11.26.2009

Mais compersion, amor ressonante, tesao ressonante

É sempre bom, e sempre bom sentir que ainda temos over and over a capacidade de sentir a tal compersion, a tal alegria ressonante, ou alegria por ressonância, ficarmos felizes por o nosso amor, ou um dos nossos amores estar nos braços de um dos seus amores (E quem diz braços, diz outros membros, ou algemas, ou lençóis, ou....)...

Mas o que me passou agora na cabeça, é que o estado talvez ainda mais desejável que essa alegria excitada é aquele em que já não se nota diferença, em que simplesmente se passa, sem pensar no assunto, uma noite como outra qualquer. Porque não é preciso pensar no assunto.

Numa nota pessoal: Estou muito feliz por voltar a sentir compersion, ou amor ressonante, porque durante uma relação recente de contornos apenas marginalmente poly senti muitos ciúmes e comecei a perguntar-me se tinha a ver comigo ou se era especifico à situação. E a resposta é, a compersion está cá, como sempre esteve. Hurra!

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11.21.2009

Casamento proibido no Texas

(por um bloqueio criativo, sacado directamente da lista das Panteras para aqui. Obrigada Stef e Laetitia!)


O Texas terá, por ter tentado fazer uma lei à prova de bala que não pudesse dar a mínima "desculpa" a qualquer casamento entre pessoas do mesmo sexo, proibido o casamento. De todo.

A cláusula em questão deveria abolir os casamentos entre pessoas do mesmo género mas da verdade, do modo em que ficou formulada, proíbe toda a forma de casamento, ou seja, mesmo o casamento heterossexual!

Será sem duvida uma questão interessante de seguir, e ver qual a cor politica que defenderá que forma de casamento, ou o casamento de todo, e porque!

Em Francês:
http://fr.news.yahoo.com/55/20091120/tod-le-texas-aurait-accidentellement-int-17baed7.html

Em Inglês:
http://www.mcclatchydc.com/251/story/79112.html

Artigos relacionados, acerca da constitucionalidade da coisa:

http://www.dallasnews.com/sharedcontent/dws/dn/localnews/columnists/sblow/stories/DN-blow_08met.ART.Central.Edition1.4bc3ce2.html

http://www.dallastxdivorce.com/2009/10/articles/glbt-issues/dallas-judge-tena-callahan-speaks-publicly-for-the-first-time-since-her-controversial-ruling/

http://www.judgecallahan.com/

https://www.dallasbar.org/judiciary/profiles.asp?item=102

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11.17.2009

Um momento marcante

Nos já largos anos de vida poliamorosa tive por muitas vezes a alegria de conhecer pessoas abertamente não monogâmicas. Acontece no entanto que só me lembro de ter conhecido essas pessoas em contextos abertamente poliamorosos, como conferências, grupos de discussão online, contactando pessoas que mantêm páginas na rede ou em encontros de auto-ajuda.

Este fim de semana tive o prazer de estar numa oficina de Shibari em Berlim onde, no meio dos livros da instrutora, se encontrava a biblia alemã do poliamor, o "Mehr als eine Liebe".

Falando com ela, confirmei que sim, ela é poli. Vive assim já há três anos e não imagina viver de outra forma.

E foi assim, um marco. No sentido de que conheci um pessoa que soube ser poli, sem estar num contexto poli.

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11.11.2009

Schiller, 250o Aniversário

A 10 de Novembro de 2009 celebrou-se o aniversário de Schiller.
Neste artigo do SPIEGEL, em alemão, há umas frases que chamam a atenção de olhos mais galdéricos.

http://su.pr/4RfKpA

A fonte é uma abundante colecção de apontamentos do seu amigo de juventude Johann Wilhelm Peterse.

Parece que "alguns dos seus conhecidos foram testemunhas, de que durante suas quecas, rugindo e esperneando, não tomaria menos de 25 doses de rapé"

mas isto é apenas um fait-divers, uma cusquice, talvez grosseira, dos seus tempos de juventude e de médico-soldado, e das suas quecas mágicas, muitas vezes em grupo.

Prefiro chamar a atenção para o seguinte:

"(Schiller) via-se como cidadão do mundo, servo de nenhum senhor. durante muito tempo quis não se ligar a nenhuma mulher em especial, mas por fim apaixonou-se por duas irmãs. Ter-se-ia casado com as duas, mas teve de se decidir por uma delas"

Nomeadamente: "Dia 15 de Novembro de 1789, pela tarde, Schiller sentou-se à secretária e fez o impossível: Declarou às duas jovens, na mesma carta, o seu amor por ambas. Era do seu conhecimento, há bastante tempo, que ambas estavam apaixonadas e queriam viver com ele - Como tudo seria posto em prática, não é claro até à data."


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11.04.2009

"She is in parties": Sex-parties e suas regras


A propósito da recente Intima Party e de discussões que provocou (O Facebook está ao rubro) lembrei me de falar um pouco de sex parties e suas regras, do ponto de vista do consumidor habitual e exigente.

Podem argumentar: como é que sex parties (ou play parties, quando alem de sexo são autorizadas práticas BDSM) podem ser on-topic num blogue sobre poly. Sim, poly não é necessariamente acerca de sexo. Mas a maior parte do que é sex -positive e que tem a ver com a expressão livre e responsável da sexualidade, não necessariamente associado a um papel num determinado "tipo" de relação, é um tema que pertence ao poly, sem sombra de dúvida.

Ora bem, o que é uma sex party, para começar? Uma sex party é um espaço onde se tentam criar as condições para que as pessoas se sintam seguras ao ponto de quererem ou considerarem a ideia de ter sexo, mais ou menos publicamente, conforme os gostos, com outras pessoas. Meter um grupo de pessoas numa sala e chamar a isso sex-party geralmente nao chega. Por outras palavras, geralmente por inibições sociais, ou ainda, por causa dum sentimento de insegurança (muitas vezes bem realista), ninguém exprime publicamente os seus desejos sexuais que lhe passam na cabeça pelo momento. Por outras palavras ainda, é necessário criar mesmo essas condições para uma pessoa se sentir segura. Algumas dúvidas que têm de ser respondidas com algum nível de certeza são: "se eu disser não, esse não será mesmo respeitado?" "há condições de higiene apropriadas? hmmm... este sofá tem umas manchas..." "se eu for a esta festa, a minha privacidade vai ser respeitada?" "o que acontece se alguém me tocar contra a minha vontade?".

Ou seja, para se organizar uma sex party, não basta alugar uma vivenda com meia dúzia de colchoes e convidar a malta lá para casa. é preciso criar um espaço físico com certas condições (higiene, espaços com mais ou menos discrição, equipamento para sexo seguro, duches..) e mais importante ainda, um espaço "cultural" em que os visitantes se sintam seguros física e emocionalmente. Sem os visitantes se sentirem seguros, não se pousa o copo da bebida quanto mais tirar roupa...

Fui buscar um conjunto de regras típico (das minhas amigas da lesbian sex mafia, mas podia ser outra coisa qualquer) para uma festa Sex+BDSM. Convido-vos a passar os olhos por ela e a pensar. Cada festa tem o seu próprio conjunto de regras, definido pela organização, mais ou menos estrito, e com que o publico visitante mais ou menos se identifica. Geralmente exprime os desejos do publico habitual duma determinada festa. Por exemplo há festas que limitam o consumo de álcool ou drogas, outras que não se chateiam minimamente com isso.

http://www.lesbiansexmafia.org/etiquette.html

Chamo a atenção para as regras que definem o espaço próprio de cada pessoa, em que há consentimento em cada passo, e em que tudo é implicitamente negociado sem ambiguidade. Chamo a atenção para o cuidado com a discrição. O safer-sex obrigatório ou muito recomendado tem como background que há pessoas que têm dificuldade em negar sexo não seguro, e porque nenhum organizador com um pingo de sanidade quer que alguém diga que se apanhou uma maleita mais ou menos fatal ou incómoda na sua festa.

E por hoje é isto. Espero que vos seja útil e vos encoraje a organizar as vossas próprias festas. Eu tenho tido momentos muito felizes em tais festas e acho que são uma coisa muito positiva.

Obrigada por lerem!

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11.02.2009

Ser e fazer

Uma discussão recorrente nos meios poly ou LGBT (ou em qualquer outro em esteja em jogo uma ou várias identidades e que os membros tenham um modo de vida não normativo), é a questão de se é porque se é e pronto, ou se é porque se faz.

é homem quem nasceu com corpo de homem, ou que se afirma sentir como homem?
é lésbica a mulher celibatária que o afirma ser ou apenas a que o visivelmente e omnivoramente demonstra na prática? hormonas? cirurgia? sim? não? who cares?

costuma haver então o tema recorrente da auto-definição, ou da definição pela prática. Ambas correntes costumam gerar argumentos muito fortes, e em meios activistas por diversas razoes que hoje vou deixar de fora, há geralmente uma tendência para se levar bastante a sério a auto definição.

De acordo com a postura que se deve levar as pessoas a sério pela identidade por elas escolhidas (postura essa que por acaso também é a minha), é poly sim senhor quem diz ter dentro de si o potencial para viver em não monogamia responsável, mesmo que não o ponha em prática. De
momento ou sempre.

O ponto a que quero chegar, e que seria quase risível se não fosse bastante chato, é o caso da pessoa que viveu ou tentou viver poly, chateou toda a gente à volta com explicações, come outs, debateu-se com familiares, zangou-se com o patrão... e depois, quando ou por nunca ter conseguido por em prática a sua utopia poly ou porque por acaso há uma ou várias separações na família, não só toda a gente lhe diz "eu bem te disse", mas de repente uma pessoa passa pela "vergonha" de as pessoas nos enfiarem na categoria dos monogâmicos só porque o parecemos :-P


Bem, isto não é um problema, se pensarmos que um problema é não comer ou perder uma perna.Ou perder a tal relação longa mas que não foi longa o suficiente ou que acabou de modo doloroso. Mas é um tema recorrente nos grupos de ajuda poly, pois uma pessoa perde com isso um "sintoma" da sua identidade, e volta a "confundir-se" com aquilo para onde não quer voltar.

Por hoje é tudo.

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