Showing posts with label Poly em Livros. Show all posts
Showing posts with label Poly em Livros. Show all posts

4.26.2010

Adele Schopenhauer

Mais um livro saiu, acerca de uma personagem histórica que se aproximou do poliamor precisar do nome para nada.

Desta vez trata-se de Adele Schopenhauer, irmã do famoso filosofo e do seu encontro com a Sybille Mertens. Estamos a falar de pleno século XVIII. Ambas mulheres independentes, envolvidas nos primeiros movimentos pelos direitos das mulheres e promotoras de encontros e tertúlias. Como habitual no tempo e na classe, casada com um homem que não escolheu. O facto de uma mulher ter uma amante não podia ser considerado motivo de divórcio, e por isso, a situação acabou por ser não só aceite como a própria relação ser cautelosamente cuidada por ambos..

"Cada amizade, assim como cada amor, acaba por se tornar uma espécie de casamento em que 'di tempo a tempo' se enfia a carapuça moral" chegou ele a dizer. O livro ilustra mais histórias com outras mulheres, quase todas ilustres, para apimentar a vossa curiosidade de voyeurs literários. Algumas das pessoas mencionadas e assim "outed" são a filha mais nova de Goethe, ou Anna Jameson...

O livro saiu em alemão e é pouco provável que venha a ser traduzido, mas penso que é possível reconstituir a maioria da informação com alguma investigação.

Angela Steidele: "Geschiste einer Liebe: Adele Schopenhauer und Sybille Mertens", Insel Verlag.

.

2.01.2010

Trios: Hemingway

Continuemos, que a inspiração não dá para mais, a série sobre trios, reais, imaginários, literários, ou tudo junto. Hoje deixo vos com Hemingway e o seu "Garden of Eden". Segundo consta é uma história que o próprio Hemingway suprimiu em vida, e que nunca chegou a acabar até à sua morte. Passa-se na Cote d'Azur nos anos 20, e conta a história de, imaginem, um escritor, a sua mulher, e os jogos entre eles enquanto partilham uma mulher mais nova. Dizem por aí os especialistas que é autobiográfico... foi reeditado recentemente e até há um filme também...


.

11.11.2009

Schiller, 250o Aniversário

A 10 de Novembro de 2009 celebrou-se o aniversário de Schiller.
Neste artigo do SPIEGEL, em alemão, há umas frases que chamam a atenção de olhos mais galdéricos.

http://su.pr/4RfKpA

A fonte é uma abundante colecção de apontamentos do seu amigo de juventude Johann Wilhelm Peterse.

Parece que "alguns dos seus conhecidos foram testemunhas, de que durante suas quecas, rugindo e esperneando, não tomaria menos de 25 doses de rapé"

mas isto é apenas um fait-divers, uma cusquice, talvez grosseira, dos seus tempos de juventude e de médico-soldado, e das suas quecas mágicas, muitas vezes em grupo.

Prefiro chamar a atenção para o seguinte:

"(Schiller) via-se como cidadão do mundo, servo de nenhum senhor. durante muito tempo quis não se ligar a nenhuma mulher em especial, mas por fim apaixonou-se por duas irmãs. Ter-se-ia casado com as duas, mas teve de se decidir por uma delas"

Nomeadamente: "Dia 15 de Novembro de 1789, pela tarde, Schiller sentou-se à secretária e fez o impossível: Declarou às duas jovens, na mesma carta, o seu amor por ambas. Era do seu conhecimento, há bastante tempo, que ambas estavam apaixonadas e queriam viver com ele - Como tudo seria posto em prática, não é claro até à data."


.

5.07.2009

Love you two

Um romance acerca de bi e poly.

Love You Two é o primeiro romance de Maria Pallotta-Chiarolli. Uma adolescente descobre, por acidente, que a mae é poly: tem um namorado para além do marido, e todos sao abertos e francos e ninguém morre por causa disso. ..


1.21.2009

Aviso por causa da moral

Tropecei por acaso neste post. Nele, podemos ler uma citação interessante de Fernando Pessoa a defender António Botto (um dos mais desbocados, sexualmente explícitos e talentosos poetas da praça) de todos os filisteus e guardiões da moral que lhe caíram em cima precisamente por causa disso.. Esta defesa, aprendi também no mesmo post (a wiki parece confirmar) visou particularmente estudantes da Faculdade de Letras que escreveram um texto atacando António Botto.



''Ó meninos: estudem, divirtam-se e calem-se. Divirtam-se com mulheres, se gostam de mulheres; divirtam-se de outra maneira, se preferem outra. Tudo está certo, porque não passa do corpo de quem se diverte. Mas, quanto ao resto, calem-se. Porque só há duas maneiras de ter razão. Uma é calar-se, e é a que convém aos novos. A outra é contradizer-se, mas só alguém de mais idade a pode cometer.' ' Fernando Pessoa, citado in Dacosta, As Máscaras de Salazar.


Fiz um pouco o meu trabalho de casa e fui investigar, mas não fui muito longe. Não sei nada sobre o livro, se é bom, se é mau, se é credível. O livro em questão está esgotado. Aqui podem ler um pouco sobre ele. Mas na verdade o que queria era encontrar a publicação onde o texto original de Pessoa saiu. O google dá os seguintes resultados, mas não fui confirmar o conteúdo (parece estar esgotado):

no leitura.pt ou na Guimarães editores..

3.15.2008

Um belo discurso (Joann Sfar)




Cliquem na imagem para a ver, que o blogger nao permite imagens maiores.
Se alguém se lembra dos direitos de autor, estou lixada!
(Senhor Sfar! é para uma boa causa!)
Ok, os créditos...
Quem quiser saber mais sobre Joann Sfar (recomendo vivamente) pode comecar aqui:
a imagm tirada é do quarto volume da série Bestiaire Amoureux:
(recomendo o Klezmer)
.

2.17.2008

BD: Polyamory for the pratical


Mais uma BD poly.
Para nao variar, como pessoa poly que se preza, ainda nao tive tempo para olhar para isto em condicoes para poder falar em profundidade. Estamos em Fevereiro mas tudo tem sabor a Novembro, mas com menos paciência e esperanca. Mas continuo a gostar de estar a "postar" em modo "aglomeradora de notícias" sabendo que algumas coisas vao agradar a uns e menos a outros, poliamorosos ou nao.
Enjoy!

(algumas das situacoes dos quadradinhos abaixo, já as vivi em directo e a cores)

http://spice.comicgenesis.com/d/20040515.html
http://spice.comicgenesis.com/d/20040522.html
.

11.16.2007

Marjane Satrapi "Embroideries"


Apenas marginalmente relacionado com poliamor, mas gosto desta autora e dos seus comics minimalistas e das suas historias cruéis e ternas ao mesmo tempo.

Neste álbum, Embroideries, a jovem Marjane, adolescente, assiste sem sombra de censura ou mal estar ás conversas que as mulheres, adultas, da sua família e "arredores", têm enquanto bebericam o seu chá.

Em qualquer parte do mundo, qualquer grupo que se sinta à vontade para falar vai trazer coisas do arco da velha, aparentemente inverosímeis. neste caso, as mulheres vão falar sem pejo nem peias de amor, sexo, verdades, meias-verdades e mentiras.




Reflectindo a variedade de mulheres sentadas à mesa, vão ser igualmente variados os tipos de discurso. Enquanto uma das mulheres fará a apologia de um amor tipo romântico outra logo a seguir sugere várias técnicas como melhor enganar o marido em diversos aspectos.


um ponto curioso próximo em pertinência do tema poliamor... uma das mulheres defende abertamente porque gosta do papel da amante em vez do papel de esposa. primeiro porque um dos temas que se fala sempre a propósito do poliamor é a recusa ou não de certos papeis pessoais ou tipos de relação "chapa 3", e em segundo lugar porque precisamente há uma escolha determinista desta mulher por uma determinada qualidade e tipo de vida, ao qual a sua vida emocional se encaixa e não o contrário.


.




11.15.2007

Jogos Humanos, BD de Paulo Patrício e Rui Ricardo


"Jogos Humanos" é uma verdadeira história poliamorosa, do princípio ao fim. o argumento é de Paulo Patrício e os desenhos de Rui Ricardo.

Nao há muito que dizer. Até começa com um casalinho heterossexual chatérrimo sentado num banco de jardim, provavelmente como quase toda a gente já fez algum dia.

Percam o amor ao dinheiro, comprem e leiam.

Talvez possa acrescentar afinal alguma coisa. Este livrinho acompanhou me desde o principio da minha "aventura" poliamorosa, há uns anitos valentes, principalmente na altura em que eu achei que ia dar com os burrinhos na água, que ia ficar sozinha à pala de fazer tanta experiência e tanto-pôr me a mim própria e aos que me amavam nos limites dos limites da paciência e capacidade de aguentar barcos.

sobre Paulo Patrício:
http://maisbd.mundofantasma.com/autores.php?autor=Paulo+Patr%EDcio
http://www.paulopatricio.com
http://lambiek.net/artists/p/patricio_paulo.htm


.

10.15.2007

uma citação de Anais Nin





...Roubada sem tradução nem edição da lista de poliamor espanhola. só para poder dizer que o blog reabriu e voltou ás hostilidades...

"Cualquier forma de amor que encuentres, vívelo. Libre o no libre, casado o soltero, heterosexual u homosexual, son aspectos que varían de cada persona. Hay quienes son más expansivos, capaces de varios amores. No creo que exista una única respuesta para todo el mundo" (Anaïs Nin).

(meu, eu devia pelo menos fazer o trabalho de casa habitual e verificar as fontes, mas estou com uma preguiça transcendental)

Até essa verificação se dar, por volta das calendas gregas, fiquem com o "passarinhos".

.


7.21.2007

Uma casa com muitos quartos

Navego muito no blog "Sexualidade(s) Femninina(s)" que só posso recomendar.
Roubei de lá, se é que se pode dizer que é roubo:

"o coração tem mais quartos que uma casa de putas"
(extraido de Garcia Marques, in Amor nos Tempos da Cólera)

Os coracoes de muitos albergam muita gente, histórias passadas, palpitacoes presentes, anelos futuros. Albergam tantos quartos vazios á espera do seu tempo e da sua oportunidade.

Para os presentes optimistas, e talvez poliamorosos, digo que, para a analogia ficar completa e se explicar, falta acrescentar que, se se criarem corredores largos e arejados e as devidas portas de servico, para que nao haja acotovelamentos, muita gente pode viver simultaneamente e feliz em tantos outros quartos...


que lindas casas essas!


.

6.27.2007

Batatas em cadeia


Vou pegar um bocado a contragosto na batata da Siona, que já foi a batata da Marlene, e ver o que se faz com isto. Mas nunca resisti a um desafio em que uma pessoa se tem de expor um pouco. No risk no sun.

(Siona: podes talvez linkar para quem já tiver publicado batatas no teu post original? e pedir a outros para linkar? assim ficaria um autentico colar de batatas facil de seguir)

As batatas sao falar sobre os cinco livros que mais me marcaram.

Vou fazer batota com o numero de livros mas nao vou fazer batota com o kern do topico, que é "os livros que mais me marcaram". ou seja, nao vou meter os livros que eu acho fixes agora ou riscar os livros que entretanto acho que passaram á historia por esta ou aquela razao. Fair play como sempre, quem me conhece pessoalmente sabe que sou uma granda chata sem flexibilidade nem sentido de humor.

Sao quase todos livros que já li mais de cinco vezes e a que regresso sempre para inspiracao ou novas descobertas. Sao assim os bons livros.

Por nenhuma ordem especial:

Contacto (Carl Sagan): combina como um dois em um todo o encanto pela Ciência que despertou em mim ao ler também o Contacto, mas acrescentou em mim uma enorme vontade de explorar a vida como um brinquedo que eu nao sabia até entao como usar. É um grande livro, sobre comunicacao e descoberta de si propria, sem merdas, take it as it is. Gosto do carinho com que o Carl Sagan falou de Ciência e dos seres humanos. Desculpabilisou a minha nerdness, o ir tirar um curso cientifico, o meu escapismo, as minhas brocas e a minha exploracao da sexualidade. Lido aos 17 anos.

O inevitável Estranho numa terra estranha (Robert Heinlein). Despertou em mim o gosto pelas utopias (im)possíveis, pelo poliamor, e por um exercicio intransigente de individualismo e liberdade todos os dias e nao só quando se tem um contracto de trabalho e a renda paga. Hoje em dia acho o discurso do livro impossivelmente xenófobo, homofóbico, chauvinista e machista. Mas teve o seu papel no meu desenvolvimento e nao o vou varrer para debaixo do tapete for the sake of political correctness. Lido aos 16 anos.

Nao consigo decidir entre as Memorias de Adriano ou a Obra ou Negro da Margueritte Yourcenar. Ambos grandes livros que quase nem me atrevo a falar deles. Talvez histórias acerca de como ser um ser humano completo, ou como alguem consegue FALAR de se ser simplesmente humano, completo ou nao. Poderia acrescentar aventuras individualistas ou colectivas, mas sempre á procura dum destino mais livre e mais digno como Aquilino Ribeiro Quando os Lobos Uivam ou a Casa Grande de Romarigaes (afastei me um pouco do Aquilino quando comecei a levar a mal a ausência de personagens femininos com contornos distintos, ou mesmo a persistência de um certo machismo que transcende a descricao das personagens) ou a Condicao Humana do André Malraux.

Mas cingido-me ao critério "livros que marcaram", seriam entao as Memorias de Adriano (lido aos 19 anos) e a Casa Grande de Romarigaes (alem de me ter marcado o individulalismo e a descricao de todo o ser humano feito de vontade, comecou aí a minha descoberta da literatura portuguesa, tambem com 19 anitos).

Para a paixao e as emocoes, vou continuar a fazer a tal batota comecada no paragrafo anterior. Sao os livros da expressao dos sentimentos para os quais precisava de um nome ou de uma descricao mais heroica do que o meu talento mínimo lhes podia atribuir. Sao eles Wuthering Heights (Bronte) (emocoes descontroladas e excessivas, que transcendem qualquer controlo que pensemos ter sobre os nossos actos, uma vida em que as emocoes se podem controlar é uma vida pobre), Paixao da Jeannete Winterson (a vida como aventura em que os papeis da sorte e da paixao sao soberanos, sexualidades fluidas, nada problemáticas) e a Antologia de Poesia Erótica e Satirica que a Natália Correia se deu ao trabalho de compilar numa época em que isso só podia dar chatices.

Devia agora referir obras bué incontornaveis que me tivessem sustentado na minha descoberta e escolha por uma vida solidaria, criativa, Do It Yourself nao invasiva e sobretudo libertária. Devia agora comecar a debitar nomes tipo Chomsky, as feministas todas, a Dossie "Ethical Slut" Easton, Derriga, etc. Mas nao o vou fazer, se voces têm esse interesse, esses livros, panfletos, textos, andam por aí. Acho inclusivamente que os melhores textos sobre um mundo solidario e livre de gente a dizer como a utopia deles é mehor que an nossa encontrei-os em sources como panfletos de concertos de musica alternativa, capas de disco, prefácios de livros de receitas vegetarianas, fliers de festas de lésbicas radicais, you name it. Os livros que falam destes temas geralmente pecam infelismente por uma enorme vontade de impor a sua visao ao resto do mundo e de sindrome "a minha pila é maior que a da vizinha".

A serio: doing things is overated. O mundo nao precisa de novas utopias, desde que cada um viva a sua sem se meter com os outros. Ha espaco para todos.
Posso talvez referir a coleccao de textos (nao só sobre sexo, mas mais uma vez advinharam: liberdades) do Gore Vidal em "Sexualmente Falando", ou a banda desenhada "Hot Head Paisan" para empowerment de DIY ou para aqueles dias em que precisas que alguem te diga "Dont take ANY shit from no one"". Ah. os albuns do Corto Maltese (Hugo Pratt), o seu feroz individualismo quase criminoso e defesa da (sua) liberdade mas que se conforma ao que o Destino apresenta quando já nao ha mais nada a fazer.

Houve muitos mais livros que li entretanto mas que reforcaram aquilo em que pensava ou deram me argumentos para continuar a lutar por aquilo que pensava. Mas nao foram livros que me marcaram.




Chega como dose de batatas com bué maionaise?

Gostava de ver as batatas daqui: damnqueer, nuvens, low altitude, bruno, sergio, e outros que irei acrescentando...



Estou á espera....

.




6.23.2007

Manual de Civilidade para Meninas




O extracto abaixo é sacado do capítulo "Deveres com o Próximo" do livro de Pierre Louys, "Manual de Civilidade para Meninas" (edicoes Fenda, 1988, 1a publicacao conhecida: Paris 1926)


"Deveis compenetrar-vos da seguinte verdade: Todas as pessoas perante vós presentes, seja qual for o sexo e a idade delas, têm o secreto desejo de por vós serem chupadas; a maior parte, porém, nao se atreve a declará-lo.


Comecai pois por respeitar a hipocrisia humana a que tambem se chama virtude, e nao digais nunca a um cavalheiro diante de um grupo de pessoas: "Mostra-me a tua pissa que eu mostro-te a minha racha", porque por certo vos nao mostraria ele a pissa.


Se conseguirdes porém, ficar com ele a sós em sítio onde se sinta seguro de nao ser surpreendido por ninguém, nao só vos haverá de mostrar a pissa, como nao se oporá a que lha sugueis."


Pierre Louys é um dos grandes vultos literários franceses do século XIX. Foi (re)conecido por aquilo que hoje se denomina a sua obra "branca" ainda publicada em vida, prosa e poesia, e obras como as Cancoes de Bilitis. Mas é a sua obra "negra", publicada postumamente, que é uma celebracao de erotismo, carregada de ironia e sentido lúdico, e que é "uma das mais ferozes diatribes contra a moral sexual do seu tempo - e se calhar do nosso (citado do pós facio da edicao portuguesa - escrito por Julio Henriques)".


Quer na sua obra que na sua vida, Pierre Louys nao só condenou como atacou activamente todo o puritanismo, e viveu de modo hedonista. Para quem leia o "Manual de Civilidade para Meninas", talvez sobressaia mais a componente crítica antipuritana do que erótica. Toda a moral burguesa que vive de aparências é atacada sem quartel e os argumentos geralmente aceites para suportar habitus hipócritas sao desconstruidos habil e brutalmente, um a um, sem esquecer nada. Coerente com a expressao escrita destas críticas, nao hesitou em viver de acordo com tais valores libertários, quer nas suas próprias escolhas individuais quer incentivando e apoiando a liberdade de outrem. Num tempo em que a situacao da Mulher comecava a mudar radicalmente mas ainda era no geral bastante complicada em termos de independência e mobilidade, Pierre Louys chegou a acolher um comunidade sáfica a viver debaixo do seu tecto.

"se fordes treze na mesma cama a fazer amor, nao devereis enviar a mais nova masturbar-se para um canto. Será melhor chamardes a filha da porteira, para que seja a décima quarta"


Resumindo e baralhando, este livro que parece ser um divertimento humorista á primeira vista é um livro muito sério e que depois das primeiras gargalhadas, merece uma segunda leitura mais atenta. E na verdade é um livro cheio de sabedoria ;-).


Boas leituras.




(desabafo: nao há uma porcaria duma entrada na wikipedia em portugues sobre Pierre Louys)


.

4.15.2007

"o amor ideal é a três"




Este blog está de momento "para lavar" por problemas na constelacao poliamorosa (problemas esses alheios á sua natureza poliamorosa). Basicamente estou sem cabeca para nada, até isto ir ao lugar.

(Agradeco á F.C. a tip)



A partir de dia 12 de Abril corrente e até dia 15. vai ser exibida no Centro Cultural de Belém, uma adaptacao ao teatro da conhecida correspondência entre Rilke, Pasternak e Tsvetaieva. Esta adaptacao, encenada por Inês de Medeiros, chama-se simplesmente "Correspondência a três".

Para quem quiser saber mais e nao quiser contar que eu ultrapasse a minha actual crise para garatujar qualquer coisinha (pelos vistos podem esperar sentados), podem ler a mesma correspondencia (editada recentemente pela Assirio e Alvim) já que o Público, que editou um artigo bastante bom no suplemento Ipsilon de 6 de Abril, nao suporta artigos online (para nao assinantes) que tenham mais de uma semana (continuam a nao gostar de ser citados).
Há tambem um resumo muito bom duma publicacao das mesmas cartas em inglês (The Big Three):
(o amor a três é bastante bom, mas nao concordo que seja o ideal: cada um sabe de si e do seu numero mágico)

3.12.2007

revista Krake #2: Goya, devaneios


Uma pequena contrbuicao minha para a revista Krake. A oferta de cerveja grátis para quem ainda se lembrasse acabou.
A revista Krake é uma fanzine com periodicidade indefinida que compila textos e artes várias de interesse para "mulheres que nao estao de acordo com a natureza", a bem dizer, para a mulher poliamorosoa e indomável. Compila cancoes, poemas, experiencias, ensaios e muito mas mesmo muito autohumor. Se querem saber como extrair o máximo rendimento da agricultura polibiologica, ou duma oficina politecnica, é aqui que devem procurar. O número dois vai sair no fim do corrente mês e pode ser pedido através do link acima.




2.12.2007

A super mulher nao é feita de papelão

(obrigada á PV pela ideia, mais uma vez numa altura em que nao consigo ir á procura de outras histórias)

Nada nos parece mais mainstream e conservador que a personagem da Super Mulher (Wonder Woman). Parece o típico produto dos anos reaccionários, uma heroina sexy, de busto e pernas elegantes destinada a agradar a um público consumidor alvo predominantemente masculino (eram os anos em que os consumidores de comics eram... bem... geeks a sério...). Enquando o Super Homem e o Homem Aranha teem direito a cobrir o seu pudor com fatos (justos) de corpo inteiro (o Super Homem tem mesmo direito a vestir cuecas sobre as calcas, hábito de gosto duvidoso, mas eficiente a cubrir a sua frágil pudenda), a pobre Wonder Woman tem apenas direito, mesmo durante os duros Invernos novayorquinos a cobrir o mínimo que o decoro nao cede, num bikini metálico, apenas coberta por uma capa e a sua sexy cabeleira abundante.

Nao sei se alguma vez os criadores de Wonder Woman se detiveram com tais consideracoes. Mas por trás da Wonder Woman, heroina de papel, está uma história de poliamor de carne e osso e nada ficcional.
Os criadores da heroina de BD são Elizabeth Holloway Marston (1893-1993) e o seu marido William Moulton Marston.



nao tem nada a ver com a Super Mulher, mas estas Chicks on Speed sao Super Mulheres IMHO

Com uma formacao em Psicologia e Direito e alguma carreira académica, Elizabeth Marston criou e modelou Wonder Woman juntamente com o seu marido, William. A personagem foi parcialmente baseada em si mesma. As restantes características foram inspiradas em Olive Byrne, a qual viveu com o casal Marston numa relação poliamorosa. Elizabeth e William tiveram duas crianças, e William e Olive mais duas, que foram adoptadas 'de facto' por William e Elizabeth. Após a morte de William, as duas mulheres continuaram a viver juntas e a educar as quatro criancas até á morte de Olive.




excerto do QI, programa apresentado pelo Stephen Fry:

QI, BBC4, 10 Nov 2006, about half-way in:
Jonathan Ross: Can I tell you about Wonder Woman? Wonder Woman's creator was William Moulton Marston ...

Stephen Fry: Absolutely.

Ross: ... who wrote under the pen-name of Charles Moulton, and who was in a polygamous and indeed polyamorous relationship with the woman who co-created Wonder Woman, and another lezzer on the side.

Fry: Absolutely right! *applause* Yep!

Fry: You're right, he married his wife Elizabeth , 22 years of age, and then carried on this affair with Olive.

Ross: And I think they moved in together, didn't they?

Fry: They all moved in together, he had two children by each, and then when he died, Olive and Elizabeth stayed together right up until the death of Olive in the eighties.

Ross: I think it's rather a beautiful story.

Fry: It is a lovely story.

1.30.2007

Dona Flor e seus dois maridos


Há imensas referências literárias acerca do tema da nao-monogamia e tudo o que lhe está na origem. Mas conheco poucas em portugues (é também verdade que nao sou uma especialista de literatura em língua portuguesa, e que alguém conhecer mais, eu agradeco IMENSO).

A referência óbvia é o livro de Jorge Amado, Dona Flôr e seus dois maridos.

Toda a gente conhece aproximadamente a história. Dona Flôr enviuva, num domingo de Carnaval, do seu primeiro marido, Vadinho, um estroina jogador e de pouca confianca, mas divertido e um óptimo amante. Casa-se em segundas núpcias com o respeitável Teodoro, um homem de características diametralmente opostas. Com Teodoro, Flôr sente uma seguranca e uma paz que nunca sentiu antes com Vadinho, mas sente falta da farra pegada que vivia com o seu primeiro marido. O nosso benévolo escritor resolve o dilema de dona Flor, e que é um dos paradigmas de muitas relacoes poliamorosas (que uma pessoa nao pode fisicamente preencher todos os nossos anelos - ok, poder pode, mas seria uma aberracao estatística), permitindo a Vadinho visitar a sua esposa no mundo dos vivos, e dando lhe a capacidade muito desejável e conveniente para as críticas do mundo, que é de ser visível só a Flor.

O livro termina com os três a viver harmonisoamente (mesmo que uma das partes-Teodoro- nao o saiba) e sao felizes para sempre. Pormenor interessante é a "batalha cósmica" travada pelos orixás (ver candomblé) defendendo ora a permanência ora o regresso de Vadinho, e em que o ardor do amor de Vadinho é determinante a desiquilibrar a decisao a seu favor, mesmo quando Exu, seu único defensor, perde a batalha.

(Sim, mesmo quando toda a sociedade olha de lado, a gente aqui cá segue "cantando e rindo", com ou sem Exu).


(Nostalgia alarm!!) Alguém se lembra do filme?