Pois, mas essa vontade de falar de sexo não vem do nada, não vem do meu gosto pessoal em falar de sexo. Vem de várias coisas que têm a ver e muito, com a natureza informativa (ou provocadora) deste blog. Uma é o poliamor em geral ser sex-positive, ou seja, ter uma atitude geralmente aprovadora e desbloqueadora em relação ao erotismo em qualquer das suas manifestações. O sexo aparece desaclopado das relações, ou pelo menos deixa de ser o complemento necessário e absoluto de qualquer relação saudável ou que pretenda dar uma aparência saudável. Em segundo lugar, para quem gosta de sexo (que não é toda a gente), o sexo pode ser uma maneira de exercer uma comunicação emocional que transcende toda a nossa linguagem e qualquer habilidade circense que os nossos neurónios intelectualoides consigam fazer. Depois, se eu analisar os counters/referers deste blog e como é que alguns cibernautas vêem parar aqui, tenho de admitir que não é porque se interessam por poliamor, temas de género, direitos humanos ou utopias, mas sim por "sexo em publico", "lésbicas trios" e outras coisas não menos interessantes (embora não me apeteça escrever sobre isso).
Por isso, amigos, leitores, companheiros de conspiração desenvergonhada e antagonistas, preparem-se, pois eu vou começar a dizer as barbaridades que me passarem pela cabeça. E nem sempre garanto que vão reflectir todos os meus princípios. talvez muitas vezes passarei aqui informação que acho interessante, mas que ainda nem sequer me fez emitir ou formar opinião.
Uma coisa que achei piada e que me mordi toda por não ir dar uma espreitadela foi o "2o Festival Porno de Berlim" (24 a 28 Outubro 2007).
http://www.pornfilmfestivalberlin.de/07-e-index.html
Deixo-vos o prazer ou desprazer, consoante a atitude em relação ao porno, de navegar no programa de filmes e de encontrarem coisas à medida dos vossos gostos. Eu pelo meu lado vou tentar falar sobre coisas sérias ;-)
Nao houve só filmes e festas descabeladas para todos os gostos. Houve apresentações e painéis de discussão sobre temas tão variados como pornografia sob a ditadura de Ceausescu, qual o presente e o futuro de pornografia feminista (ver artigo relevante) ou sobre a masculinidade como uma representação de género.
Os filmes foram todos classificados em sectores de interesse (não necessariamente mutuamente exclusivos)
Os argumentos dos sectores dominantes dos movimentos de direitos humanos e feministas a condenar a pornografia são conhecidos, na minha opinião válidos, e mostram o lado negro da indústria do porno, e as reacções a este festival não se fizeram esperar...
...mas numa altura em que os mercados (sim, os mercados são uma forca motora, quer queiram quer não) se modificam e se diversificam, em que uma nova consciência (as consciências são outra forca motora -> mais satisfeitos?) se desenvolve, pode haver espaço para uma pornografia que não seja degradante? e que apresente soluções novas para um paradigma antigo? podemos simplesmente pegar na definição de arte à Andy Warhol (em que arte é tudo o que se faz) e deixar de estabelecer fronteiras entre a pornografia e artes mais elevadas em que se passa a usar erotismo que é palavra mais fina e que não arranha tanto na garganta?
Eu não sei sinceramente as respostas a estas perguntas..
Costumo dizer que pornografia é o que os outros definem como erotismo e que nós não aprovamos. e que erotismo é a pornografia que consumimos e que está implicitamente aprovada. Mas é uma frase para se tomar com um grão de sal e só para usar na presença de zelotas. Nao é para se levar a sério. Mas é para se pensar sobre isso.
Quem viu diz que gostou, mas nada de transcendente... vou ter de escarafunchar mais para saber mais..
keep in touch.
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