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10.01.2010

Já chegou à moderação e ao coaching...

Viver há tanto tempo fora de Portugal e ter recusado consciente e convictamente deixar de ler jornais portugueses quando o Público decidiu cortar nas despesas e nos revisores (e passar a ter erros piores que os disléxicos erros meus, má fortuna e amores ardentes), ou seja, há bastante tempo, torna-me uma pessoa alienada do que é que se passa. Gosto de acreditar que os contactos que tenho me vão passando não só uma ideia do zeitgeist, mas também um pouco do dia a dia em Portugal.

Isto tudo para dizer, que tanto quanto sei, corrijam-me se estiver errada, ainda não chegou a Portugal a onda do acompanhamento psicológico para indivíduos ou casais, o coaching, o aconselhamento. Ou pelo menos ainda não chegou às vidas das pessoas com quem falo e escrevo regularmente. Estes serviços geralmente oferecem várias coisas, desde gestão e moderação de conflitos, passando por treino de soft-skills e coaching, quer para decisões que afectem carreira ou vida privada, até acompanhamento na procura de visões ou objectivos de longo prazo. Não, não é pago pela caixa, mas é bastante popular, e as pessoas que conheço que usam estes serviços geralmente dão o dinheiro por bem emprego. Para mim, portugalidade ou não, não gosto de meter pessoas estranhas a resolver os meus problemas, e se puder resolvo-os sozinha, mesmo correndo o risco de rebentar. ok, usei uma vez um serviço destes, com alguns caires de queixo a propósito de constelações poly, mas a história fica para outro dia.

Depois desta contextualização toda, aquilo que quero contar acaba por ocupar apenas uma linha ou duas. Num sitio que costumo frequentar que costuma organizar eventos artísticos à volta da sex-positiveness e que é claramente poly no seu manifesto, encontrei um flier dum destes serviços, dirigido especialmente a pessoas poly.

Reza assim (em parentes comentários ou complementos meus)

"(A) Vida poliamorosa (em letras garrafais)

...é excitante, carinhosa, complexa, e muitas vezes também complicada.
Um olhar de fora ajuda em "ensarilhamentos" não desejados.

Coaching sistémico, com competência e respeito por conceitos de vida específicos-
para indivíduos, casais, ou relações com mais que uma pessoa.

Fulana de tal,
Contacto, etc"

Já somos mercado. Wir sind markt!!!

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5.03.2010

...e os vossos amores-cunhados?

Gostava de acreditar que alguém ainda escreve neste blogue, ou mesmo que alguém ainda o lê. Por isso gostava de deixar esta pergunta para que o conteúdo deste blogue também seja feito por quem o lê.

- qual é a relação, ou relações, que vocês tem com os vossos amores cunhados, ou seja, os amores dos vossos amores? ou para aqueles que não vivem de facto em tais constelações, como imaginam que pudesse ser a vossa relação com os vossos amores cunhados? ou como seria desejável que fosse?

Dão-se bem? mal? Toleram-se em agressividade surda? Vêem futebol juntos? São amigxs? São amantxs? Não se podem ver nem pintados?

Espero calmamente mas com curiosidade as vossas contribuições!

Obrigada por lerem e contribuírem.

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2.08.2010

S. Valentim, esse chato...

Escrito a pensar especialmente em quem está com os tomates, ovários, meninges, e outros órgãos bem sensíveis apertados por causa do São Valentim e até tem várias relações a gerir.

Dia dos namorados… e das namoradas… e dos amigos de cama… e dos amigos coloridos… únicos ou vários ou simplesmente inexistentes e/ou desejados..

… Poderia ser um pesadelo logístico, para poliamorosos que o sejam também na prática..

A primeira pergunta a fazer, é porque é que vocês se querem meter numa seca dessas… pensem lá…

(hmmmm… hmmm… hmmm…)

ok, vocês querem mesmo meter-se nessa seca. E não sabem quem é que vão convidar para jantar, ou para almoçar ou para dormir nessa noite. É isso? Ok, não posso resolver esse problema por vocês, porque me recuso a celebrar isso e a meter-me nessa alhada. Mas a título de apoio moral e solidariedade, este senhor também está pelos cabelos com o São Valentim.

Mas olhem! A nossa grande santa galdéria de serviço, Dossie Easton, de vestido vermelho e gert na mão, responde-vos a à pergunta: Como celebrar o São Valentim enquanto poly.

Depois contem como foi.

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1.02.2010

Gestão de tempo.

O tema da gestão de tempo é um tema recorrente a propósito de poliamor. Tornou-se também pessoalmente premente para mim ultimamente, e acabei por escrever um texto para uma publicação local do qual apresento aqui um resumo traduzido.

Para quem vê poly de fora, pela primeira vez, e pensa nas coisas com alguma seriedade, a questão da gestão do tempo surge quase automaticamente. Nem sempre, mas frequentemente, uma relação monogâmica assume que o tempo livre dx nossx parceirx é automaticamente tempo da relação. A pergunta que devolvo, é, essa assumpção é automática ou foi pensada? é que se foi pensada e conscientemente aceita, acho muito bem, divirtam-se, e ficamos por aqui. Mas lanço alguns desafios a quem fez essa assumpção sem sequer dar por isso (muito fácil, mais fácil do que se pensa).

Na verdade, a maioria das considerações e questões acerca da gestão de tempo, fazem sentido para qualquer relação, seja poly ou não.

A gestão do tempo passa por sabermos em primeiro lugar, não quanto tempo precisamos (ou "elxs" precisam) para a relação, mas quanto tempo precisamos em geral, em particular, e para que. Sugestões de categorias para dar nomes aos bois e facilitar este exercício, são:

1) tempo para nós próprios (ler, hobbies, olhar para as paredes, todos os rituais que são nossos e fazem sentido apenas sozinhxs)
2) tempos para os nossos encargos (impostos, dividas, compras, trabalho, higiene, casa)
3) tempo para amizades e vida social (nem sempre queremos misturar amizades com a vida de relação)
4) tempo para sexo (o sexo, tal como o tempo, é um território pessoal, e não da relação)
5) tempo para recuperação emocional (relações emocionalmente intensas).
6)..

O exercício seguinte é repetir as mesmas perguntas com categorias semelhantes para cada parceirxs envolvidx. Se soubermos quais as condições de fronteira é mais fácil resolver o problema e descobrir os possíveis pontos de encontro. Porque nesta ordem? porque se não somos capazes de definir e defender as nossas próprias prioridades, provavelmente não seremos capazes de respeitar o espaço dxs parceirxs ou de não nos perdermos num enorme e esmagador espaço da relação.

Sim, é boa ideia perguntar-mo nos se queremos envolver parceirxs nalgumas daquelas actividades. Mas é boa ideia não o fazer automaticamente, e decidir isso em boa consciência e com cuidado.

O conceito que talvez seja muito revolucionário, e bastante divulgado em meios poly, é que o tempo é uma coisa nossa. Não pertence a mais ninguém, nem ninguém tem direitos especiais acerca do nosso tempo, independentemente de ser ou não nosso parceirx ou amigx ou chefe de departamento.

Um possível passo seguinte, é em caso de conflitos de interesse, usar não só uma comunicação eficiente, seja qual for o estilo pessoal de cada um, mas que seja clara e eficiente e sem ambiguidade, mas também, porque a comunicação sozinha, coitada, não chega, uma postura de respeito e generosidade. Lembrem-se, malta, é uma relação, não é negociar um leilão, nem ganhar um troféu, a ideia é partilhar sentimentos positivos, dar amor, dar o nosso tempo. E por fim, talvez não seja preciso relembrar que é boa ideia respeitar os compromissos assumidos.

o tempo é a única coisa que é limitada. O amor pode ser quase ilimitado, mas o tempo é finito. Mesmo aplicando toda a sabedoria e todo o cuidado do Mundo magoaremos sempre outras pessoas devido à gestão do tempo ou de expectativas associadas com ele. Mas tentar contornar os problemas mais comuns, antecipar e eliminar expectativas não realistas por parte de outrem, e tentar sanar os conflitos que não conseguimos evitar, pode evitar a maior parte dos contratempos habituais.

Espero que este texto ajude, a mim ajudou.

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11.02.2009

Ser e fazer

Uma discussão recorrente nos meios poly ou LGBT (ou em qualquer outro em esteja em jogo uma ou várias identidades e que os membros tenham um modo de vida não normativo), é a questão de se é porque se é e pronto, ou se é porque se faz.

é homem quem nasceu com corpo de homem, ou que se afirma sentir como homem?
é lésbica a mulher celibatária que o afirma ser ou apenas a que o visivelmente e omnivoramente demonstra na prática? hormonas? cirurgia? sim? não? who cares?

costuma haver então o tema recorrente da auto-definição, ou da definição pela prática. Ambas correntes costumam gerar argumentos muito fortes, e em meios activistas por diversas razoes que hoje vou deixar de fora, há geralmente uma tendência para se levar bastante a sério a auto definição.

De acordo com a postura que se deve levar as pessoas a sério pela identidade por elas escolhidas (postura essa que por acaso também é a minha), é poly sim senhor quem diz ter dentro de si o potencial para viver em não monogamia responsável, mesmo que não o ponha em prática. De
momento ou sempre.

O ponto a que quero chegar, e que seria quase risível se não fosse bastante chato, é o caso da pessoa que viveu ou tentou viver poly, chateou toda a gente à volta com explicações, come outs, debateu-se com familiares, zangou-se com o patrão... e depois, quando ou por nunca ter conseguido por em prática a sua utopia poly ou porque por acaso há uma ou várias separações na família, não só toda a gente lhe diz "eu bem te disse", mas de repente uma pessoa passa pela "vergonha" de as pessoas nos enfiarem na categoria dos monogâmicos só porque o parecemos :-P


Bem, isto não é um problema, se pensarmos que um problema é não comer ou perder uma perna.Ou perder a tal relação longa mas que não foi longa o suficiente ou que acabou de modo doloroso. Mas é um tema recorrente nos grupos de ajuda poly, pois uma pessoa perde com isso um "sintoma" da sua identidade, e volta a "confundir-se" com aquilo para onde não quer voltar.

Por hoje é tudo.

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8.19.2009

Mostra e Conta I: Regras e Valores


Quer aqui quer no polyportugal tenho evitado histórias pessoais, mas ando a chegar à conclusão que é exagero meu. Vou tentar começar uma série de "mostra e conta", em que me vou basear no arquivo de entrevistas que dei ou conversas que tive no skype e nerdices semelhantes.

O texto que se segue é uma adaptação das respostas às perguntas "Que regras é que tenho na minha constelação actual, e quais as regras e valores mais importantes" e "como se gere o tempo e o ciume". Para quem não está completamente por dentro, há em meios poly a crença (sim, crença) muito espalhada que as relações poly funcionam bem quando há um bom e sólido sistema de regras, associado com a comunicação como um valor universal über alles, por isso é uma pergunta inevitável e pertinente. Eu começo a distanciar-me disto, embora continue a recomendá-lo.

Tive muitas relações com regras, principalmente no principio desta aventura (aka a minha vida poly, há quase vinte anos). As regras ajudam porque definem o domínio, o espaço, muitas vezes maior do que pensamos, onde somos livres. Criam uma ideia em primeira aproximação (um pouco errónea) de segurança que ajuda a criar as bases para uma segurança de facto, à posteriori. Mas também pode acontecer que as regras podem estar mal definidas, por exemplo porque as pessoas conhecem mal as suas próprias necessidades necessidades, ou dos parceiros, ou porque numa altura precisam mais de segurança do que noutras, etc.

Neste momento, e porque muita coisa está a mudar na minha vida e na de todos os componentes da minha constelação (incluindo os componentes de segunda geração, ou seja, os amores-genros, os amores dos meus amores), mandámos a maior parte das regras pela janela porque simplesmente não estavam a trazer nenhum acréscimo de segurança ou bem-estar. A única regra neste momento é falar uns com os outros e avisar por exemplo se há ou vai haver "mouro na costa". Mantivemos esta regra não por ser uma "boa regra universal" mas porque no nosso caso particular não somos imunes a ciume, e embora queiramos ser livres e que os outros sejam livres, não queremos surpresas ou ter que ver certas coisas acontecer à frente do nariz, pelo menos em certas situações de fragilidade. Fazemos regras pragmáticas para certas situações e janelas temporais e deixa-mo-nos de regras gerais, neste momento não faz sentido. Claro que a regra de falar muito no meu caso é ridícula pois é automático, eu não seria capaz de ter uma relação onde não se falasse, é algo da minha natureza fala-barato e que me é fundamental. Há claro regras no que diz respeito a fazer espaço para ver-mo-nos, acerca de saúde (Sexual e não só), acerca de dinheiro, férias, escolha do desenho de um apartamento e distribuição dos moveis na casa (São poly friendly? geram privacidade? tornam processos e decisões transparentes), coisas práticas e comezinhas mas que estruturam muito.

Dito tudo isto, onde quero chegar, é que o valor supremo para mim é a confiança, mais do que a comunicação. Como explicarei mais abaixo, para mim a comunicação é uma óptima (das muitas existentes) maneira de atingir confiança e respeito. Outros funcionarão de outra maneira. Por outras palavras, vejo a comunicação como ferramenta para a confiança e não como fim em si.

Ilustrando com o exemplo da gestão do ciume e do escasso tempo, vemos ad nauseam em discussões electrónicas a defesa da comunicação mas IMHO no geral o truque subjacente é criar confiança e ou evitar situações que são fragilizantes para outra pessoa. Se isso é feito através de diálogo, através de regras detalhadíssimas, ou de regras gerais, ou simplesmente de "eu não quero ver nem saber o que fazes mas tens a minha bênção" é uma questão pessoal. Não funcionamos todos da mesma maneira, não criamos confiança todos da mesma maneira, nao somos felizes da mesma maneira. Para finalizar, e à laia de comentário, o "respeito" anda de mãos dadas com esta confiança. Se se respeita alguém, é ainda possível magoar alguém, via mal entendidos ou boas intenções daquelas que sobrelotam o Inferno, etc mas é bastante menos improvável do que magoar simplesmente porque, não havendo respeito, ser completamente igual ao litro se algo magoa ou não.. No caso do tempo, acho que o respeito toma o mesmo papel. Nao faz sentido definir ou regular quando é que se está com alguém se se calhar não se quer isso sempre ou o método oblitera ao objectivo. Mas o respeito, e em particular o saber que aquela pessoa está comigo quando está porque naquele momento quer, é para mim determinante. Posso assim, a titulo de exemplo e exagerando um pouco, estar numa relação em que, por exemplo, vejo a pessoa 5 min numa semana e estar felicíssima e completa, enquanto que passar todo o dia com alguém que não me trata dessa maneira é um exercício estéril de organização e manipulação do tempo...

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6.02.2009

what you can loose: polydrawbacks

Para sair um pouco do registro "o poliamor é lindo", relembramos hoje que nos podemos meter em sarilhos ao assumirmos publicamente o nosso modo de vida.

Houve quem já o tenha feito de modo sistematico, por isso nao vamos reinventar a roda. Leiam, tomem notas, mas nao se assustem. o poliamor continua a ser lindo.

http://www.polyfamilies.com/polydrawbacks.html

7.22.2008

Size matters: o tamanho da cama!



...Ir "a três" a n+1 lojas de colchoes.

...Pedir para ver os maiores colchoes e estrados que a loja tem.

...Testa-los indeed a três, em várias combinações, este no meio, aquela de lado, este a fingir que está a ler e com comichão na barriga, a que está no meio a simular uma ida á casa de banho nocturna, para ver se o colchão estremece muito ou pouco... Descobrir que a dureza dos colchoes é função do maior ou menor peso que está em cima. Não é nada linear.

....Gozar o prato da reacção das pessoas e dos lojistas. Opcionalmente, fazer um kiss in.

... Opcionalmente generalizar o kiss in ao resto dos clientes da loja.

... E no fim ir para casa genuína e sinceramente triste porque a solução não é mesmo nada fácil.

...Um colchão de casal é pouco, mesmo para pessoas com corpos elegantes, dois colchoes de corpo e meio juntos é demais, alem de ter aquela fenda irritante no meio. e nem todos temos casas com metros quadrados para dar e vender... e depois falta o estrado e a roupa de cama...

..nem pensar numa cama de àgua.

Conhecem a situação? O que fazer? mudar de cama, de apartamento, ou mudar de volta para a monogamia? ou mesmo para o celibato?

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1.02.2008

Quando há que dizer: o poliamor talvez nao seja para mim...

Devia comecar o ano com um post optimista, mas o vento nao está de feicao, por isso aguentem-se!
Já se discutiu sobejamente aqui o tipo e frequência de reaccoes que as pessoas teem quando confrontadas com a ideia de poliamor. Nao me refiro a ter conhecido uma carinha laroca e ter de lhe fazer o meu come out poly, mas á situacao de estar a conversar despreocupadamente com alguém, e apanhar com as reaccoes que ja se sabe... nao muito más mas também nada de especialmente empático.

Sendo este blog um pouco um blog de informacao e divulgacao (nao no sentido de converter toda a gente a um modo de vida poliamoroso, mas no sentido de demonstrar que o poliamor é um modo de vida válido e merecedor de respeito) eu se calhar nao devia trazer este tema. Mas "eles andem aí...".

Há pessoas que tentam ter um modo de vida poliamoroso. Definem-se poliamorosas. Teem n+1 namorados, por ex. E conseguem estabelecer um equilíbrio, inclusivamente ao longo de vários anos, para que ninguem tenha ciúmes, ninguem se sinta mal, conseguem que a coisa funcione. Mas... Mas simplesmente nao aguentam quando uma das suas namoradas tem alguém...

Situacao engracada, porque pensamos estar a lidar com uma pessoa poliamorosa, com quem comunicamos em "lingua" poly, com background poly, mas na verdade estamos em "no man´s land". Ainda por cima sem ter especial cuidado em eliminar malentendidos porque achamos que tudo vai ser mais fácil "ah, porque ela é poly, que fixe!".

Tenho vivido recentemente isso.... Interessei-me há coisa de uns meses (enquadramento temporal propositadamente nebuloso para proteger a identidade das pessoas em questao) por duas pessoas poly, numa relacao poly... A relacao entre elas existe ha mais de uma dezena de anos. Chegámos mesmo ao ponto de discutir de modo ligeiro, meio a sério meio a brincar, mas com um brilhosinho nos olhos, a óbvia utopia possível mas óbvia que se entrevia á nossa frente. Mas de um momento para o outro, descambou, precisamente porque uma delas teve ciúmes, uns ciúmes completamente absurdos tendo em conta a situacao. E quem teve ciúmes foi precisamente quem tem uma segunda namorada, ha coisa de anos.

Agora o que teria entre maos seria, se eu o permitisse, uma telenovela mexicana, mas nao me apetece. Nao vou entrar em pormenores sobre o que está a passar porque a historia está a correr ainda, e há muita gente para quem este blog nao é anónimo :-). Só digo: vou eventualmente lutar por aquilo que me apetece (Que já nao é nenhuma utopia possivel, mas uma história pragmática e cautelosa com uma das personagens)... nao me vou retirar da situacao para evitar os ciúmes desnecessários de alguém. E quando a poeira tiver assentado um pouco mais sobre esta história, partilharei os detalhes escabrosos aqui.

Este blog tem falta de alguma audiência, por isso telenovelas mexicanas, cenas escabrosas e escandalosas, situacoes rocambolescas podem talvez ajudar a aumentá-las!

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11.27.2007

Paciência


Novembro é isso mesmo, mês de ver chover, de ficar em casa, a bebericar chá e a ouvir música particularmente embaraçosa, sentir a falta dos que foram, sentir saudades de amores antigos ou remoer porque o amor presente não é como queremos, ou porque não conseguimos dar o que querem de nós.. Ou ainda, porque damos tanto que alguém acabe por se sentir mal por esse excesso.

Nem sempre as coisas são fáceis, nem sempre por se rejeitar paradigmas problemáticos implica necessariamente que todo o novo terreno por desbravar vai ser fácil. Precisamente por ser novo e tão belo… torna se por vezes difícil.

Onde ir buscar apoio e conselho para problemas pouco frequentes? Como comunicar problemas e sentimentos novos? Como resolver conflitos dentro de relações que têm poucos exemplos de onde copiar comportamentos e ir pedir conselhos? Onde parar de discutir conflitos e viver um pouco? Onde viver menos um pouco para resolver conflitos pendentes?

Hoje só peço: paciência. Para mim e para elas.

(Obrigada a todxs que me apoiaram, presencialmente ou não, e que acham piada á historia e que querem que ela funcione)

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11.21.2007

Pensamento da semana II: "Serial-polyamory"


Um dos preconceitos contra poly é que " as pessoas poliamorosas ou poliamantes começam a procurar outras novas fora da relação, assim que há problemas na relação original, ou pelo menos perdem parte do interesse (ou da excitação inicial da descoberta) nesta"


Claro que uma frase assim não pode ser verdade, ou é pelo menos que uma generalizacao injusta que não descreve comportamentos pessoais mas sim um eventual comportamento geral ou ética de grupo, e que ainda por cima em termos práticos a esmagadora maior parte das vezes nem sequer é verdade. Geralmente as pessoas poliamorosas interessam-se por outras porque sim, porque encontraram alguém interessante e não têm, ao contrário de quem vive dentro do paradigma monogâmico, necessidade de reprimir esse interesse.


Mas o que se pode dizer, sim, em abono da verdade, é que existem pessoas poliamorosas que saltam alegremente para próxima relação assim que a primeira começa a dar problemas ou quando a excitação inicial arrefeceu. Por outras palavras, não é por algumas pessoas serem poliamorosas e não terem a pressão de encaixar em comportamentos do género serial monogamy que necessariamente não vão ter comportamentos escapistas do género fuga para a frente semelhantes (não terem que lidar com eventuais problemas da(s) relação/oes mais antiga(s)). Ou seja, desinvestem da relação ou relações mais antigas e olham alegremente em frente. No caso do contexto poliamoroso parece-me que é mais difícil confrontar a pessoa com isto e tentar dar a volta ao problema, porque se vai esbarrar em argumentos como não fazer sentido forcar alguém a ter certos sentimentos ou comportamentos (será algum resto de "polyfobia" interna a escrever isto por mim??). E mesmo com todas as ferramentas que o modo poliamoroso de vida dá (hábitos de conversa, troca de informação e análise, experiência na gestão de conflitos, tempo e necessidades emocionais, etc) é difícil lidar com isto, seja num contexto poliamoroso ou não.


My two cents.


11.03.2007


Pensamento da semana:

"não é por eu estar segura de a minha namorada ter a mesma compreensão do poliamor que eu, que me vou sentir menos mal por ela ter claramente sobrestimado a própria capacidade de gestão de tempo com as suas outras namoradas"

confuso? posso fazer um desenho...

(Nao, não são ciúmes. E estou a discutir isto real time com a minha outra namorada. Que é namorada da outra também. Um triângulo quase perfeito)

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11.01.2006

Alternativas á monogamia, I: Cuddling Parties


Queria falar de uma alternativa não literalmente poli à monogamia. Há mais a caminho.

Soube disto numa apresentação/discussão sobre poliamor e alternativas à monogamia que fui apoiar. As cuddling parties, seu conceito e modus operandi, foram apresentados como uma das alternativas (menos conhecidas) à monogamia standard. Em seguida foi apresentada a agenda local de cuddling parties.

O link que vos deixo é o artigo da wikipedia anglófona. Deixo aos leitores e leitoras interessados o trabalho de casa de descobrir a agenda de cuddling parties para o local onde vivem (ou caso esta agenda ainda não exista, sugiro a tarefa sem dúvida ainda mais interessante de as organizar ;-))

Resumindo o modo de funcionamento:
Imaginem uma festa em que o fio condutor é poder facilmente, sem obrigatoriedade, conhecer pessoas e ter um contacto físico a um nível bastante satisfatório e eventualmente carinhoso sem haver pressões para existir um "a seguir". Ou seja, metade das pressões que bloqueiam muitos contactos são neutralizadas à partida. nao tem de haver um "a seguir", não tem de haver sexo, não tem de haver um contacto posterior. Para isso há um conjunto de regras e um conjunto de pessoas (coachers) que verificam que as regras são cumpridas. Estes coachers não são policias, defini-los-ia mais como DJs ou barmen, pessoas que mantém uma festa a funcionar.
(alguém tem uma tradução decente para português do conceito? comentários?)