Depois desta contextualização toda, aquilo que quero contar acaba por ocupar apenas uma linha ou duas. Num sitio que costumo frequentar que costuma organizar eventos artísticos à volta da sex-positiveness e que é claramente poly no seu manifesto, encontrei um flier dum destes serviços, dirigido especialmente a pessoas poly.

Reza assim (em parentes comentários ou complementos meus)

"(A) Vida poliamorosa (em letras garrafais)

...é excitante, carinhosa, complexa, e muitas vezes também complicada.
Um olhar de fora ajuda em "ensarilhamentos" não desejados.

Coaching sistémico, com competência e respeito por conceitos de vida específicos-
para indivíduos, casais, ou relações com mais que uma pessoa.

Fulana de tal,
Contacto, etc"

Já somos mercado. Wir sind markt!!!

.

9.27.2010

As cascas de banana do poliamor

Falemos do que não vem nos livros de História, nem nos tratados de Antropologia ou Sociologia.

Tive um fim de semana doce e surpreendente, porque sim, conheci alguém e basicamente entrámos em reclusão voluntária, confidencias erráticas e compulsivas, além do habitual esquecimento do que sejam horários, fome ou sono.

No meio de toda esta verborreia falámos de tudo o que não vem nos livros de História. Por exemplo, contei-lhe que que eu me lembro do 25 de Abril são murais pintados, são soldados barbudos a gingar por Lisboa em fardas muito amarrotadas, e uma despensa a abarrotar de conservas (pelos vistos muita gente resolveu açambarcar o supermercado). Ela contou-me que o que se lembra dos dias após a queda do muro de Berlim são cascas de banana. Sim, cascas de banana. Pelos vistos havia uma procura enorme por bananas por pessoas que vinham de todos os Ostländer de comboio a Berlim de propósito comprar bananas (E tampões também, pelos vistos). E que os comerciantes obviamente exploraram isso, e que a situação atingiu extremos de haver contentores de lixo a abarrotar só de cascas de banana.

No meio disto pus me a pensar quais é que são as cascas de banana ou os soldados barbudos do poliamor. O poliamor tem sido estudado, documentado, filmado, gozado, assumido, denegrido, mas sempre documentado ou descrito. Há 7 anos, eu ainda tinha que explicar o que era o poliamor na maior parte das vezes. Hoje em dia, não sei se por via do activismo, ou se por via da cidade especial em que vivo e das "cenas" em que me movo, não conheço ninguém que não saiba o que é o poliamor. Tenho nostalgia do tempo em que não havia um hype poly, e em que poly ainda não significava "vou fazer o que me apetece e os outros que se fecundem".

De modo que a minha pergunta, para mim própria e a vocês, é, quais é que são para vocês as cascas de banana do poliamor?

.

7.26.2010

OpenCon: evento poly auto-organizado

A 3-day event in the English countryside for everyone who knows that happy and honest relationships don't have to be monogamous. OpenCon combines discussions, workshops and socialising to give you a chance to meet like-minded people, to build our community and to celebrate its diversity

Para quem me tem perguntado "O que é um evento auto-organizado", gostei bastante desta explicação

OpenCon is a hybrid conference--unconference. That is, run by the participants as well as by a team of organisers.

The set-up team will sort out the venue, and help with room placements, set a structure to the event and organise some workshops. Much of the rest is up to you as a community.

The basic ethos of this event is that you are discouraged from saying "somebody should do X", but you are encouraged to say "I’ll do X", and then do it. There are no organisers to complain to/applaud. If you want it to happen, make it happen. By coming along you agree to become one of the event’s co-organisers, doing what ever has to be done to ensure your fellow attendees have an enjoyable and safe weekend.

.

7.19.2010

Queer, uma palavra viva

0141189916
A palavra queer apareceu como sinónimo de bicha, de gajo que não se encaixava na norma, no tempo em que ser bicha dava cadeia, de um modo nada compatível com as recomendações para condições prisionais da Amnistia Internacional. mas sempre como "non-conforming"

Entretanto, a palavra começou a significar cada vez mais bicha, e a certa altura, não universalmente, bicha efeminada.

A palavra Queer começa a dar confusão, ultimamente, porque nos últimos anos começou a recuperar o seu sentido original numas cenas e grupos, e a manter o significado antigo noutros.

Queer é uma palavra muito útil para separar (tomemos como exemplo) gays em geral, dos gays não normativos (não gosto da palavra alternativo porque perdeu todo o significado). Para quem não percebeu, há gays/fufas/trans*/bis/etc de pantufas, que são tão burgueses como a maior parte dos heteros, e aqui quando digo burgueses, refiro-me a sistema de valores e empenhamento social e interventivo e não a modo de vida ou a terem a possibilidade financeira de comerem três refeições por dia. E provavelmente há heteros que podem se identificar como queer, a partir do momento que há toda uma reflexão e escolha consciente que transcende a actual orientação sexual.

Por outro lado, ou talvez antes, no seguimento do anterior em contexto identidade de género, a palavra queer tem sido reclamada no sentido trans*, de individuo que decidiu conscientemente a sua identidade género, e que conscientemente não se guiou necessariamente pela cartilha bipolar.

Por vezes tropeço em discussões que abordam temas que gravitam ou derivam de "ser poly é automaticamente ser queer". Não é. muitas vezes aparece em intima associação mas não é. Vejamos...

Queer começa a sugerir uma tentativa, ou antes, uma preocupação genuína, em aplicar valores não normativos (e começam a sair da cartola o feminismo, o anti-racismo, etc) de modo concreto na vida e reflexão quotidiana. Não implica necessariamente actividade política, mas implica uma preocupação politica, implica reflexão e auto-crítica. Não quer dizer isto que seja esperado um activismo constante em todos aqueles campos, mas implica certamente não fechar os olhos quando há contradições gritantes com algum daqueles princípios, quer a nível de comportamento do grupo, quer a nível da interacção entre os indivíduos que neles se movem. E isso vê-se pouco ou nada em grupos poly ou gay ou lésbico que não são queer, e é precisamente aí que a diferença mora. Relembro-vos a recente discussão a propósito da Judith Butler e a marcha do orgulho LGBT em Berlim.

Espero que tenha ajudado, correcções e comentários bem-vindos! Não espero que este texto seja consensual.

.

7.12.2010

Digest: o que ando a aprontar (to be continued)

Resolvi lentamente voltar às lides organizativas. Fiz cerca de dois anos de pausa. Após a co-organização da marcha do orgulho no Porto, e de muitos encontros poly em Portugal e na Alemanha, e muita outra tralha mais, precisei, por motivos de saúde, de uma pausa. Agora lentamente começo a esticar os músculos organizativos e apetece-me começar a meter o bedelho nisto e naquilo.

Comecei me a interessar, via "a minha vida poly", por constelações familiares alternativas, e pela co-educação. E a partir de certo ponto, desvinculei o tema poly do tema da co-educação e comecei a interessar-me por constelações alternativas em volta ou dirigidas à "gente miúda", ou em que isto seja priorizado em relação às relações entre a "gente graúda" (aka "adultos").

Falei-vos do campo "quem vive com quem" que lançou uma série de discussões e criou massa crítica...
http://laundrylst.blogspot.com/2010/06/campo-quem-vive-com-quem.html


e falei-vos do encontro que se seguiu, em Berlim, no fim de Janeiro...
http://laundrylst.blogspot.com/2010/02/uma-sessao-de-aconselhamento.html

Deste ultimo encontro, que foi bastante grande, houve algumas pessoas que se interessaram pelo tema da parentalidade alternativa em si, e menos pelas questões ligadas a famílias "tradicionais", mesmo que constituídas por pares do mesmo género. E uns quantos de nós juntaram-se, e estamos a tentar começar o encontro regular "queer mit kind" (
queer com miúdos).

Estamos ainda a escrever o manifesto, mas posso-vos deixar uns lamirés (E prometo voltar a escrever com mais cuidado sobre isto assim que tiver novidades).

"
Somos o grupo "queers com miúdos" (Aka parentalidades*), e somos um grupo de adultos, de background queer e de esquerda, que procuram criar um encontro para discussão e eventual intervenção na sociedade, acerca de modelos de educação alternativos, sua aplicação na sociedade, sua aceitação, bem como investigação das possibilidades de relações com os outros adultos envolvidos na educação de uma criança. Procuramos para isso outros queers radicais que desejem assumir parentalidade(s) numa perspectiva *concreta* e de longo prazo.."

Falta-me arranjar uma tradução gender-neutral de
parentalidades*. Sugestões?

.

7.05.2010

Gatxs na caixa

Mesmo quem não gosta ou não tem de trabalhar com Física ou Física Quântica, conhece o nome de Schrödinger. Toda a gente conhece a história do gato de Schrödinger, como veiculo para explicar o principio de Indeterminação de Heisenberg (não é possível saber simultânea e absolutamente a localização e velocidade de uma partícula), em que o abrir de uma caixa para ver se o gato está morto (indicador do sucesso de uma dada experiência), mata o gato caso ele não esteja já morto. Adiante, talvez não a melhor maneira de começar um artigo sobre poly, mas vão ver que isto é pertinente...

Em língua alemã diz se, acerca de contar factos difíceis da vida privada, tirar gatos do saco, e provavelmente é daí que vem a historia do gato. Fazer um come out poly é tirar um gato do saco. Depois de tirar o gato do saco, o gajo esgatanha tudo e mais alguma coisa e não o conseguimos voltar a por la dentro.
Come out feito, é come out definitivo.

Schrödinger vivia com duas mulheres
, em conhecimento e consentimento. Não o escondia. Teve problemas na sua vida profissional com isso. A Wikipédia é vossa amiga. Está lá tudo.

http://en.wikipedia.org/wiki/Erwin_Schr%C3%B6dinger


.

6.20.2010

"Só eu sei porque fico em casa"

Berlim tem sempre que bater o pé e ser especial em tudo e mais alguma coisa, ergo não tem apenas um desfile CSD (Marcha do Orgulho) mas tem logo dois de uma assentada. Ontem foi o "grande" com 10.000 pessoas e com o tema "Normal é outra coisa", e sabe deus o que eles querem dizer com isso. O "pequeno", alternativo, e mais centrado em temas mal amados como identidades trans* ou minorias migrantes e/ou étnicas dentro da comunidade LGBT, é daqui a uma semana (http://transgenialercsd.wordpress.com/) e atrai geralmente menos gente, mais policia e faz bastante mais ondas.

Não há amor a camisola nenhuma que me tirasse ontem de casa. Não saio à rua para festejar nem manifestar me pelo casamento gay, ou por temas de luxo para uma camada gay que não é queer e que passa a ferro problemas bastante prementes. Só eu sei porque fico em casa. Curiosamente, dentro do meu circulo de amigos e conhecidos, que vivem de modo perversos e/ou não monogâmico, conheço muito poucxs que tenham ido. E xs que foram, foram pela festa e pelo convívio, como quem vai a uma churrascada. ou a um jogo de futebol. Só eu sei porque fico em casa.

Judith Butler recusou ontem o prémio da coragem cívica que lhe foi atribuído pela organização do CSD. Alegou que o CSD "grande" se tornou um evento comercial, que ignora assuntos como identidades trans*, que não aborda nem defende os direitos de queers migrantes ou minoritários. E digamos, que estes dois temas são exemplos, há mais, mas são exemplos tão grandes, que quem os ignora está a fazer um exercício nada académico de cegueira voluntária.

Mais do mesmo:
http://www.catch-fire.com/2010/06/good-job-judith-butler-turns-down-gay-pride-award/

Fica a questão, pertinente também depois do Orgulho em Lisboa, de "a quem pertencem as marchas do orgulhos".


.

6.08.2010

"e as crianças, senhor?": Campo "quem vive com quem"

Mais um evento que não é directamente poly mas bastante poly relevante.
Trata-se do acampamento "Quem vive com quem" (Who lives with who, why and how), que trata simplesmente de abordar os temas e definições acerca de família e vida privada, nunca esquecendo que por muito privada que seja, não deixa de ser prementemente político. Nomeadamente, quando se toca no tema "crianças", mesmo em sectores revolucionários, geralmente vem associado todos os termos habituais como "família nuclear", "pais", "família de referência" e outras soluções ou constelações são geralmente consciente ou inconscientemente ignoradas.

Para quem pensa noutras constelações, ou já passou do pensamento à prática, este é um sitio para partilha de experiências e conspiração de utopias. Possíveis, claro.

25.07-01.08.2010, perto de Berlim.

http://werlebtmitwem.blogsport.de/camp-2010/english/


.

5.24.2010

Gay: Casa e Cala!

Um bom texto acerca da apologia do casório entre pessoas do mesmo sexo dentro de certos sectores da cena activista LGBT em Portugal, e também a propósito de um texto da Fernanda Câncio, e de como a ILGA está a vender o Arraial Pride em Lisboa!

http://5dias.net/2010/05/26/gay-casa-e-cala-e-forca-la-1-sorriso-na-cara-pa/

Não ha temas mais importantes para discutir? Discriminação, violência, educação para a diversidade nas escolas, dupla discriminação em caso de background migrante, identidade de género?

.

5.17.2010

Documentário: campo de férias poly feminista


Tenho falado aqui verborreicamente de vários campos de férias poly que tem havido e em particular de um que me é querido, o campos de férias poly feminista Schlampenau ("Vale Galdérias"). Não é necessário explicar novamente, a quem lê este blog habitualmente, que o estilo de vida poly, mesmo com a sua variedade estonteante, pede muito por networking e troca de ideias, ou simplesmente estar no meio de pessoas a quem não tenhamos de explicar durante três horas o que nós somos e vivemos.

Mais detalhes aqui:
http://laundrylst.blogspot.com/2009/06/summercamp-poly-feminista-ferias-em.html
http://laundrylst.blogspot.com/2008/04/um-campo-de-frias-para-galdrias.html



A ideia do campo Schlampenau ("Vale galdérias") é proporcionar "descanso e gáudio das co-galdérias participantes, para que estas possam trocar ideias, aprender, ajudar-se, conspirar por um mundo melhor e mais sinceramente descarado, conhecer outras galdérias com modo de vida igualmente desbragado (ou surpreendentemente diferente), ou simplesmente passar férias no meio da floresta."

O campo foi fundado em 2007 e tornou-se um evento anual, bem estabelecido e que veio para ficar.

e agora, saiu um documentário sobre o campo. É um filme curto, de cerca de 18', DIY e no-budget, e prestes a começar a ser distribuído.

"In this DIY, no-budget film, word is given to four participants in Schlampenau and they speak about polyamory, the camp itself, feminism, queer identities and their dreams for the future. The film shows a sense of fight against alienation in a society where being a woman, polyamorous, feminist, queer or transgender is often misunderstood or outright repressed. The camp is revealed as a place of togetherness, freedom, discussion and fun."

Informação sobre o documentário, pode ser encontrada aqui: polygarchutopia.blogspot.com. Divulgação agradece-se!

Stay tuned!

.

5.03.2010

...e os vossos amores-cunhados?

Gostava de acreditar que alguém ainda escreve neste blogue, ou mesmo que alguém ainda o lê. Por isso gostava de deixar esta pergunta para que o conteúdo deste blogue também seja feito por quem o lê.

- qual é a relação, ou relações, que vocês tem com os vossos amores cunhados, ou seja, os amores dos vossos amores? ou para aqueles que não vivem de facto em tais constelações, como imaginam que pudesse ser a vossa relação com os vossos amores cunhados? ou como seria desejável que fosse?

Dão-se bem? mal? Toleram-se em agressividade surda? Vêem futebol juntos? São amigxs? São amantxs? Não se podem ver nem pintados?

Espero calmamente mas com curiosidade as vossas contribuições!

Obrigada por lerem e contribuírem.

.

4.29.2010

Tertúlia: “Homossexualidade, Promiscuidade e Poliamor”

Tertúlia/Debate: “Homossexualidade, Promiscuidade e Poliamor”.

O Núcleo LGBT da Amnistia Internacional convida-te a participares na discussão em torno destas temáticas. Os homossexuais são mais promíscuos que os heterossexuais? Fazem mais sexo? São menos atreitos a relações estáveis? Estão mais disponíveis para relações abertas ou poliamorosas? E, afinal, o que é isso do Poliamor? É uma orientação sexual? Todos os poliamorosos são homossexuais? Poliamor significa o mesmo que poligamia? Estas e outras questões igualmente interessantes serão abordadas neste encontro, no qual contaremos com a presença de um elemento do colectivo Poly Portugal, que nos irá, certamente, esclarecer todas as dúvidas que tenhamos sobre esta forma de encarar as relações sentimentais. Aparece!!

Organização: Núcleo LGBT da Amnistia Internacional.

Data: Sábado, 1 de Maio de 2010, pelas 15h.

Local: Sede da Amnistia Internacional: Av. Infante Santo, nº. 42, 2º. Andar. Lisboa – Alcântara. (Autocarros 720 e 738; o 15, 28, 732 também param perto, na Av. 24 de Julho, cumprindo, apenas, que se suba aInfante Santo; Comboios: estações de Alcântara-Mar e Alcântara-Terra).

.


4.26.2010

Adele Schopenhauer

Mais um livro saiu, acerca de uma personagem histórica que se aproximou do poliamor precisar do nome para nada.

Desta vez trata-se de Adele Schopenhauer, irmã do famoso filosofo e do seu encontro com a Sybille Mertens. Estamos a falar de pleno século XVIII. Ambas mulheres independentes, envolvidas nos primeiros movimentos pelos direitos das mulheres e promotoras de encontros e tertúlias. Como habitual no tempo e na classe, casada com um homem que não escolheu. O facto de uma mulher ter uma amante não podia ser considerado motivo de divórcio, e por isso, a situação acabou por ser não só aceite como a própria relação ser cautelosamente cuidada por ambos..

"Cada amizade, assim como cada amor, acaba por se tornar uma espécie de casamento em que 'di tempo a tempo' se enfia a carapuça moral" chegou ele a dizer. O livro ilustra mais histórias com outras mulheres, quase todas ilustres, para apimentar a vossa curiosidade de voyeurs literários. Algumas das pessoas mencionadas e assim "outed" são a filha mais nova de Goethe, ou Anna Jameson...

O livro saiu em alemão e é pouco provável que venha a ser traduzido, mas penso que é possível reconstituir a maioria da informação com alguma investigação.

Angela Steidele: "Geschiste einer Liebe: Adele Schopenhauer und Sybille Mertens", Insel Verlag.

.

4.19.2010

Porquê Fourrier?

Charles Fourier é muitas vezes citado como o primeiro autor a falar de poliamor de modo estruturado. é classificado como um socialista utópico, escreve do ponto de vista de um sociólogo radical, e os seus escritos, da primeira metade do século 19, filtrados de muita coisa que já não é actual, são pioneiros em temas como o papel da mulher, do amor, da sexualidade e do trabalho.

A obra "Le Nouveau Monde" trata, e passo a citar, da "mais bela das paixões", do sentimento mais poderoso entre todos, e que não se justifica senão por si mesmo. "Todos têem razão no amor, pois é a paixão da insensatez".


Ao discutir o papel da mulher, como individuo e não como a outra metade dum casal, Fourier ventilou ideias como a de que o casamento tradicional viola automaticamente os direitos das mulheres enquanto direitos humanos. como outros socialistas utópicos, dissertou sobre o aparecimento de uma nova melhorada moral que pudesse substituir as relações - minadas e repressoras - de uma sociedade que se tornou caduca e não adequada para indivíduos livres e emancipados.

Toda a sua obra fala da felicidade, de uma maneira ou outra, e neste livro vários capítulos são dedicados ao amor e ás relações amorosas, à fidelidade, ao livre arbítrio amoroso nos seus vários aspectos, e a desconstrução das relações como elas se encontram estruturadas na sociedade "actual".

Interessante é mencionar também como a homossexualidade, o sexo ocasional ou a escolha sexual consciente do SM são por ele vistas como apenas mais uma das escolhas emocionais possíveis.

"Physical love, which is called brutish, animal, etc. is degraded by civilized legislation and morality as an obstacle to the conjugal system". Fourrier, por seu turno, escreveu capítulos inteiros acerca dele. "the physical impulses, far from being fettered, will be fully satisfied . . . "

Para terminar, uma nota nada lateral: este livro foi publicado em 1967, muito mais de um século depois de ter sido escrito.

Para quem quiser ler, de borla:
http://classiques.uqac.ca/classiques/fourier_charles/nouveau_monde_amoureux/nouveau_monde_amoureux.html
http://classiques.uqac.ca/classiques/fourier_charles/nouveau_monde_amoureux/fourier_nouveau_monde_amoureux.pdf

ou na amazon Charles Fourier.

,

3.29.2010

Couch-surfing com amores-Cunhadxs

Vem aí o meu amor-cunhadx (love-in-law) passar um fim de semana cá em casa. Nao me vem visitar, precisa apenas de ficar aqui uns tempos mas já combinámos algumas borgas e conversas iluminadas por umas garrafas de branco-rasca. E vem com esse amor-cunhadx, a sua namorada, e outro significant-other, que são logicamente os amores-cunhadxs de um dos meus amores. E estou muito feliz com esta chuva de amores-cunhadxs.

E hoje não tenho mais nada para escrever.

.

3.22.2010

Tempus fudit, aliás, tempus fugit...

Em Janeiro escrevi com muito gusto sobre a gestão do tempo em cenários poly e acabei a divagar sobre os direitos que muitas vezes nos arrogamos sobre o tempo dos nossos amores. Pensei em escrever hoje sobre o sexo, dentro do mesmo ponto de vista, mas na verdade a argumentação é extensível a todas as coisas desejáveis e desejadas passiveis de levarem com um verbo "ter" conjugadinho em cima. Os meus e teus. O meu direito a ter sexo contigo. As tuas férias que não passaste comigo mas sim a ver futebol. O fim de semana que guardei para darmos banho ao cão juntos.

A frasezinha que mais gostei ao reler esse texto foi esta:
"O conceito que talvez seja muito revolucionário, e bastante divulgado em meios poly, é que o tempo é uma coisa nossa. Não pertence a mais ninguém, nem ninguém tem direitos especiais acerca do nosso tempo, independentemente de ser ou não nosso parceirx ou amigx ou chefe de departamento."

é indiscutível que o sexo não é propriedade, nem algo a ser negociado como algo que sequer possamos arrogar controlar. Se eu disser que sim, que todos nós já caímos nesta armadilha, caem-me todos em cima a dizer "que não, que não é possível". Mas quantos de nós lêem artigos acerca da saúde sexual duma relação estar relacionada com a atividade sexual, ou se justificam brigas porque alguém nega sexo. ou o famoso "Querida, estamos a ter pouco sexo" (a resposta óbvia, que me passa sempre pela cabeça "querido, fala por ti, eu estou a ter o sexo exactamente que quero. Quando muito TU estás a ter pouco sexo, e é o teu problema), que eu nem sequer imagino a resposta que tenta provocar (uma queca por compaixão? uma queca para salvar o casamento? uma queca pela saúde mental?).

E isto sem pegar na birra de que todos os polyamorosos sao umas bestas obcecadas por sexo...

Claro que o leitmotiv que articula todas estas perguntinhas é o conjunto de (1) ideia de que uma relação se constrói no sexo, e que (2) uma pessoa tem de preencher todas as nossas necessidades, afetos e anseios, desde o gosto pela formula 1, passando pelo sexo, até ao colecionar de porcelana da Saxónia.

Como nos livrarmos disto, no dia a dia, e como não resvalar para um esquema que está muito bem gravado dentro de nós, é a pergunta que vos ponho com sinceridade hoje.

.

3.15.2010

Sussurros..


Se as palavrinhas mágicas nunca antes tiverem sido ditas, é provável que um "amo-te" dito por alguém durante o sono ou mesmo na semi-inconsciência do adormecer nos faça perguntar "será que é para mim?", enquanto nos aconchegamos ainda mais, com cautela para a não despertar, ao belo ser balbuciante.

...não me parece que seja dramático. Quer porque geralmente tais incertezas se esclarecem mais tarde ou mais cedo, se o quisermos, ou porque geralmente a própria natureza anti-categorias e prateleiras da não monogamia escolhida torna geralmente tais incertezas menos peremptórias na sua necessidade de esclarecimento imediato.

.

3.08.2010

Páginas Amarelas, mas às riscas: Profissionais poly

Existe um portal que tenta listar profissionais poly ou pelo menos poly-aware.
As pessoas na lista apresentaram-se ou foram recomendadas como sendo poly-friendly ou pelo menos poly-aware.

Há domínios em que é óbvio que faz toda a diferença do mundo ter um profissional a quem possamos falar da nossa vida e aspirações privadas: médicos, psicólogos, conselheiros, etc. Mas mesmo nos domínios onde isso talvez não seja muito importante (carpinteiro, canalizador..) para a tarefa em si, talvez seja de considerar apoiar a nossa pequena comunidade.

Que tal criar uma listagem para Portugal? Aconselho fortemente o tentar fazê-lo. Dá-nos visibilidade, e até mesmo alguma respeitabilidade como grupo. Preencham alegre e abundantemente!!!

http://www.polychromatic.com/pfp/main.php

.

3.01.2010

Poly no Arte

O bloqueio de escrita continua por aqui, e ando outra vez com pouca vontade de falar de histórias pessoais. Mas felizmente a minha network de polyinteressadxs insiste em enviar-me toda uma série de recursos e links de coisas que eu posso achar interessante e alguns deles eu posso partilhar aqui. E é isso mesmo que eu vou fazer.

O poliamor chegou até ao insuspeito, mais ou menos imparcial, esporadicamente interessante mas lento Canal Arte. Recentemente fizeram uma série sobre "os amores dos europeus" e dedicaram especial atenção ao poliamor. Infelizmente para a maior parte de nós, luso-falantes, a versão francesa é um resumo e uma sombra da versão alemã da emissão. Ambas emissões contem uma reportagem sobre uma família poly em Barcelona.

Deixo-vos aqui os links para as duas emissões.

Começando pela emissão francesa, que foi apenas um programa:

- À quoi ressemblent les amours des Européens modernes ?

Les sentiments des Espagnols polyamoureux sont si débordants qu'ils suffisent aisément à combler plusieurs partenaires.
http://www.arte.tv/fr/recherche/3075936.html.

A emissão alemã, como já referido, bastante mais completa, dividiu-se na reportagem principal sobre "os amores dos europeus" (Aqui: http://php5.arte.tv/yourope/blog/category/verliebt-in-europa/) e uma peça/depoimento da jornalista Agnes Veenemans acerca do direito de se viver em poliamor (Aqui: http://php5.arte.tv/yourope/blog/2010/02/08/netzwerkreporterin-polyamorie/).

Obrigada por lerem.

.

2.22.2010

Um "bébe com seis cabecas" ou um "bébé com seis pais"?

Este fim de semana viu várias calamidades naturais e humanas, como por exemplo as enxurradas na Madeira ou a manifestação pela familia tradicional com slogans brilhantes do calibre de "A natureza diz nao" ou "Gosto tanto dos meus avós" (Alguém vai ter de me explicar esta..) e a presença sempre lustrosa da extrema direita. Sim, os tempos estão de feição a quem acha que é democrático permitir uma manifestação de pessoas que acham que se devem limitar os direitos a outras pessoas, ou julgar ou emitir opiniões sobre a vida privada de outrem. A condizer com isto, podia aparecer um título no jornal a condizer com tantos portentos e sinais certos de Apocalipse, como "Bébé com seis cabeças". Mas não, nada disso, aparece antes "Bébé com seis pais" e parece coisa mais agradável ao nosso palato poly:

(fonte: TimeOut, tip da underscore)

Um bebé com seis pais

http://timeout.sapo.pt/images_Site/space.gif
Já ouviu falar da família tradicional? Pois esqueça tudo. Bruno Horta explica porquê.


Que acontece a um casal quando decide ter filhos? Desiste do lado divertido da vida? É nessa altura que entra realmente na idade adulta? E se esse casal for constituído por duas lésbicas e partilhar a intimidade com um amigo gay, que será o pai biológico da criança?

Atenção: na peça Com o Bebé Somos Sete, que a companhia Escola de Mulheres apresenta até ao fim do mês no Clube Estefânia, o facto de o casal ser lésbico e polígamo não é sequer um tema. É apenas um dado adquirido. Os temas, analisa a encenadora, Marta Lapa, são outros: “Fala, de forma muito bonita, sobre homoparentalidade e pergunta o que é a normalidade nas relações e qual o caminho a seguir pelas pessoas, quaisquer pessoas, quando estão na eminência da paternidade.”

O texto original (And Baby Makes Seven) foi escrito em 1984 pela dramaturga americana Paula Vogel e estreado nesse ano em Nova Iorque. Vogel é presença constante nas produções da Escola de Mulheres, que já apresentou cinco peças da sua autoria, contando com esta. “É uma escritora de temas interventivos, ou fracturantes, como se queira chamar, uma escritora brilhante, que consegue disparar para vários lados ao mesmo”, explica Marta Lapa.

As três personagens que vemos em palco são, na verdade, seis. Anna, Peter e Ruth (Cristina Carvalhal, Margarida Gonçalves e Sérgio Praia) são adultos mas albergam neles alter-egos infantis, que os dominam por completo. Raramente têm conversas sérias. Passam a vida a inventar situações imaginárias para as suas personagens e brincam uns com os outros como crianças. O que não impede que vão deixando cair, aqui e ali, potentes frases adultas, obviamente políticas. “Vocês não podem estar contra a verdade”, diz uma delas, no meio de uma discussão. “Podemos, sim senhor, isto é uma democracia”, respondem-lhe.

No fundo, são três adultos, em triângulo amoroso, que não querem deixar de ser crianças. Mas desejam um filho e têm medo que a criança os obrigue a desistir do lado divertido e infantil em que vivem.

Nesta fábula, ou tragicomédia, como lhe chama a encenadora, é ainda aflorado o tema da sida, talvez devido ao contexto da época em que foi escrita – o início da epidemia nos EUA. A peça é apresentada numa altura em que o casamento e a adopção gays estão na ordem do dia. Mas isso, no dizer da encenadora, “é apenas uma feliz coincidência”. “Já tínhamos pensado nesta produção há mais de um ano, quando não se sabia se esta temática estaria em discussão na sociedade portuguesa”, esclarece.

Com o Bebé Somos Sete, de Paula Vogel. Clube Estefânia, R Alexandre Braga, 24. Qui-Sáb, 21.30; Dom, 16.00. Bilhetes: 10 euros.

terça-feira, 12 de Janeiro de 2010

Timeout

2.16.2010


Aqui vai o cartaz a pedir voluntários para a equipa de educação de rua que irá ser formada pelo projecto Dar Voz aos Trabalhadores Sexuais.

Caso o queiram afixar em algum sítio, estejam à vontade.

Por favor reencaminhem e divulguem!

.

2.15.2010

uma sessao de aconselhamento


Saquei isto dum flier dum encontro regular sobre familias queer e crianças a que fui recentemente. O encontro destina-se a tentar criar massa critica para aconselhamento, apoio e desenrascanso para famílias não mainstream, seja pela orientação sexual ou de género dxs educadores (ou pessoas envolvidas), quer pelo papel emocional não necessariamente de cônjuge de vários educadores. Ou seja, este encontro cobre necessariamente (E demograficamente era a maioria) famílias com n pessoas, em que n, o numero de educadores ou pessoas envolvidas com as crianças, é maior que 2 e não necessariamente um numero inteiro.

Como devem calcular, questões como educação, procurações, custodias, podem ser complicadas de gerir, quando mais que duas pessoas, e fora de um quadro legal do género dum casamento, se envolvem na educação de uma criança. Logo faz todo o sentido criar uma rede destas. Só a parte jurídica é um pesadelo hiper-realista.

A fonte é www.ka-comix.de


Tradução:
"Bom dia! Apresento-lhe a minha companheira, estxs aqui partilham comigo o apartamento, e são co-mães, apresento também a minha mulher, a minha ex (Agora a minha melhor amiga) e os dois futuros papás!" "Precisamos duma pequena consulta de aconselhamento acerca de direito familiar, nomeadamente acerca da custódia da criança (não demoramos muito, seria o acrescento meu)"


.

2.08.2010

S. Valentim, esse chato...

Escrito a pensar especialmente em quem está com os tomates, ovários, meninges, e outros órgãos bem sensíveis apertados por causa do São Valentim e até tem várias relações a gerir.

Dia dos namorados… e das namoradas… e dos amigos de cama… e dos amigos coloridos… únicos ou vários ou simplesmente inexistentes e/ou desejados..

… Poderia ser um pesadelo logístico, para poliamorosos que o sejam também na prática..

A primeira pergunta a fazer, é porque é que vocês se querem meter numa seca dessas… pensem lá…

(hmmmm… hmmm… hmmm…)

ok, vocês querem mesmo meter-se nessa seca. E não sabem quem é que vão convidar para jantar, ou para almoçar ou para dormir nessa noite. É isso? Ok, não posso resolver esse problema por vocês, porque me recuso a celebrar isso e a meter-me nessa alhada. Mas a título de apoio moral e solidariedade, este senhor também está pelos cabelos com o São Valentim.

Mas olhem! A nossa grande santa galdéria de serviço, Dossie Easton, de vestido vermelho e gert na mão, responde-vos a à pergunta: Como celebrar o São Valentim enquanto poly.

Depois contem como foi.

.

2.01.2010

Trios: Hemingway

Continuemos, que a inspiração não dá para mais, a série sobre trios, reais, imaginários, literários, ou tudo junto. Hoje deixo vos com Hemingway e o seu "Garden of Eden". Segundo consta é uma história que o próprio Hemingway suprimiu em vida, e que nunca chegou a acabar até à sua morte. Passa-se na Cote d'Azur nos anos 20, e conta a história de, imaginem, um escritor, a sua mulher, e os jogos entre eles enquanto partilham uma mulher mais nova. Dizem por aí os especialistas que é autobiográfico... foi reeditado recentemente e até há um filme também...


.

1.25.2010

trios, mais um livro e uma história na primeira pessoa..

Ameacei comecar e continuar a falar de trios há cerca de duas semanas....


Continuo por aqui muito contente com o meu trio, uma das componentes da minha vida emocional raramente aborrecida. Estava relutante em falar disto porque ainda não definimos a coisa, e até porque precisamente o não ter definido a coisa com elas me estava a fazer comichão, a mim, académica empedernida. Até que tive uma epifânia, por voz de uma delas, a mais prática e mais "novata" nestas andanças não monogamicas, a propósito do sentimento que tem acerca de ter uma neta que é a neta da ex-namorada: "Eu não quero saber o que é que vocês lhe chamam ou mesmo eu cá por dentro lhe chamo, mas o que me interessa é o que eu faço ou que esperam que eu faço. Estou me a borrifar como se chama a relação que tenho com ela. Eu só sei que a minha neta precisa de mim, apita, assobia, ri ou chora, e eu estou lá no mesmo instante".

E sim, se calhar não é preciso ir buscar o arsenal de nomes e definições.. Somos amigas? Somos amantes? Queremos ser amantes? Queremos ser amigas? o que é que isso interessa se se calhar até temos nomes iguais para práticas diferentes ou nomes diferentes práticas? se calhar a coisa é toda simplificada por concordarmos no que queremos fazer juntas e no que queremos dar umas às outras. E o resto fica para discutir ociosamente num dia de chuva preguiçosamente passado em casa.

E para quem tudo isto é muito pessoal, fica mais um livrinho mais ou menos indiscreto acerca de trios. Para quem leu o seu Jack Kerouac "On the Road" e tem olho para especular para além das aparências, o livro Off the Road: Twenty Years with Cassady, Kerouac and Ginsberg by Carolyn Cassady nao trará surpresas. Trocando por miúdos, a mulher de Neal, e amante de Jack, conta a sua versão dos acontecimentos que deram origem a "on the Road" e da sua vida com o seu marido - o modelo para a personagem Dean Moriartry. Por um lado ela revela claramente o que se passa entre Jack e Neal, mas apenas sugere ambiguamente uma relação física entre os dois homens.

.

1.20.2010

Divulgacao: Grupos locais da Rede ex Aequo

Passo a divulgar o press release da rede ex-aequo e saúdo a abertura de novos centros. Há que tirar o chapéu por ser das poucas iniciativas descentralizadoras e duradoiras realizadas pela e para a comunidade LGBTS...
...................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................


Olá!

Somos a rede ex aequo - associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e simpatizantes em Portugal, que tem como objectivo trabalhar no apoio aos jovens LGBT e na mudança de mentalidades quanto a questões relacionadas com a orientação sexual e a identidade de género.

A nossa associação é composta por membros de todo o país - continente, Açores e Madeira - jovens que seguem de perto os nossos projectos, que dinamizam o convívio e actividades, que contribuem com o seu trabalho voluntário para que a rede ex aequo cresça, tenha cada vez mais presença na sociedade de modo a conseguirmos chegar a cada vez mais jovens como tu! Organizada e feita por jovens, para jovens!

Queremos falar-te de um dos nossos projectos – os grupos de jovens locais – e vimos através da Blogayesfera dar-te a conhecer o seu funcionamento.

A associação tem grupos de jovens locais de apoio a lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e simpatizantes a funcionar em Aveiro, Braga, Cascais, Coimbra, Évora, Faro, Leiria, Lisboa, Porto e Viseu. Nas reuniões destes grupos conversa-se sobre temas variados, que estão de algum modo total ou parcialmente ligados à temática LGBT, geralmente através de dinâmicas de grupo/exercícios pedagógicos divertidos que pretendem justamente ajudar-nos a falar sobre assuntos onde se calhar não teremos espaço ou com quem falar noutros locais.
Apresentamos-te a rede ex aequo e convidamos-te a participar nas reuniões, a travar amizades, a tirar dúvidas, a partilhar conhecimentos e a contribuir para uma sociedade mais justa e informada.

Em especial, vimos alertar-te para o reaberto grupo de Leiria e o recém-criado grupo de Cascais! Há algum tempo que vêm sendo pensados e são agora uma realidade. O grupo de Leiria vai estrear-se com a sua primeira reunião dia 23 de Janeiro de 2010; o grupo de Cascais foi fundado no passado dia 16 de Novembro de 2009 e começou já as suas actividades. De que estás à espera para nos fazeres uma visita!? =D

Reunimo-nos, por norma, todos os segundos e quartos sábados de cada mês, podes encontrar mais informação sobre os grupos em www.rea.pt/leiria/ e www.rea.pt/cascais

Não deixes de visitar o fórum da rede ex aequo onde poderás encontrar o grupo virtual da tua cidade e conversar com muitos outros jovens! Em www.rea.pt/forum

Este espaço virtual da rede ex aequo também se destina a familiares e amigos de jovens LGBT, que poderão igualmente encontrar aqui apoio e informação.

Os grupos locais não têm de se restringir apenas a estas cidades, poderás também tu abrir um grupo ex aequo na tua cidade ou região. Quem sabe não virás um dia também a contribuir mais activamente para esta família de jovens. Existem muitos mais meios de participação, informa-te sobre a associação e junta-te a nós ;)

Podes encontrar toda a informação sobre a associação no site da rede ex aequo, em www.rea.pt/
Contamos contigo e diverte-te!

Um obrigado ao autor deste blogue pela ajuda na divulgação da nossa associação!

Cumprimentos,
A Direcção da rede ex aequo

O conteúdo deste blogue não é da responsabilidade da rede ex aequo e este encontra-se formalmente dissociado do mesmo.


.

1.15.2010

Referendemos o Casamento heterosexual!

Palmado do blog da ATTAC. E dedicado a quem, com simpatia pela possibilidade de haver relações com mais do que uma pessoa, ou em que o género não tem que meter prego em estopa, se fartou de tantas asneiras ditas a propósito da extensão da lei do casamento às pessoas do mesmo sexo. Eu assinei.

http://www.petitiononline.com/cpsd/petition.html


ao parlamento português

Um grupo de cidadãos portugueses inicia neste dia as diligências necessárias ao lançamento de uma iniciativa popular que proporá a realização de um referendo que incidirá sobre a seguinte pergunta:
.
“Concorda que o casamento possa ser celebrado entre pessoas de sexo diferente?”

A definição do conceito de casamento de forma a nesse contrato incluir uniões entre pessoas de sexo diferente cristaliza o instituto milenar, que tem sido mutável em todas as épocas da história e a todas as civilizações. 

.
É de exigir que uma petrificação com este alcance histórico e civilizacional seja directa e claramente apreciada pela vontade popular.
.
A mesma exigência de debate se deve colocar sobre a admissibilidade da adopção por uniões de sexo diferente, e ainda que a procriação seja aprovada caso a caso avaliado por comissões específicas de forma a proteger a criança.
.
A opção sobre estas questões atravessa transversalmente o eleitorado dos vários partidos 
políticos e é patente que não reúne consenso, conforme se constata pelo número de deputados divorciados. 


Nas últimas eleições legislativas, este assunto não foi suficientemente debatido, de modo a poder deduzir-se a vontade dos portugueses acerca dele. 
Os partidos negligenciaram notoriamente nos seus programas o ‘casamento’ entre pessoas de sexo diferente não podendo os eleitores manifestar-se acerca desta premente questão.

O Referendo é o mais fiel amigo da democracia participativa e da expressão da vontade 
popular. O poder é do povo e a classe política não tem de se comprometer com decisões arriscadas para com o status quo.
.
O instituto de Referendo tem sido utilizado com frequência noutros Estados para decidir sobre esta mesma questão, a vida da vizinha, a regionalização ou a independência da Madeira.

Os filhos de pais recém divorciados têm uma palavra a dizer, assim como os de pais casados.

A minoria que se casa todos os anos não pode impor ao resto da sociedade que aceite os seus "casamentos" feitos livremente e ao deus dará, muitas vezes com consequências nefastas como o divórcio, lares desfeitos e partilhas onerosas.


.

1.10.2010

Ménages à Trois: o livro

não chegarei ao exagero de proclamar como Rilke que o "amor ideal é a três". Embarquei recente e alegremente em mais uma historia a três. Sim, não é a primeira e espero que não vá ser a ultima. Nao vou começar a contar -vos como eu com cinismo empedernido já acho isto normal, mas sim precisamente o contrário, dizer vos como me continuo a maravilhar com a beleza frágil e improvável destas constelações. Trios não são particularmente robustos ou estáveis (falo-vos de trios, não de "V"s, e falo-vos de trios para alem da duração duma noite curta de verão, ou do que é apenas habitualmente tratado entre lençóis), e exigem, mesmo quando correm bem muita atenção, continência e cuidado. Estou grata a seja o que for que faz com que estes episódios que tanto aprecio continuem a acontecer, e sempre com grande intensidade, sinceridade e beleza. E adoro o Design for Living, que nos mostra que isto não é modernice.

Tenho mandado uns bitaites acerca de trios ao longo dos anos, porque sempre me marcaram pela sua intensidade e beleza e por os não tomar como coisa óbvia ou fácil. Quem quiser, estão no Our Laundry List (que a propósito, completa 5 anos de existência) sob a tag "trios" (http://laundrylst.blogspot.com/search/label/trios)

Tenho engatilhada uma série de artigos sobre trios, que espero finalmente me tirem do meu bloqueio literário, e que já agora me tornem rica e famosa, mas para começar deixo vos com um livro que não é propriamente profundo ou um poço de beleza e poesia, mas que é uma boa plataforma de embarque para os curiosos. Trata-se do livro "Three in Love: Ménages à Trois from Ancient to Modern Times" (Barbara Foster, Michael Foster and Letha Hadady). Os três autores, de backgrounds bastante diferentes e supostamente com conhecimento de causa acerca de trios, tentam construir uma história da Ménage à Trois desde a idade média até aos dias de hoje. Para os cuscos ou simplesmente curiosos, a lista de personagens históricas comprometidas em trios é espantosa.

.

1.02.2010

Gestão de tempo.

O tema da gestão de tempo é um tema recorrente a propósito de poliamor. Tornou-se também pessoalmente premente para mim ultimamente, e acabei por escrever um texto para uma publicação local do qual apresento aqui um resumo traduzido.

Para quem vê poly de fora, pela primeira vez, e pensa nas coisas com alguma seriedade, a questão da gestão do tempo surge quase automaticamente. Nem sempre, mas frequentemente, uma relação monogâmica assume que o tempo livre dx nossx parceirx é automaticamente tempo da relação. A pergunta que devolvo, é, essa assumpção é automática ou foi pensada? é que se foi pensada e conscientemente aceita, acho muito bem, divirtam-se, e ficamos por aqui. Mas lanço alguns desafios a quem fez essa assumpção sem sequer dar por isso (muito fácil, mais fácil do que se pensa).

Na verdade, a maioria das considerações e questões acerca da gestão de tempo, fazem sentido para qualquer relação, seja poly ou não.

A gestão do tempo passa por sabermos em primeiro lugar, não quanto tempo precisamos (ou "elxs" precisam) para a relação, mas quanto tempo precisamos em geral, em particular, e para que. Sugestões de categorias para dar nomes aos bois e facilitar este exercício, são:

1) tempo para nós próprios (ler, hobbies, olhar para as paredes, todos os rituais que são nossos e fazem sentido apenas sozinhxs)
2) tempos para os nossos encargos (impostos, dividas, compras, trabalho, higiene, casa)
3) tempo para amizades e vida social (nem sempre queremos misturar amizades com a vida de relação)
4) tempo para sexo (o sexo, tal como o tempo, é um território pessoal, e não da relação)
5) tempo para recuperação emocional (relações emocionalmente intensas).
6)..

O exercício seguinte é repetir as mesmas perguntas com categorias semelhantes para cada parceirxs envolvidx. Se soubermos quais as condições de fronteira é mais fácil resolver o problema e descobrir os possíveis pontos de encontro. Porque nesta ordem? porque se não somos capazes de definir e defender as nossas próprias prioridades, provavelmente não seremos capazes de respeitar o espaço dxs parceirxs ou de não nos perdermos num enorme e esmagador espaço da relação.

Sim, é boa ideia perguntar-mo nos se queremos envolver parceirxs nalgumas daquelas actividades. Mas é boa ideia não o fazer automaticamente, e decidir isso em boa consciência e com cuidado.

O conceito que talvez seja muito revolucionário, e bastante divulgado em meios poly, é que o tempo é uma coisa nossa. Não pertence a mais ninguém, nem ninguém tem direitos especiais acerca do nosso tempo, independentemente de ser ou não nosso parceirx ou amigx ou chefe de departamento.

Um possível passo seguinte, é em caso de conflitos de interesse, usar não só uma comunicação eficiente, seja qual for o estilo pessoal de cada um, mas que seja clara e eficiente e sem ambiguidade, mas também, porque a comunicação sozinha, coitada, não chega, uma postura de respeito e generosidade. Lembrem-se, malta, é uma relação, não é negociar um leilão, nem ganhar um troféu, a ideia é partilhar sentimentos positivos, dar amor, dar o nosso tempo. E por fim, talvez não seja preciso relembrar que é boa ideia respeitar os compromissos assumidos.

o tempo é a única coisa que é limitada. O amor pode ser quase ilimitado, mas o tempo é finito. Mesmo aplicando toda a sabedoria e todo o cuidado do Mundo magoaremos sempre outras pessoas devido à gestão do tempo ou de expectativas associadas com ele. Mas tentar contornar os problemas mais comuns, antecipar e eliminar expectativas não realistas por parte de outrem, e tentar sanar os conflitos que não conseguimos evitar, pode evitar a maior parte dos contratempos habituais.

Espero que este texto ajude, a mim ajudou.

.