4.24.2006

National Review: o que dizem os conservadores americanos sobre Big Love

A série Big Love ainda não chegou a Portugal e por onde ela passa já as discussões e reacções se tornam acaloradas.

Este artigo no National Review Online merece uma leitura atenta, pois representa uma das vozes dominantes dos conservadores americanos. A realidade americana e a nossa são sem dúvida diferentes, mas conto com alguns dos argumentos usados neste artigo como detractores dos defensores da Não-Monogamia seja em que forma for, serem decalcados sem dificuldade daqui a poucos meses.

http://www.nationalreview.com/kurtz/kurtz200603130805.asp




Na primeira metade do artigo, o autor tenta provar a intencionalidade dos autores (e actores) da série em tentar cunhar uma nova sociedade em que haja espaço para uma liberalisação e regulamentação legal (com o directamente associado e inevitável reconhecimento legal) de uma conceito alargado da família. Nesta exposição de intencionalidade, não há uma separação por parte do autor dos conceitos de poligamia e poliamor. Os argumentos que ele enumera para denunciar a referida intencionalidade são, tenho de reconhecer, muito bem expostos, tão bem, que se não fossem as suas frases pontuais a comentar cada parágrafo, esta primera parte do artigo pareceria mais uma apologia do Poliamor em lugar de uma severa crítica.

Em seguida, pergunta se acerca do impacto dos media e da televisão em particular como opinion makers, e dá como exemplo a visibilidade gay antes de as leis reguladoras do casamento gay terem sido emitidas

Segue-se a primeira separação entre poliamor e poligamia, quando o autor exprime o seu receio em que já se tenha atingido uma massa critica de pessoas que pratiquem uma ou ambas (refere os inumeros recursos electrónicos que existem na net), e que a série Big Love proceda a uma glamourisação que seja a faisca que comece a reacção a cadeia que faça cair a monogamia da cadeira.

Finalmente, ele chega a um ponto que já tem sido levantado, e que é muito importante: na superfície, Big Love é sobre poligamia e sobre uma familia mormon (que não segue o dogma oficial) com todas as suas especificidades, mas no fima acaba por mostrar que o que interessa são as intenções das pessoas e a maneira como elas concordam em estar umas com as outras no presente e no futuro. É acerca de emoções e intensamente sobre a liberdade e a responsabilidade de escolher. Em suma, é acerca de poliamor.

A conclusão receosa não se faz esperar. o autor receia que assim que o casamento homossexual for uma realidade, as alas radicais dos movimentos LGBT que não se identificam com o casamento e o seu arraial de valores ancient-regime, vai avançar com a reinvidicação do reconhecimento legal do poliamor.

O que é fascinante é que ele tem quase razão. o "quase" é porque não "vamos". já está a acontecer há muito tempo por essa Europa fora.

Obrigada pela vossa atenção.

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