12.22.2006

Sugestao de Natal: Else-Marie and her seven daddies


Para quem acha que um estilo de vida poliamoroso é algo que se deve levar ás escondidas e de preferencia que as criancas nao fiquem a saber, é melhor parar de ler AQUI e JÁ.

Para os outros, fica esta sugestao deliciosa de um livro para criancas com temática poliamorosa: Else-Marie and her seven daddies. Aproveitem o natal para oferecer alguma coisa finalmente inteligente a alguém. Este livro por exemplo.

Else Marie tem sete pais em vez de um. E quando descobre que eles a vao buscar á escola, apercebe se de repente de que a sua vida, que até entao lhe parecia tao normal, nao é como a dos outros meninos.

Lindo. Era isto que eu estava a precisar de ter (empowerment) antes de enfrentar o Natal.

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12.19.2006

Quotideano Delirante II


Mais quotideano delirante.

Se é para continuar a continuar a contar a história da minha vida, ou pelo menos a polihistória da minha vida, talvez seja precisa uma pequena introducao.

Nao esperem encontrar aqui descricoes de grandes borgas e sexo escaldante. Isto é um blog sobre poliamor e nem sempre isto tem implicacoes a nivel de libertinagem ou sexo. Por isso, quem quer ler tais descricoes é melhor ir para outra freguesia. Nao quer dizer que nunca me tenha acontecido alguma história bastante rocambolesca, daquelas em que uma pessoa se esconde dentro do armário ou no parapeito da janela. Mas nao é essa a ideia deste blog. A ideia é desdramatisar o conceito de poliamor. Somos normais, sabiam? Ou tao normais ou anormais como os nao poliamorosos.

Sou uma mulher. Identifco me como uma lésbica - bi. Quem me quiser chatear acerca desta aparente contradicao, pode escrever directamente para dev/null, essa grande caixa postal. Idem para todas as tentativas de categorisacao e maintreamisacao, principalmente em questoes de género. Bi e hetero definem uma prefêrencia sexual. Lésbica define um perfil social e político. Sou adulta. Maior. Vivo uma relacao em V. Um V fechado, que nao está aberto a novas pessoas. Um homem, uma mulher. Já vivi um triângulo. Nao resultou. Foi uma história que durou 3 anos e que evoluiu para uma situacao diferente por razoes "naturais", ou seja, por razoes alheias a ser uma relacao "nao convencional", nao monogâmica.

Todas as historias de "quotideano delirante" que eu escrever aqui serao garantidamente verdadeiras, nao imaginadas e especificas á minha vida numa relacao nao monogâmica.

Espero que essas histórias tenham interesse para outras pessoas, quer sejam poliamorosos ou nao. E obrigada por lerem.


(curtam uma personagem poly: Amelia Earhart
http://news.nationalgeographic.com/news/2001/05/images/0828_wireamelia1.jpg)

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12.10.2006

Polyamory Records

No outro dia descobri na wire, para minha surpresa, que existe um editora de nome Polyamory (http://www.geocities.com/sunsetstrip/1590/). Fundada por James Toth e Tovah Olson, esta editora, infelizmente em coma desde Dezembro de 2005, tem alguns nomes de grande qualidade no seu catálogo, como Thurston Moore, Wooden Wand & the Vanishing Voice, Japanther ou Wolf Eyes. Uma típica empresa do underground americano, começou como um veículo para os seus fundadores lançarem a sua música, que Tovah admitiu ser na altura muito "naive". A maioria das suas edições foram feitas em cassete ou CD-R gravados e empacotados pelos donos. Mais tarde cresceu e adquiriu um certo prestigio na comunidade da música noise norte americana. Acabou por estancar, principalmente devido à distância física entre James e Tovah, que criou dificuldades na coordenação das actividades. Ambos continuam a fazer música e cada um criou uma nova editora própria, Mad Arab do James e Tovinator da Tovah .

De onde surgiu o nome "Polyamory" só os próprios poderiam esclarecer e eu não tenho lata para lhes perguntar por email, sou demasiado tímido. Ambos casaram-se recentemente. Tovah com John Olson dos Wolf Eyes, que romanticamente lhe enviou por correio o seu microfone preferido. Pode-se portanto presumir que eles não sejam poliamorosos. As minhas buscas na rede não confirmaram nem que fossem ou não fossem, alguma vez tenham sido, ou sequer qualquer opinião expressa por eles acerca do assunto.

Seja como fôr, fica o registo. Entretanto investiguem a música que eles fazem, é tão desafiante como o tema deste blog, o poliamor.

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12.08.2006

Quotideano delirante, I


Ando sem assunto, e sem tempo para desenvolver as ideias que tenho no meu bloco de rascunhos para este blog.
Mas seguindo a sugestão da L (http://fishspeaker.blogspot.com), vou deixar cair algumas historias de faca e alguidar do meu quotidiano como pessoa poliamorosa, como pessoa que é poliamorosa de uma maneira relativamente assumida para o mundo exterior (e histerior).


Já todos nós fomos ao hospital, uma vez ou outra. E já todos nós tivemos que deixar acompanhantes á porta, ou só levar uma pessoa, o tal quase ignominioso "familiar próximo", parábola para maridos e mulheres..

Tive recentemente um grande susto (uma visita aconchegante da Cordylobia anthropophaga), e tive a sorte de ser duplamente acompanhada. Tive o privilégio de ter duplo acompanhamento, de saber que quando estive a ser operada que ninguém estava só, a sofrer por minha causa, na sala de espera. Tive o privilégio de os médicos não levantarem muitas ondas quando os consultórios ficaram mais cheios do que o habitual (grandes risotas naqueles consultórios, quando a dita Cordylobia anthropophaga se deixava ver). Após 5 médicos (um dos quais fugiu do consultório aos berros quando percebeu o que tinha em mãos) e uma pequena cirurgia, a recordação que tenho deste dia é uma jantarada bem disposta e bem regada ao fim do dia, e momentos de apreensão mas tranquilos e cheios de amor.

Gosto muito da minha vida a três.

(Daqui a uns tempos recontarei esta historia na sua enorme vertente cómica. Referencia: Cordylobia anthropophaga)

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11.26.2006

"Alternativas" á "Monogamia" IV: pular a cerca

Desta vez não me esqueci das aspas. Nesta série "Alternativas á Monogamia", nem sempre me mantive no tema das alternativas propriamente ditas, muitas vezes podiam ser complementos. Deixo aos leitores interessados a tarefa de identificarem quais são quais.

No caso de hoje as aspas são pertinentes e obrigatórias, nem havia como me esquecer delas: Nem o que mostro hoje é uma alternativa, nem quem o considera usar é verdadeiramente monógamo.

Já sabemos que há pessoas que se consideram extremamente morais e monogâmicas, e que no entanto mantém relações paralelas, quer puramente sexuais, quer emocionais, quer puramente por status quo ou por desafio ás regras. Whatever. A monogamia de fachada é sobejamente conhecida, e nem sequer vale a pena bater mais no ceguinho.

O que eu achei particularmente divertido no que vos quero mostrar hoje, é que há pessoas que praticam a tal monogamia de fachada, certo, mas que são tão incompetentes que até precisam de agências, pagas, para o/as ajudar a "pular a cerca". Estas agências, que pululam na internet, alem do já corriqueiro (e não necessariamente mau) serviço de contactos (dating) muitas vezes ajudam com conselhos práticos acerca de como o fazer e gerir e oferecem naturalmente a discrição desejada.

Procurei uma ao acaso, e descobri uma lista de preços inacreditável. Homens pagam cerca de 100 Eu por ano, mulheres lésbicas um pouco menos, e mulheres hetero não pagam de todo. Vou resistir à tentação feminista de comentar esta pressão do mercado. Vou simplesmente apontar que o número de membros, desta agência de muitas, ronda algumas centenas de milhar. Não consigo sequer estimar o total de utentes de todas as agências existentes.

E esta é a malta que diz que eu tenho uma vida imoral...

www.direct-date.de/seitensprung-agentur

http://www.dannaweb.de/anmeldung.php?mg=unbeg&gesch=pa


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11.21.2006

Alternativas á monogamia III: Quirky Alone

Tenho mantido este blog escrevendo essencialmente sobre poliamor em todos os seus aspectos, mesmo aqueles que não vão de encontro á situação particular que vivo, mas gosto também de ir além do tema poliamor per se e de apontar todas as situações em que o paradigma monogâmico tenta marginalizar (mais ou menos) quem nele não se encaixa, seja por ser poliamoroso, seja por dizer as coisas duma maneira demasiado honesta que desafia as aparências, seja por rejeitar todo aquele sistema de valores que vem com o pacote.

A terceira alternativa á monogamia que vos quero chamar a atenção é simplesmente ficar sozinho. Single, sozinho, solteiro... Ficar sozinho também desafia as normas. Ficar "orgulhosamente só", por escolha. Ficar sozinho mas rejeitando a pressão social para se "arranjar alguém", rejeitando a neurose e o estigma social que acompanha quem fica sozinho. A conclusão mais frequente é que, uma vez que ninguém, obviamente, fica sozinho por escolha própria, é porque de certeza nao é boa pessoa, ou é um granda chato.

É difícil de encaixar a muito boa gente que há quem fique sozinho por escolha. Pessoas com uma vida preenchida socialmente ou com paixões especificas e absorventes por determinados temas e ou actividades talvez não estejam propriamente infelizes por estarem sozinhos. Talvez haja quem voluntariamente decida não ter uma relação (ou mais).

A mim o que me saltou á vista foi o alivio imediato da tentação de se saltar para a próxima relação de modo acrítico só porque está sozinho.

Desafio vos a darem uma vista de olhos pelos Quirky Alone. É bastante ilustrador.

http://quirkyalone.net/qa/

http://www.todolistmagazine.com/quirkylikeus.html

http://en.wikipedia.org/wiki/Quirkyalone


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11.07.2006

Alternativas á monogamia II: Swinging, Comunidade electrónica portuguesa




Sem querer recomeçar a grande discussão swinging versus poliamor, mas tendo em conta que é um tópico relacionado (para não mencionar que muita gente desagua no poliamor via curiosidade por práticas próximas do swinging) limito me a anunciar que existe um portal dedicado à crescente comunidade swinger portuguesa.

http://www.swingersportugal.com/

11.01.2006

Alternativas á monogamia, I: Cuddling Parties


Queria falar de uma alternativa não literalmente poli à monogamia. Há mais a caminho.

Soube disto numa apresentação/discussão sobre poliamor e alternativas à monogamia que fui apoiar. As cuddling parties, seu conceito e modus operandi, foram apresentados como uma das alternativas (menos conhecidas) à monogamia standard. Em seguida foi apresentada a agenda local de cuddling parties.

O link que vos deixo é o artigo da wikipedia anglófona. Deixo aos leitores e leitoras interessados o trabalho de casa de descobrir a agenda de cuddling parties para o local onde vivem (ou caso esta agenda ainda não exista, sugiro a tarefa sem dúvida ainda mais interessante de as organizar ;-))

Resumindo o modo de funcionamento:
Imaginem uma festa em que o fio condutor é poder facilmente, sem obrigatoriedade, conhecer pessoas e ter um contacto físico a um nível bastante satisfatório e eventualmente carinhoso sem haver pressões para existir um "a seguir". Ou seja, metade das pressões que bloqueiam muitos contactos são neutralizadas à partida. nao tem de haver um "a seguir", não tem de haver sexo, não tem de haver um contacto posterior. Para isso há um conjunto de regras e um conjunto de pessoas (coachers) que verificam que as regras são cumpridas. Estes coachers não são policias, defini-los-ia mais como DJs ou barmen, pessoas que mantém uma festa a funcionar.
(alguém tem uma tradução decente para português do conceito? comentários?)

10.17.2006

Incompatibilidade social: flirt, e relacao romântica a dois/duas

Recentemente foi enviada para a lista PolyPortugal a seguinte peca:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/09/060926_flerte_dg.shtml

segundo esta, o flirt apimenta as relações, e mais uma série de lugares comuns em estilo jornalista "boulevard". Mas o que me chamou a atenção, é que, do modo como está escrito, deduz-se que a convenção social não espera que o tal flirt seja um comportamento correcto numa relação monogâmica.

Bem, mais uma vez fiquei chocada, porque embora não seja uma pessoa que goste de flirts e jogos, não percebo onde está aqui o factor "magoar/engano/etc". Talvez alguém me possa explicar? Mas enfim, talvez eu esteja tão "corrompida" que já não consiga entender a psicologia das "relações românticas a dois/duas".

Apressadamente, ainda de férias, divirtam-se!

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10.12.2006

Mexico, Oaxaca: o respeito pelos direitos dos outros é a Paz

Como devem ter reparado, não tenho actualizado nada este blog. A razão é simples. Estou a viajar pelo México durante todo o mês de Outubro.

Sem tópico especifico. Escrevo isto desde Oaxaca, uma cidade que está sem governo e sem polícia desde Junho deste ano. Espera-se hoje uma visita senatorial para avaliar da teórica ingovernabilidade do estado de Oaxaca, para evitar o recurso a uma marcha do exercito federal. Para uma cidade sem polícia, sinto me super segura aqui, e as pessoas dizem que não houve aumento da criminalidade. Começo a achar que todo o governo alem do básico é completamente supérfluo.

Aproveito para citar o celebre oaxacateco (na verdade zapateco) Benito Juarez "O respeito pelos direitos dos outros é a Paz".

As únicas coisas a assinalar (marginalmente ontopic) seriam o encontro poli em Cuernavaca ao qual não fui, um artigo sobre Susan Sontag que saiu na revista semanal "O Processo" adiantando citações de textos inéditos (muito interessantes, combinando entusiasmo sexual com uma intelectualidade descontraída e desenvergonhada) que serão publicados ao longo de 2007/8. Finalmente, o que talvez seja mais in tópico neste texto sem pés nem cabeça, o postal de Frida Kahlo que vi numa loja de posters inacreditável em Taxco. Este postal retratava duas mulheres que definitivamente se queriam, e que posaram alegre e descontraidamente para a câmara. Nao me parece que se estivessem a esconder-se. Depois de tanto hype à volta da mesma Frida, nunca ninguém se lembrou de referir que os seus chamados "casos extra conjugais" eram consentidos.

Até à vista.

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9.27.2006

Sexo em Público, parte I


As reacções aos meus poly outings tem sido variadas mas raras vezes apanhei reacções realmente negativas, daquelas de confrontação directa a raiar o insulto. Estas são geralmente em contexto "internet anónimo", por exemplo em fóruns ou listas de discussão, em que as pessoas podem permitir se tais ataques sem terem de defender a sua posição de modo consistente. Quando o faço, em situações de cara a cara, as reacções negativas são do género condescendência, um olhar de duvida, um esgar de troca. Cepticismo. Por vezes inveja. Porquê?

As pessoas falam constantemente sobre amor, emoções, sexo, mas sempre por detrás duma barricada protectora, seja ela uma "conversa de pendor cientifico" com poucos exemplos na primeira pessoa, ou uma conversa pessoal, mas sempre superficial. Raras vezes se fala com verdadeira frontalidade. Daí, quando tenho os meus poly outings, com as tais pessoas com as reacções menos positivas, tenho a sensação que estou a praticar sexo em publico. Que isso desencadeia uma serie de imagens na mente do ouvinte céptico.

Gore Vidal disse que "Sexo é Politica". Eu digo mais, tudo o que fazemos na nossa vida e que é visível para outrem é politico. Neste caso, a partir do momento que se sai da gaveta romântica de relações a dois, todas as suposições são possíveis.

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9.20.2006

Da europa: proximas mesas poliamor

Para quem anda por fora:

Zurique: 6 Outubro, no restaurante vegetariano Bona Dea
Berlim: 13 Outubro, restaurante Nola´s am Weinberg (Berlin-Mitte).
Ambos ás 18h

(estou com falta de assunto, sim!)

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9.15.2006

Revista GRAZIA: Artigo/Entrevistas sobre poliamor

Saiu quinta feira passada. Cinco páginas de artigo. Vejam por vocês mesmos. E auscultem as reacções por aí.

http://poliamorpt.com.sapo.pt/press.html

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Forum espanhol "sexo y politica"


A lista espanhola de poliamor tem cerca de 80 membros, distribuídos um pouco por todo o mundo, aproximadamente o dobro do que tem a lista portuguesa.

Tal como a lista portuguesa, é muito variada em membros e posições defendidas.

Para reduzir o volume de tráfego na lista de distribuição e também para dar visibilidade a alguns dos temas ao mesmo tempo que se facilita o acesso dessa informação a curiosos interessados, foi criado um fórum, "Sexo y Politica".

http://www.normalworks.com/sexoypolitica/

Dentro deste, há um fórum dedicado a poliamor:

http://www.normalworks.com/sexoypolitica/viewforum.php?f=14&sid=28258e72c77c7f6dc7c26e9468540566

há também fóruns dedicados a politica e outros temas queer.

Neste momento, o fórum foi acabado de criar e é continente praticamente por desbravar. Muito poucos membros, quase nenhum post. Mas talvez valha a pena acompanhar.

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9.13.2006

Mesa de discussao poli no Porto

Irá decorrer um encontro e mesa de discussão poli a partir das 20.30h, dia 13 Setembro, no Café Lusitano na Rua José Falcão, Porto (ver mapa).

À imagem das mesas anteriormente organizadas, esta visa proporcionar um espaço confortável, não intimidante e respeitador das individualidades de cada um, onde se possa conversar sobre diversos assuntos dentro da temática e prática poli com pessoas com problemas semelhantes enquanto se bebe um copo relaxadamente.

Como referência, haverá alguns panfletos poli pousados em cima da mesa.

Acrescento que, para já, este será um evento único. Mediante o retorno, estudar-se-à o caso de retomar os encontros regulares.

Mais informação, na lista de distribuição PoliPortugal.

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9.03.2006

Aline



(tip da A.L.)

Aline não é exactamente uma personagem de romance, mas é uma personagem de banda desenhada, o que vai dar ao mesmo. Ou melhor ainda, dependendo dos gostos.

Esta série, Aline, do autor Adão Iturrusgarai, é publicada pela Devir.

Press release da Devir: http://www.devir.com.br/hqs/aline_era.php
Site Oficial de Iturrusgarai: http://www2.uol.com.br/adaoonline/novosite/aline/personagens/aline.htm

Aline tem dois namorados. Partilha apartamento, cama e mesa com ambos. Os pequenos percalços do quotidiano são nos mostrado com ligeireza mas não sem ironia, e para aqueles que vivem uma relação não monogâmica (não necessariamente no modelo de Aline), está sempre presente a cada página o sentimento de que o autor acerta mesmo na "mouche"... Aline é incrivelmente normal. Nao é uma heroína corajosa que enfrenta aventuras estranhas em que os seus dotes disto ou de aquilo se tenham de evidenciar. é uma mulher jovem igual a tantas outras. Com confiança q.b., com insegurança humana, com um quotidiano normalíssimo que partilha não com um mas com dois namorados. Nao filosofa sobre o seu modo de vida nem questiona o seu desejo em termos morais. Nada nos indica que seja uma pessoa amoral ou o contrario. É simplesmente irrelevante para a historia ser interessante ou para a personagem ser consistente. Quero conhecer mais gente assim, principalmente mulheres, gente que viva bem com o seu desejo e sem problemas morais herdados de outrem.

Uma boa colecção de links sobre Aline (entrevistas ao Autor, criticas..):

8.28.2006

pt.wikipedia: poliamor




A silly season continua com pertinácia sobre nós. Eu, com finalmente tempo nas mãos, resolvi continuar o artigo sobre poliamor na wikipedia em português. Surpresa minha, vi que o artigo tem sido continuamente actualizado e acrescentado. Vale a pena ler, e vale a pena continuar a trabalhar nele.

Enjoy. http://pt.wikipedia.org/wiki/Poliamor

Adicionalmente, fiquei a saber, grassas a esse artigo, que existe um projecto de filme, em português, sobre o tema. Fiquemos atentos. E quem souber mais coisas que me conte, que estou em brasas de curiosidade!

http://www.poliamore.com

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8.11.2006

Indymedia: Contracultura, Desafio á Monogamia


Transcrição do artigo que escrevi no IndyMedia (sim, sem acentos)!
http://pt.indymedia.org/ler.php?numero=93624&cidade=1

Desafiando o "status quo": monogamia?

.Monogamia e Propriedade.
É uma dos ultimas questões sociais dos recentes anos. o tema da monogamia e o seu papel regulador da sociedade que temos tem sido pouco estudado até há relativamente pouco tempo. Uma consulta ás leis de transmissão e gestão da propriedade tropeça a cada paragrafo na definição de casal e conceitos anexos. Outra consulta interessante é acompanhar a interferência cada vez maior do estado na vida privada dos cidadãos, e apreciar como isso depende fortemente do conceito de família baseada no casal. As famílias dos nossos bisavós, com as suas redes de afectos estendidas assim como a sua transmissão de influencia e propriedade em redes complexas, com por ex crianças educadas por várias pessoas que não os progenitores, talvez experimentasse dificuldades nos dias de hoje.

.Monogamia e Moral
Levando a questão um pouco mais além, para o campo da moral e da ética, assistimos nos últimos anos à emancipação lenta da mulher no quadro legal, ao reconhecimento lento e embrionário mas sem duvida presente das minorias, ao desabrochar do conceito de democracia não como uma ditadura da maioria, mas como uma sociedade em que todos, indepentemente da sua individualidade, têm privilégios iguais perante a lei. Curiosamente, o conceito de família como casal monogâmico, que foi consagrado nas primeiras leis a regular a vida privada em plena revolução industrial manteve-se intocado. Vale a pena referir que o casamento tornou se um sacramento apenas na alta idade media, que os primeiros cristãos praticavam quer o casamento de grupo quer o amor livre, e que muitos autores atribuem a regulação da vida privada por parte do estado como uma reacção num estado laico à perda de poder das Igrejas. Poucos movimentos revolucionários o contestaram. Algumas feministas mais radicais em diversas fases da historia contestaram a monogamia como uma consequência imediata do patriarcado. A contra cultura das comunas fez muita experimentação acerca disso mas experimentou sempre grande repressão politica.

.A opção pessoal
- Vivemos mesmo monogamicamente? é sincero? é consistente?
Olhem à vossa volta. Quantos casais que juraram monogamia conhecem que não a negam na prática, ou que pelo menos só não o fazem por medo de ser apanhados (A palavra é covardia)? Acham que isso é viver de modo consistente em monogamia? Recentemente várias comunidades têm publicado as suas experiências em viver de modo não monogâmico responsável, quer seja em regimes de relações abertas, de relações múltiplas ou qualquer combinação que implique não enganar outras pessoas e a si próprio com o ideal da monogamia. Monogamia é para quem quer e quem pode. Há muitos de nós que não querem nem podem.

Mais recursos (em Portugal) sobre discussão e suporte à não monogamia responsável:
http://laundrylst.blogspot.com

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http://www.poliamor.pt.to/

internacional:
http://www.polyamory.org/


http://pt.indymedia.org/ler.php?numero=93624&cidade=1

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8.08.2006

III days



Three Days
(Jane´s Addiction, taken from Ritual de lo Habitual)

Three days was the morning.
My focus three days old.
My head, it landed to the sounds of cricket bows...
I am proud man anyway...
Covered now by three days...

Three ways was the morning.
Three lovers, in three ways.
We knew when she landed, three days she'd stay.
I am a proud man anyway...
Covered now by three days...

We saw shadows of the morning light the shadows of the evening sun till the shadows and the light were one. Shadows of the morning light the shadows of the evening sun till the shadows and the light were one...
True hunting is over.
No herds to follow.
Without game, men prey on each other.
The family weakens by the bite we swallow...
True leaders gone, of land and people.
We choose no kin but adopted strangers.
The family weakens by the length we travel...

All of us with wings...
All of us with wings...
All of us with wings!
All of us with wings!
All of us with wings!
All of us with wings!

Erotic Jesus lays with his Marys.
Loves his Marys.
Bits of puzzle, hitting each other.
All now with wings!
"Oh my Marys! Never wonder... Night is shelter for nudity's shiver..."
All now with wings…

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7.27.2006

Artigo da NewScientist: the polyamourists


(tip do Vasco)

Na New Scientist de Julho (NS, 7/Jul/06, #2559 pp.44) saiu um artigo sobre o assunto que nos faz estar aqui todos caidínhos a ler (não é jardinagem). É um artigo de divulgação, ligeirinho, daqueles que podemos deixar à beira de uns amigos ao café, assim como quem não quer a coisa, para lhes sondar a opinião sem nos comprometermos.

Este artigo não fala do poliamor duma maneira extensiva ou detalhada, mas parte da vivência duma "família", e das suas regras como ponto de partida para explicar os princípios gerais do poliamor. nao aprofunda, é um artigo exploratório, penso eu, que sonda as reacções de quem o lê. Curiosamente, por ser um artigo um pouco mais ligeiro, certas ideias ganham realce quando noutro tipo de artigos têm tendência para se perder. Gostei de ver, escrito preto no branco, que as relações poli são simplesmente realistas (em oposição à tendência de as criticar como utópicas), pois retiram a pressão (que as relações monogâmicas necessariamente têm) que há em encontrar alguém que nos preencha em todos ou quase todos os aspectos, e que nas relações poliamorosas cada pessoa pode explorar (para não dizer descobrir) diferentes aspectos de si própria realçados ou catalisados por diferentes pessoas. A segunda ideia que acaba por ficar retida, é a de que a constelação em que esta "família" vive é apenas uma de muitas. Mostram nos o seu esquema de Langdon, mostram nos um pouco do seu código de conduta, Mas é realçado que é importantíssimo criar regras consensuais. Existem modelos, certo, para quem já leu sobre as experiências de outras "constelações". Mas cada um sabe o que é bom para si e qual o grau de segurança e de experimentação que está disposto a levar a cabo.

O link para a versão (incompleta) on-line:

http://www.newscientist.com/channel/sex/love/mg19125591.800-love-unlimited-the-polyamorists.html

Quem quiser ler este artigo na totalidade, pode, alem da versão para assinantes da NS, encontra-lo na zona de ficheiros do grupo PolyPortugal.

Obrigada por lerem.

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7.25.2006

Stereo Total: "Amour à 3"

Dizem que um movimento precisa de canções. Nós ainda não somos um movimento, mas somos já sem dúvida uma contra cultura.

Dos StereoTotal:

L'AMOUR À 3(F. Cactus/v. Finsterwalde)

moi ce que j'aime c'est faire l'amour
spécialement à 3
je sais c'est démodé
ça fait hippie complet
mais je le crie sur les toîts
j'aime l'amour à 3
moi ce que j'adore
c'est les petites caresses à 4 mains
si l'1 des 2 s'endort, l'autre s'occupe de moi
ouh! voilà l'amour à 3ouuuuuh ...
j'aime l'amour à 3 ...
moi ce que j'aime ...
c'est sexy, extatique
crazy, excentrique
animal, romantique
c'est communiste
ouuuuuh ...
j'aime l'amour à 3
...vive l'amour à 3!

em inglês, alemão e francês aqui. Divirtam se a cantar :-)
http://www.stereototal.de/music/lyrics_lz.html#liebe

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7.13.2006

nonsense: poly gate

Quem quiser saber mais sobre tecnologia de semicondutores com paletes de poly-gates, pode ler este pequeno e jeitosinho livrinho...









6.21.2006

graswurzel

"Atrás de cada rosto insuspeito uma vida única. E á sua frente, um futuro único"

Extracto modificado de artigo publicado na Zona Livre.

Entreguei no último número da zona livre a tradução de um artigo pessoal e descritivo (da minha amiga e cúmplice de conspiração G. Altenhoeffer) sobre poliamor, esperando começar a discussão sobre o tema. Por algumas respostas que tive (obrigada!) senti-me na necessidade de explicar alguns pontos. Não quis apresentar definições ou grandes dissertações sobre o poliamor, não-mogamia responsável, relações abertas, aneis, redes, triângulos, etc. etc. etc.. Basta apresentar o poliamor como qualquer relação que se afasta conscientemente do modelo monogâmico, e já temos material que baste. Não quis fazer uma apologia do poliamor como um modo de vida que todas devamos abraçar imediatamente e sem excepção. Cada uma sabe de si e o amor (em todas as suas formas) sabe de todas. Quis sim, como disse, em primeiro lugar, lançar a discussão. Em segundo lugar, quis mostrar que há ainda mais diversidade do que se vê em primeira aproximação, mostrar que há outros modos de vida a acontecer mesmo ao nosso lado, e que pedem e merecem visibilidade e respeito. Por fim, quis mostrar ás que, mergulhadas numa sociedade que força o paradigma monogâmico, e vivem ou contemplam viver em poliamor, que não estão tão isoladas como isso: "Nós andamos aí".

As reacções que tenho tido têem sido semelhantes em quantidade e qualidade a reacções ouvidas nos últimos anos noutros ambientes, noutros contextos. Vejo isto como animador, pois parece indicar que diferentes ambientes sociais não influenciam a predominância de um certo tipo de reacção. Estamos pois a falar de um tema que é essencialmente humano e pessoal e que não é influenciado por modas, idade, culturas ou educação. Tive reacções de grande hostilidade (a raiar o insulto), outras de grande cepticismo ("esse modo de vida é sustentável?"). Tive outras de tolerância em que pessoas que não se imaginavam fora do modelo monogâmico aceitavam que isso pudesse ser válido e respeitável para outrem. Dentro deste grupo ouvi muitas referências a uma ou outra história poliamorosa de pessoas delas conhecidas. Finalmente conheci algumas pessoas que se identificavam (em teoria ou em prática) com alguma forma de poliamor.

As tais reacções de hostilidade foram as que me fizeram desenterrar o que vem a seguir. Nas comunidades GLBT de língua alemã, a fracção lésbica que recusa o paradigma monogâmico tomaram como designação para esse movimento a palavra "Schlampagne", que é uma mistura bastante feliz de "Campagne" (campanha, no sentido de luta política) e "Schlampe" (vádia, galdéria, pêga). Do mesmo modo que no início dos movimentos feministas e lésbicos a palavra "lésbica" era usada como insulto pelo vulgo, sendo adoptada pelo movimento, reinventada com um novo sentido positivo, houve mulheres que começaram a usar palavras como "vadia" ou "galdéria" para se autodescreverem como mulheres rebeldes em relações não monogâmicas, fora da boa ordem estabelecida, que não se preocupam minimamente com a reprovação de quem usa tais palavras como insulto intencional. Pergunto-me muitas vezes qual vai ser a palavra portuguesa (existente ou por inventar) que vamos inevitavelmente descobrir para descrever a mesma identidade.

A "Schlampagne" bate-se pela colocação ao mesmo nível de consideração (material e social) de todos os modos de vida, em contrário ao acumular de privilégios (materiais e sociais) de certas formas de relação aprovadas socialmente (estamos a falar de casamento em sentido lato, em todas as suas variantes gay-hetero-religioso-civil-etc). As mulheres dinamisadoras deste projecto têem organisado encontros regulares. Na ordem dos trabalhos destes encontros encontra se a elaboração de estratégias concretas para atingir esse fim. Mas estes encontros têem servido também para três outros objectivos muito importantes. O primeiro é a autoajuda (criação de redes de contactos, encontros, troca de esperiências, descoberta de identidade), o segundo a divulgação (quer dentro das várias comunidades lésbicas quer para a comunidade em geral) e o terceiro a influência política através de colaboração e negociação com organisações de solidariedade.

A modo de conclusão, gostava de acrescentar que não aprecio cega e necessariamente tudo o que se faz "lá fora" a nível de activismo ou auto identificação GLBT. A nossa comunidade é pequena, e por ter pouca gente activa, desenvolve-se mais devagar do que as comunidades "lá fora", é um facto. Mas há muitas vezes a tentação de tomar o estado das coisas (ou pelo menos a face mais visível desse estado de coisas) "lá fora" como a bitola do que as coisas devem ser ou passar a ser nas comunidades GLBT portuguesas. Penso que precisamente por não termos o mesmo ritmo de acontecimentos que "lá fora" temos a oportunidade de evitar repetir os erros de outros e de encontrar uma identidade própria. Isto para explicar que fui buscar este exemplo alemão simplesmente porque o tema me diz pessoalmente muito respeito, porque ilustra os conceitos que tenho estado a tentar explicar, porque é uma faceta do movimento GLBT de "lá fora" que, curiosamente, é pouco conhecido cá, e porque tem muito potencial em termos de discussões instrutivas.

Em Portugal, não sei se queremos ou se alguma vez poderemos atingir tal dimensão e nível de organisação. Esbarramos com os habituais argumentos da massa crítica e a falta de tradição associativa portuguesa. Mas parece haver motivos para se dizer que há bastantes mulheres/lésbicas que vivem ou contemplam viver "de modo contrário á ordem estabelecida". Resta saber se essas mulheres têem interesse em criar as tais redes de contacto e ajuda.


Fontes:
[1] www.graswurzel.net/243/schlampagne.shtml
[2] www.wikipedia.org (poliamor/polyamory)
[3] "Breaking the barriers to desire", K. Lano and C. Parry (ed.).Five Leaves Publications

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6.15.2006

Várias Comunidades

Para quem aprecia o conceito de comunidades na direcção do ZEGG ou do Tamera, aqui vai uma colecção delas. tirados da poly-ch. A maior parte delas são na Alemanha.

(não é o tipo de coisa em que eu embarcaria, mas são formas de relacionamento alternativas válidas).

E aqui a referência para o livro Ecovillages


www.Lebensgarten.de (140 Pessoas)
www.Lakatien.de (110 Pessoas)
www.ZEGG.de (80 Pessoas)
www.Tamera.de (50 Pessoas in Portugal)
www.Pankgraefin.de (80 Pessoas)
www.Oekodorf7linden.de (80 Pessoas)
www.kommune-niederkaufungen.de (70 Pessoas)
luebnitz.lebensgut.org (35 Pessoas)
www.lebensgut.dewww.oekolea.de (??)

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5.30.2006

polylogo


This logo was developed by Gwendo, and you should feel free to download it for all polyfriendly purposes.
You are also free to pick up a pen and convert those crosses into arrows if you have to.
More about this logo, the Krake project, and for praisal and so on: polylogo@gmx.de

5.24.2006

A perfect day

Escrevi este texto em Janeiro de 2005, no mesmo dia deste acontecimentos aqui descritos. Recentemente a vossa já conhecida Gwendo resolveu compilar uma zine poly em Munique, a Krake, e pediu me alguns textos. Desenterrei este que traduzi e adaptei para inglês. Quem tiver interesse em receber a Krake, que é escrita em alemão com excepção dos meus textos e se dirige a um público feminino (queer) deve contactar-me ou á Gwendo.


6/Jan/2004 - "A perfect day", or, "on the nature of Present and Future in relationships".

We had a beatiful day today, cold and bright, planted in the middle of a grey and condescending January. We decided to jump in the car, throw some wine and cheese inside a picnic basket and just drive to that medieval village we contemplated visiting for so long. In pure honesty, what was really important was not quite the village itself, but driving there, and images like that of a k7 box tapping lazily against a thermobotle filled with tea on the bottom of the car.

The day was so bright that we drove with an open car, heater constantly busy. Nothing between us and the blue sky except icy wind. Buried in berets, caps and coats, we insisted in the decadent poetry of the open car. We crossed the kms of suburbia where nobody who wants to be taken seriously really wants to live. We suffered with a smile and dreamy eyes all the fatal colds and lung infections that the bypassers would predict (or even wish) us.
The rolling hills immediately afterwards were crossed at antisocial cruising speed, more adequate for contemplative beings than for drivers in a competitive world, "Durutti Column"´s gentle music as soundtrack. All other cars on the road got, thankfully, impatient and eventually overtook us, finally leaving us alone on the asfalt, mountains looming proud on the horizon as sentinels. Being January, the shadows were dark and long against that impossibly bright green. We were very happy, happy inside, and happy with us. All of us. Very likely we were asking ourselves in silence (well, I was, at least, definetely) if we shouldn't be together again, specially after we recreated such a beautiful moment without any effort. But nobody voiced it loud. Maybe because all of us knew that this thought was not only in one´s head. Maybe because we were in a way together again.

We got to our destination, and unanimously decided to skip the cultural visit, expontaneous empty heads we all are, and just indulge into walking along the river where so many before us strided through the centuries. Let's assume it, is has been a quite "bourjoise" saturday, and not even shopping was overlooked, in an improvised antique shop contiguous to the city walls, smelling of mold and "saudade". This shop we left with the already usual amount of odd music reliqs and unlikely objects which will end up some day in another antique shop after we become dust, without lips to kiss and love anymore.

But, allas! Suddenly the fight erupted, violent, unsummoned, redundant and ridiculous like always. It is the end of the state of grace, the World becomes ugly in a second, and each of us only wants to go back home, to familiar territory, where one can be alone and not face this another defeat. We know then, that this fighting is an old story and that rivers don't run backwards.

Now it is clear why we are not together anymore. Because of never being able to handle such fights. But at the same time, we are silently certain that such moments tell us clearly how precious the Present is, and that they remove all fear from the Future. If this is our beautiful and bitter Present and we have no expectations from the Future, then we are free because we have nothing to loose. Ours is the complete beauty of a moment because we don't try to confine it.

We flee to the car, because only a trip back home can give us the isolation needed. After such bitter discussion none of us can endure to sit together. But suddenly we hear music, and we follow it, like children. There is a party going on. We are explained that is a very seldom heppening, takes place only every seven years for centuries and that people drive specially for the occasion (and we land on it unknowing.. so typical) We drink some with the crowd, and let the party creep inside us. We are still bleeding inside, but now we are somehow in peace. We go to the car. We lay a table cloth over the motor cover, blue and white squares over metal, and make our picnic there, in the cold air. The crowd and the dance are a distant rumour now.

Now we are home. I am writting this. We pacified our feelings over a spartan but correct table. The same blue and white table cloth, some beans, bread, wine, some manioc as dessert. Coffee, "medronho" and a hand rolled cigarrette to close it. I spent the whole trip home cunning ways to ensure I could be alone, not see these two lovely but so irritating darlings for some time. Too painful to see them. But as soon as we arrived, it was just automatic to sit at the table and eat together, like we did for years, like a family that we never stopped being, even after we are not together anymore. I watch them talking on the sofa as I writte this. They know what I am writting about.
I am almost finished with the writting. I think I will publish it online, and then go over there, to the sofa, rejoin those two, rejoin our bliss. I don't know what the evening is reserving me, but I am sure it will be wonderful, after a wonderful day. Maybe this evening has no Present and no Future, or maybe it has. But this is not important. Love doesn't care about the potential of a nice and confortable Future. Love is something that just happens and knows no boundaries.

5.03.2006

Poli em Portugal (ou o que eu vi disso)

This article is adapted from something I wrote for the alreadyrefered Krake zine from Gwendo (polylogo@gmx.de). I dont claim everything to be correct. I am giving a report of my six months I spent here paying special attention to poly visibility and oganising meetings.

Comments and questions welcome!


A very personal view on the poly scene (as it let itself be perceived) in Portugal


I started writing this with the thought of making a cold, uncommented and distanced description of what I was able to see from the polyamory culture in Portugal, in the 6 months I spend back in my motherland. But right in middle of writing it I came to the conclusion it was impossible for me to do so, that I had to bring here some of my personal background and emotions.

Maybe I would try to explain why I landed in poly first of all. I will try to be brief. The idea dawned in my mind more or less without external influence. I was finishing my studies, which is something that makes one think about the future, and got very disappointed by the relationships I saw around me. Either they were powered by an idea of love as submited to rules and regulations, oriented to a very long distance future, or were romantic passion driven. I have also seen schizofrenic cases of relations that try to follow both models, to my bewilderment.

The romantic passion is something that burns the house. Lives the moment, it is obsessed, it is exalted, it is pure pyrotechnic virtuosismo. Kills individuality, burns the future, raises inflated expectations. Ok, the outcoming poetry of it all is just great, and probably plays some role on the basis of Western Literature and Art, but you cannot expect to live long in such exalted state. One becomes first the mirror of The Loved One and then The Loved One's living picture. You become her. Of course I know that one cannot choose if passion knocks loudly at the front door. But already then I had the suspicion that many people seek this state desperately as an objective in itself, even more important than finding the eventual Unique Loved One.

I have difficulties in speaking impartially about the other model for which I even lack a decent name, but I will do my best. It is regulated by the idea that a relationship is successful only if it is long and it "works" in everyday life. It is "pass/fail" evaluated. Like, if the love of today is the token that it will work tomorrow, and tomorrow, and after, for years to come, no matter how much the people develop and their views change. In this model, strict rules are to be followed, and I have the suspicion that not only your actions and habits are to be regulated, but also what you should think and feel. In short, I suspect that also love suffers an attempted regulation (and "kindly explain me how can love be regulated?", is my eternal question to these people).

Without going too biographical, I was more than a decade in theoretical contemplation of some idea of poli and occasionally reaping some stoms and arguments with people because of some shy attemps at it. I recall from those years the sense of defeat and the isolation, the feeling I was not being understood by people around me. After some time I resolved this and settled my life in a more constructive way. Praxis began. For good and lasting. I had support of a lot of same minded people I found meanwhile in the german city I was living in.


Because I was aware how the very existence of these people did so much for me, and I was so thankful to have had this support, I decided I had to do the same in Portugal. In our days, there is so much you can do remotely over internet, and I was going to spend half an year there anyway, that I dived into the idea of founding and/or consolidating a poly discussion and support group in Portugal.

I did some research and found quickly that something already existed. There is a quite complete internet site, in portuguese, spanish and english, www.poliamor.pt.to, and a mailing list for discussion and support poly_portugal. The list is around 1-2 years old and hosts around 25 members, most of them just readers. It has not been growing and is not very active. Most of the people in it feel a sympathy for the poly ideas but never really had real life experience. Because of this, the "more experienced" others are shy about sharing their real-life poly experiences. I've been trying and making contacts with them individually outside the list just to feel the pulse and motivations. The huge majority of the list lives in Lisbon, 300 km from Porto, where I am sitting, so it is difficult to organise any type of events (discussion tables, parties, dinners,..), a couple of members live in Aveiro, others in the US. Some of the people are also in contact with the poly scene in Spain and UK. The list seems at first sight hetero and men dominated, but recently I start to think it might be a different story. Don't judge a group by its loudest voices.

There was a get-to-know dinner from the Lisbon group in January but then I was too tired to travel. No more events in Lisbon to this day. Because of not having been there, I cannot give a very complete picture about the situation in Lisbon (where like mentioned, the majority of the list lives), simply because I don't have it myself.

I don’t have any illusions that to consolidate a group takes time, that it takes other people, it takes time and that it takes some luck, that the right people come into contact. Also, some words on the social environment: I perceive me and my fellow portuguese as individualists. I don’t mean egoists. I just mean we are not group oriented as in northern cultures. We rely on ourselves, our creativity and wits, and have a tendency to find groups and associations an inefficient waste of time. Activism is regarded with suspicion, and the few who don’t feel this way, tend to engage in activism with fervor and exageration that shuns more moderate people. Off course this is just a model, but helpful to explain the apparent contradiction that I have heard and met stories of people who live or have lived in a poly way, but don’t consider useful to join a discussion group, to network, simply to become in some way "visible" or even "political" (everything you do that others see is political) about it. As a side comment, all this paragraph can be extrapolated to GLBT activism in fact, but that is another quite long laundry list.

What I have been doing for the moment is just agitating the waters in certain scenes. I started a blog to write about polyamory in portuguese in this blog to stimulate the discussion. Fliers have been written and distributed. Inside the GLBT groups I have been involved with, I started publishing translated articles I find good, or my own articles (and collecting the questions and comments they raise). I have privileged the politically engaged lesbian and the incipient bi communities as target groups. There has been some reaction, but not that much until now. The same holds for all the attempts of creating a regular discussion table. But as the weather gets better people are getting more social and I feel the interest steadily growing.

As a way of conclusion, just some words on some comments I got about Portugal typically being perceived from outside as conservative, and therefore poly unfriendly. Well, usually I like saying that there is an enormous variety of backgrounds here, from someone who has studied engineering but writes poetry to the illiterate and poor who still finds resources to feed a blind cat in an alley, so all the possible reactions that can exist, are all the possible reactions you will definetely get. Another point is, relationships and emotions are very important in Portugal, it is something that takes a lot of time and energy in everybody's mind and heart, so people tend to dwell not too long on the logic side of the argument, jumping quickly to gentle understanding of the idea of poly you are trying to explain, or a quick flaming of it. I had heard very unpleasant comments about my ways, but on the overall people were quite receptive and thankful that I shared that with them. Often I heard them saying that they knew similar stories from someone else they knew. I see a future here, and until now it was great fun to engage in all this.

Thanks for reading,
antidote[arroba]imensis[ponto]net

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4.29.2006

poly-pt flyer




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International Conference on Polyamory and Mono-Normativity, Memorandum Gwendolin Altenhöfer for SERGEJ


Este é o segundo artigo sobre o mesmo tema em poucas semanas. Na verdade será uma tradução de um artigo, com alguns comentários.

A autora, G. Altenhoefer, visitou a 1st International Conference on Polyamory and Mono-Normativity, Hamburg e escreveu três artigos diferentes em publicações distintas sobre o que viu, ouviu e sentiu. Há três semanas publiquei o primeiro, mais resumido, dessa série:

http://laundrylst.blogspot.com/2006/03/lesppress-report-on-1st-international.html

Hoje deixo-vos com uma tradução do artigo mais longo, originalmente publicado na revista SERGEJ (publicação mensal da comunidade GLBT em Munique) acompanhada por uma introdução minha (que modifiquei um pouco, devido à sua especificidade original, para poder publicar aqui), que foi publicada recentemente em Portugal numa publicação específica para mulheres da comunidade GLBT.

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Nestas últimas semanas muit@s de nós têm assistido com preocupação, esperança e solidariedade à história de Teresa e Helena. Sem dúvida muit@s apoiam a sua causa que acaba por ser uma causa pela igualdade, e uma causa de todos nós.

Mas, mesmo assim, alguns de nós não se revêm no modelo de relação constituído por um par monogâmico. Alguns de nós, quer por crítica feminista aos modelos patriarcais, quer por inclinação romântica ou pelos mais variados outros motivos, rejeitam o modelo monogâmico.

O movimento Polyamory (ou Poliamor) tem crescido lentamente mas de modo constante nas ultimas décadas nos EUA. Têm aparecido termos como Não Monogamia Responsável, Polifidelidade, entre tantos outros. Na Europa, movimentos começaram a surgir mais timidamente no Reino Unido, Suíça e Alemanha. Na Alemanha eu e outras temos acompanhado a sua versão lésbica e feminista, a Schlampagne.

Um dia uma de nós resolveu entrar num comboio com outras para ir a Hamburgo ao que foi a primeira conferência internacional que discutiu abertamente este tipo de relações não convencionais, e escreveu um resumo do que viu na SERGEJ, uma das publicações mensais GLBT na cidade de Munique. É este artigo que vos deixo aqui, traduzido para o português, e que espero sinceramente que vos interesse. Gostaria muito de ouvir as vossas opiniões.

Nota: deixei alguns termos em inglês por ainda não existirem traduções precisas em português. Gostaria de ler e ouvir os vossos comentários. antidote@imensis.net


SERGEJ (publicação mensal para a comunidade GLBT em Munique, RFA).

International Conference on Polyamory and Mono-Normativity, Hamburg, 4.-6.11.2005
Memorandum de Gwendolin Altenhöfer (polylogo@gmx.de)


No auditório da Universidade de Hamburgo estiveram presentes mais de uma centena de pessoas que ouviram atentamente as apresentações sobre o tema da conferência: "Polyamory (em português Poliamor [1]) e Relações Múltiplas".

"Eu vim cá para ver e conhecer pessoas que amam mais do que uma pessoa", assim se exprimiu uma participante

suíça: "Onde vivo, conheço muito pouca gente que compreenda realmente o meu modo de vida. Mas aqui não sou a única e tenho a oportunidade de aprender muito de outras pessoas que seguem o mesmo modelo polifidelidade de vida que eu!"

A primeira conferência internacional sobre este tema, que se realizou em Hamburgo, no princípio de Novembro de 2005, lançou pontes entre a comunidade científica e pessoas com essa experiência de vida, e também entre investigadores e activistas. A participação de lésbicas, gays, bis e transgenders foi alta, tanto entre o público como atrás dos microfones. O papel desempenhado pela comunidade LGBT é sem dúvida muito determinante na comunidade Polyamory, ao explorar, descobrir e testar constantemente modelos de relação que transcendem o par tradicional.

As questões apresentadas foram bastante diversas, por ex. "Que tipo de regras se devem estabelecer em relações múltiplas para que a/os participantes se sintam confortáveis mesmo quando alguém muito querido se encontra num dado momento nos braços amorosos de outrem?", ou "Será que o desenvolvimento recente do movimento Poliamor está de algum modo relacionado com a flexibilidade que a economia neo-liberal nos tem habituado a ver requisitada à massa trabalhadora?", ou ainda, "Que significa a palavra 'responsabilidade' para pessoas que querem manter vários parceiros sexuais?", ou ainda finalmente, "Como lidar com o ciúme?".

Quer nas apresentações quer na assistência estavam representadas todas as formas possíveis de Poliamor, e a visitante pode fazer um retrato vivo de como vários tipos de pessoas interpretam o Poliamor de modo pessoal e diferente e conseguem ser felizes: Seja em casamentos de grupo com regras rígidas, como swingers, em amor livre, ou como parceiros de jogo na comunidade SM, ou ainda em redes de relações alternativas por motivação feminista crítica ao casamento, seja ainda no deleite da constituição de ninhos românticos entrelaçados com esta ou aquela nova paixão.

Novas palavras têm sido desenvolvidas (por ex. em comunidades online) para evitar mal entendidos catastróficos. A palavra "frubble" descreve a excitação alegre ao se ver o nosso amor feliz na companhia (ou mesmo nos braços..) de outra.. Já a palavra "wibble" descreve a insegurança quando o nosso amor encontrou uma nova pessoa. "Metamor" é a alternativa positiva a "rival", e assim por diante.

Para estimular a conversa e o estabelecimento de contactos a associação "bildwechsel[2]" (Associação de Mulheres para os 'Media' e Cultura, Hamburgo) proporcionou na noite de Sábado um Videolounge. Para exercícios práticos pertinentes para a vida quotidiana numa relação múltipla, houve uma workshop com Dossie Easton, autora de "The Ethical Slut" (tentativa de tradução "a Vadia Responsável"). Easton assegurou que, apesar de décadas de vida "boémia", ainda por vezes sente ciúme: "É preferível adquirir estratégias para antecipar e lidar com o ciúme do que tentar a todo custo evitá-lo, pois assim ele aparece mais cedo ou mais tarde. E mais vale uma pessoa conhecer-se bem a si própria e aos seus sentimentos do que deixar a raiva tomar o freio nos dentes, que é sempre algo de que nos arrependemos mais tarde".

Há diferenças entre pessoas polifieis e monogâmicas?

Esta pergunta responde Daniela Dana (Itália) - pelo menos para a comunidade lésbica italiana na sua amostra - da maneira seguinte: Não há de todo! Dados como a a idade, a profissão, a região de domicilio, coincidiam completamente quando comparados entre as senhoras pertencentes à amostra em relações monogâmicas ou às em situações não "regulamentares" poliamorosas. Talvez este inquérito devesse ter procurado uma relação com o signo astrológico: Celeste West descobriu na sua investigação de 1995 um contingente significativo de Gémeos... Mais interessante ainda, 85% das lésbicas inquiridas por C.West descreveram-se a si próprias como feministas, o que é uma percentagem muito maior do que a média habitual na comunidade lésbica...

Uma conclusão tanto de Daniela Dana como de toda a conferência: Há ainda todo um novo mundo de investigação neste campo a descobrir, e há que saber fazer as perguntas certas!

Para todas as que não tiveram oportunidade de participar nesta conferência e que querem aprender

mais: Marianne Piper e Robin Bauer, organizadoras da conferência, do Centro de Investigação de Estudos Feministas de Género e Queer da Universidade de Hamburgo planeiam publicar em hardcopy os proceedings com todas as apresentações desta conferência.

Proceedings of conference here:
http://www.polyamory.ch/docs/abstracts_polyamory.pdf
as well as the comments from members of poly-ch list:
http://www.polyamory.ch/content.php?page=hamburg0511 (german only)



bibliografia:

[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Poliamor
[2] http://www.bildwechsel.org/
[3] Dossie Easton, Catherine Liszt "The Ethical Slut" Greenery Press
[4] Laura Merrit, Traude Bührmann and Nadja Boris Schefzig "Mehr als eine liebe", Orlanda
[5] http://www.sergej-magazin.de/

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4.24.2006

National Review: o que dizem os conservadores americanos sobre Big Love

A série Big Love ainda não chegou a Portugal e por onde ela passa já as discussões e reacções se tornam acaloradas.

Este artigo no National Review Online merece uma leitura atenta, pois representa uma das vozes dominantes dos conservadores americanos. A realidade americana e a nossa são sem dúvida diferentes, mas conto com alguns dos argumentos usados neste artigo como detractores dos defensores da Não-Monogamia seja em que forma for, serem decalcados sem dificuldade daqui a poucos meses.

http://www.nationalreview.com/kurtz/kurtz200603130805.asp




Na primeira metade do artigo, o autor tenta provar a intencionalidade dos autores (e actores) da série em tentar cunhar uma nova sociedade em que haja espaço para uma liberalisação e regulamentação legal (com o directamente associado e inevitável reconhecimento legal) de uma conceito alargado da família. Nesta exposição de intencionalidade, não há uma separação por parte do autor dos conceitos de poligamia e poliamor. Os argumentos que ele enumera para denunciar a referida intencionalidade são, tenho de reconhecer, muito bem expostos, tão bem, que se não fossem as suas frases pontuais a comentar cada parágrafo, esta primera parte do artigo pareceria mais uma apologia do Poliamor em lugar de uma severa crítica.

Em seguida, pergunta se acerca do impacto dos media e da televisão em particular como opinion makers, e dá como exemplo a visibilidade gay antes de as leis reguladoras do casamento gay terem sido emitidas

Segue-se a primeira separação entre poliamor e poligamia, quando o autor exprime o seu receio em que já se tenha atingido uma massa critica de pessoas que pratiquem uma ou ambas (refere os inumeros recursos electrónicos que existem na net), e que a série Big Love proceda a uma glamourisação que seja a faisca que comece a reacção a cadeia que faça cair a monogamia da cadeira.

Finalmente, ele chega a um ponto que já tem sido levantado, e que é muito importante: na superfície, Big Love é sobre poligamia e sobre uma familia mormon (que não segue o dogma oficial) com todas as suas especificidades, mas no fima acaba por mostrar que o que interessa são as intenções das pessoas e a maneira como elas concordam em estar umas com as outras no presente e no futuro. É acerca de emoções e intensamente sobre a liberdade e a responsabilidade de escolher. Em suma, é acerca de poliamor.

A conclusão receosa não se faz esperar. o autor receia que assim que o casamento homossexual for uma realidade, as alas radicais dos movimentos LGBT que não se identificam com o casamento e o seu arraial de valores ancient-regime, vai avançar com a reinvidicação do reconhecimento legal do poliamor.

O que é fascinante é que ele tem quase razão. o "quase" é porque não "vamos". já está a acontecer há muito tempo por essa Europa fora.

Obrigada pela vossa atenção.

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