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A um grande manifesto associou-se uma grande marcha.
A marcha reflectiu o manifesto. uma marcha corajosa, que não se limita míope ou defensivamente apenas aos temas "tipicamente" LGBT mas que almeja e alveja mais longe, a termos e construirmos, activamente, uma sociedade, de facto (E não apenas em teoria) mais diversa, universal e inclusiva como método de resolver a maioria das injustiças, LGBTs ou não, e com a mesma cajadada os tais problemas "tipicamente LGBT".
A marcha do Porto mostrou que tem alma, e que tem músculo a condizer e vontade de fazer muita coisa. Gosto de ver que a Marcha do Orgulho LGBT do Porto está bem, recomenda-se, e que veio para ficar.
No que me diz respeito, independentemente da minha parcialidade com esta marcha, e do papel indissociável que esta marcha tem na visibilidade poly, acho esta marcha única e um exemplo a seguir, vanguardista de facto nas marchas do orgulho europeias (e olhem que eu conheço umas quantas)
A organização está de parabéns!
Fotografias e captação de som (manifesto e discursos dos madrinhos e padrinhas), ficarão para 156as núpcias...
Nos jornais ainda não apareceu nada, que eu visse, para além disto:
por hoje fiquemos por aqui..
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Mononormatividade é algo muito intrinsecamente poly (vou a partir de agora chamar poly a tudo que seja Não Monogamia Responsável, ok?). Não só poly é contra as convenções sociais (e muitas vezes contra leis), como não há uma maneira única de ser ou pensar poly. Há talvez alguns arquétipos, algumas configurações mais frequentes, mas precisamente o assumir de um modo de vida em que a sinceridade (consigo próprio e outros) está acima da monogamia torna as coisas menos binárias, menos estanques e mais fluidas.
Mononormatividade é um tema muito vasto e hoje quero deixar-vos apenas os acepipes como entrada, e mais para a frente e conforme o vosso interesse podemos pegar ou aprofundar outros aspectos..
Pessoas que vivem sozinhas, e que até sejam felizes (Quirky Alone), são vistas como doentes ou uma excepção à utopia da felicidade universal, ou mesmo um perigo para a sociedade. Mecanismos como o swing ou a neo-monogamia, com tudo o que têm de libertário, começam a ser bem vistos apenas desde que não haja envolvimento emocional e o casalinho original se mantenha intacto. Criticas, construtivas ou não, feitas ao casamento tal como ele é, são anátema para muitos políticos (por ex: Deputada critica casamento) que preferem nem se meter nisso. Evidência histórica que o casamento já foi uma instituição diferente, ou que houve outros contractos sociais paralelos (ver Affrérements ou casamentos entre homens na península ibérica até ao séc. XI) com diferentes papeis, e diferentes expectativas, é sistematicamente esquecido... Algo que cheire a "promiscuidade" é sempre o culpado dos tremores de terra, epidemias, e um par de botas, em vez de se procurar as verdadeiras causas e actuar sobre elas... Mas pular a cerca nunca será uma causa de tremores de terra, porque não conta como promiscuidade, não ameaça o par original..
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MARCHA DO ORGULHO DA MONOGAMIA COMPULSIVA?
MOVIMENTO LGBTM - Lésbicas, Gays, bi e Trans MONOGÂMICOS?
Provavelmente um dos melhores lemas de sempre. Talvez peque por ser
demasiado subtil, nem toda a gente vai perceber as inúmeras e profundas
implicações em vários temas actuais. Mas gosto muito. Lá estarei, se
tudo correr como planeado.
PolyPortugal na co-organização
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