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3.29.2010

Couch-surfing com amores-Cunhadxs

Vem aí o meu amor-cunhadx (love-in-law) passar um fim de semana cá em casa. Nao me vem visitar, precisa apenas de ficar aqui uns tempos mas já combinámos algumas borgas e conversas iluminadas por umas garrafas de branco-rasca. E vem com esse amor-cunhadx, a sua namorada, e outro significant-other, que são logicamente os amores-cunhadxs de um dos meus amores. E estou muito feliz com esta chuva de amores-cunhadxs.

E hoje não tenho mais nada para escrever.

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7.19.2008

A Elaboração dos acasos

Amizade, enamoramento
A Elaboração dos acasos
Nuno Artur Silva e Luís Miguel Viterbo

[Este livro, de que se tiraram 500 exemplares, foi publicado pela ed. & etc em 1989]


Escrever, falar sobre o amor, a paixão, o enamoramento ou a amizade, as suas formas e os seus significados, é escrever sobre escrita e falar sobre fala, é escrever ou falar sobre fala, é escrever ou falar sobre linguagens; é, portanto, metalinguístico.

Sem linguagem, isto é, sem expressão, o amor ou a paixão seriam mudos: não existiriam.
Entre silêncios e vozes, uma linguagem é a expressão de um pensamento, a expressão da elaboração de um sentimento. Algo, a um tempo, concreto e potencial. E se, no Homem, o que é natural é a cultura (ou a cultura da sua natureza), também uma linguagem é tanto mais natural quanto mais cultural.

Assim, escrever ou falar sobre o amor ou a paixão é uma forma de cultivar essas linguagens e esses sentimentos e de os potenciar e projectar na perspectiva utópica que qualquer linguagem propõe.

Afinal, o amor e a paixão são escrita, literatura e mito.

Escrever é aumentar o objecto da escrita e, ao definir o seu fundamento e os seus contornos, indefinir a sua definição. Escrever é sempre jogar, um Outro, que cada um, ao ler, reconstruindo, inaugurará, intimamente.
O que aqui se inclui, ou se propõe, neste exercício de linguagem, é o esboço de um paradigma para as relações afectivas, um paradigma que se abre a inúmeras estéticas, entre desejos e literaturas. O que se escreve aqui é, como em qualquer texto, a inauguração de um silêncio. De um silêncio que seja matriz de aberturas individuais a uma ideia ou a um estado de espírito, e a novas ideias e novos estados de espírito.

continua aqui:
http://elaboracaodosacasos.blogspot.com/



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5.02.2008

Lesbicas ou nativas de Lesbos? ou nativas de Lesbos X lésbicas?


Nao é primeiro de Abril.


Campanha de nativos da ilha de Lesbos para contestar o uso da palavra "lésbica".
Parece que viola um direito qualquer á liberdade de expressao, ou que incomoda algumas pessoas.

http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/7376919.stm

Faz algum sentido disputar o sentido que as palavras tomam? Ha algum controlo na maneira como uma língua evolui? Mesmo quando as palavras tomam sentidos diferentes ou contraditorios com o original? Sinceramente acho que isto tem todo o ar de doenca do mundo moderno, a mania do controle.

Deixem-me brincar com outras possibilidades... Lisboa nao se pode mais chamar Lisboa porque o nome alegadamente vem de Ulisses... Será que posso comer uma francesinha (vegetariana)? ou encomendar uma bola de Berlim? e ter amigos de Peniche? Vou acrescentando aqui á medida que me for lembrando...
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8.12.2007

poliamor em 5 linhas


Respondendo à pergunta, o que é realmente poliamor em cinco linhas, sem dar n+1 links de resposta ou vários parágrafos, gostava de dizer (grosseiramente) que é a substituição do primado da monogamia pelo da sinceridade numa relação ou várias, sendo relação qualquer tipo de interacção mais ou menos emocional entre pessoas.

Por outras palavras, não é ter vontade de "ter relações com mais do que uma pessoa", é ser capaz de se ser honesta acerca disso com a(s) pessoa(s) com quem se tem ligações. Por outras palavras ainda, é ter estômago e não só aguentar que essas mesmas relações conheçam e se envolvam com outras pessoas, mas inclusivamente ser-se capaz de se sentir alegria e cumplicidade por causa disso (escreverei sobre "compersion" assim que a silly season passar e eu me sentir um pouco mais recuperada das tempestades emocionais poliamorosas que me desabaram em cima).



https://www.blogger.com/comment.g?blogID=10373581&postID=4823192865691204100


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7.31.2007

Diseasing the Other

Há uns tempos escrevi aqui uma lista (em construção permanente) acerca das coisas que me irrita ouvir acerca de poliamor, das quais as frases do tipo: "há muito mais polis no meio gay/LGBT" ou "há muito mais polis no meio hetero" ou ainda "há muito mais polis nos meios bi" são do piorío em irritarem-me e encherem-me de toneladas de karma.

Há uma expressão excelente dos meandros sociológicos que é o "diseasing the other". Descreve o processo em que grupos que subalternizados por uma fatia mainstream da sociedade se tornam associados a doenças e à sua disseminação. Na idade média (e também, já agora, infelizmente nos dias de hoje) os ciganos são vistos como sujos e transmissores de doenças. Os judeus eram a causa natural dos terramotos. A sífilis teve tantos nomes como países onde foi diagnosticada, e surpresa! era sempre um país com quem não se tinham relações amigáveis (o mal-espanhol, o mal-francês...). Ainda hoje o homossexuais masculinos são associados a todas as doenças e mais algumas, principalmente A DOENÇA, e o preconceito generalizado é de tal ordem que afecta os meios científicos ao ponto de tomarem decisoes que os impedem de dar sangue, sem qualquer avaliação da história clínica de dadores, hetero ou homossexuais, como casos individuais. O conceito de grupos de risco em vez de comportamentos de risco é uma discussão antiga de quase 30 anos, mas que ilustra bem como o nosso cérebro percepciona grupos (e os cliché a eles associados) antes de ver um indivíduo e a sua própria história clínica e comportamental. Neste momento o "grupo de risco" são mulheres heterossexuais casadas. Mas adiante, chega de fel, estou a dispersar-me.

Geralmente quem diz que "há mais polis no grupo X" são pessoas poli-cépticas, e que associam tudo o que é estranho, aberrante ou pelo menos fora do normal, a grupos dos quais não fazem parte. Concretizando, depende de que lado da barricada se está e quem se prefere demonizar. Heteros bem comportados vão associar poliamor a toda "aquela rebaldaria" que é o mundo gay, e homossexuais poli-cépticos vão achar que poliamor é coisa de heteros swingers aborrecidos, e todos estes juntos vão achar que os bis e o seu pantanal de indecisão podem abraçar sem problemas mais uma coisa "promiscua" como o poliamor. Igualmente, uma pessoa poli-céptica que veja como estranho qualquer outro grupo, vai achar que poliamor é "coisa para eles". Façam o exercício, com os grupos que vos são "estranhos" por qualquer motivo, é super divertido!

Se eu fizer o exercício com grupos que me são "estranhos" dá-me coisas muito giras (claro que para mim poliamor não é estranho, é só pelo exercício):

"há mais poliamorosas entre as tias da Lapa"
"há mais poliamorosos entre os esquimó"
"há mais poliamorosos entre a terceira idade"
"há mais poliamorosos entre os adolescentes"
"há mais poliamorosos entre os car-tuners"
"há mais poliamorosos entre os estudantes de economia da Universidade Católica"
"há mais poliamorosos entre os eclesiásticos"

(ok, preconceitos assumidos, algumas parecem-me quase uma contradição de facto).

Agora perguntem ás pessoas à vossa volta e repitam o exercício. Com a senhora da mercearia, o pai, a tia Licas, o colega do lado, o senhor das portagens na ponte, ao polícia...


Claro que não ajuda que muitos dos sites na net sobre poliamor na net, não sejam sites de informação, mas sítios de contactos. Obviamente então que estarão impregnados da orientação sexual do grupo alvo que se pretende atingir. Mesmo os sites de divulgação, muitos deles sendo amadores e feitos por caturrice voluntária, vão estar marcados pela orientação sexual (politica ou não) de quem escreveu.


Acabando de explicar porque acho que é assim gostava de finalizar declarando que não aceito a propagação deste tipo de preconceitos, e que acho que não o devemos aceitar, quer em relação a poliamorosos ou não, antes devemos combater qualquer afirmação deste tipo.


Participem!


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6.03.2007

Ladyfest, resumo geral


Escrevi isto para a Zona Livre, publicacao bimensal do Clube Safo.



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Maio foi o mês de todos os encontros e todas as actividades. Depois de um Inverno sossegado em termos políticos e da cena, voltam a haver festas, encontros, tertúlias. Houve o LFT (Encontro Primavera Lésbico, artigo em breve) e houve o Ladyfest, e ainda estamos a ganhar balanco.

A Ladyfest (url: plone.ladyfestwien.org) decorreu em Viena de 16 a 20 Maio de 2007. Define-se como uma festa somente "feita por mulheres ("de todos os géneros" ) para todos", e procura encontrar solucoes alternativas para problemas novos e antigos. Define-se fortemente como contra cultura, intervencionista, de esquerda e como opondo-se fortemente á pressao mainstream de encontrar solucoes "one size fits them all" que neguem a individualidade e diversidade que (felizmente ainda) abundam dentro da(s) nossa(s) sociedade(s). Encoraja por consequência todo o tipo de DIY (Do It Yourself), todo o tipo de diversidade e de discurso e prática politicamente correcta e antidiscriminatória. É também precisamente por esse encorojamento da diversidade e do DIY extremamente divertida e descontraida!!

Este texto pretende ser apenas uma chamada de atencao, até porque eu por motivos pessoais só estive lá o tempo essencial para dar a minha workshop, confraternisar um pouco, trocar uns olhares e voltar para casa. Daquilo que vi, achei que o projecto da Ladyfest (itinerante, e em paralelo em diversas cidades) merece ser seguido com alguma atencao. As leitoras interessadas poderao visitar o site da Ladyfest acima indicado (escrito em inglês e alemao), ver por si o programa e tirar as próprias conclusoes.

A Ladyfest contou com uma componente fortíssima de arte em todas as suas formas, principalmente performativas e musicais. Todas as noites houve diversos concertos e DJaning, mas as artes visuais tambem estiveram presentes através de exposicoes de fotografia e pintura, e exibicao de varios filmes pertinentes para questoes de género e da Resistência contemporânea em geral.

Nao podia deixar de listar algumas das workshops para vos despertar a curiosidade (deixei os textos em inglês sempre que achei que era mais descritivo que em português): "Stencil, ferramenta de arte e intervencao política", "Drag yourself, extend your Self", "Do it yourself: Dyke styling, do your own dyke-clothes", "Escrita criativa, como melhorar um texto ou mandá-lo pela janela", "Da teoria queer á prática politica", "Crashcourse de hardware (computador)", "O viver precário como forma de Resistência na sociedade contemporânea", "Filmes porno queer-feministas", "Tecnologia de som", "Seguranca no computador", "All gender is drag", "Gendering the Wikipedia", " Open source software", "Bondage", e finalmente, a workshop que eu co-moderei, "Uma, nenhuma ou muitas: formas alternativas de relacao".

Todas as workshops foram feitas em inglês sempre que alguem presente o requereu. Muitas vezes houve traducao simultanea para poder agradar a gregos e a troianos, e ninguém se queixou disso. Tentou-se usar linguagem inclusiva de género sempre que possivel, que para mim foi uma novidade e muito interessante ("I love hir", em vez de her ou him, por exemplo).

Ainda consegui participar na "Ladyride", um passeio turístico de bicicleta alternativo pelo centro histórico de Viena, em que durante duas horas pedalamos e vimos imóveis com a sua própria história ou que foram parte da história de diversas resistências, mas que nao fazem parte nem do património público, nem da memória colectiva (ver edifício da PIDE em Lisboa para um exemplo "nosso"). No fim bujecas e vinho verde para todas numa esplanadaLantes da festa da noite.

Acerca da workshop poliamor (Uma, nenhuma ou muitas), apresentada e moderada por mim e a Iljana tenciono escrever em breve, separada e mais detalhadamente. Talvez a venhamos a apresentar em Portugal. Quem tiver interesse e quiser receber uma notificacao, ou propôr temas e questoes, por favor contacte-me por mail. Stay tuned at laundrylst.blogspot.com.


mais sobre a ladyfest:
http://plone.ladyfestwien.org
http://laundrylst.blogspot.com/2007/05/lembrete-ladyfest-em-viena-com-poly.html#links





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2.08.2007

Polyamory já vem no dicionário


A palavra "Polyamory" passou, em Setembro de 2006, a ser oficialmente listada no Oxford English Dictionary, e cerca de seis meses mais cedo no Webster Collegiate Dictionary. A definicao constante no Webster reza o seguinte:

Main Entry: Polyamory
Part of Speech: n
Definition: participation in multiple and simultaneous loving or sexual relationships

Main Entry: polyamorous
Part of Speech: adj
Definition: pertaining to partipation in multiple and simultaneous loving or sexual relationships


O mesmo Webster Collegiate Dictionary tem também, na sua seccao de refêrencias, um artigo relativamente extenso sobre polyamory:

http://www.reference.com/browse/wiki/Polyamory

Para quem tropeca neste artigo ao fazer a sua primeira pesquisa sobre o tema, está melhor que muitas outras fontes.

8.28.2006

pt.wikipedia: poliamor




A silly season continua com pertinácia sobre nós. Eu, com finalmente tempo nas mãos, resolvi continuar o artigo sobre poliamor na wikipedia em português. Surpresa minha, vi que o artigo tem sido continuamente actualizado e acrescentado. Vale a pena ler, e vale a pena continuar a trabalhar nele.

Enjoy. http://pt.wikipedia.org/wiki/Poliamor

Adicionalmente, fiquei a saber, grassas a esse artigo, que existe um projecto de filme, em português, sobre o tema. Fiquemos atentos. E quem souber mais coisas que me conte, que estou em brasas de curiosidade!

http://www.poliamore.com

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