3.28.2008

Arno Nordheim: PolyPoly


" Composed of six tape loops of various length, polypoly is mind boggling on many levels... technically, to hear the piece return to its starting point would take 102 years. It played continually for six months in the Scandinavian Pavilion at 1970's World Exposition in Osaka. Comprised of sound samples and musical electronics, this is a 21-minute-plus segment of a self-regenerating landscape rolls past again and again in different dimensions each time. The sounds are relatively mundane clatter, music, sound effects or disembodied voices; some are fairly distorted, and others are just plain crazy! The loops are long and varied enough that, in this sample, you don't actually get any real effects of overt repetiveness; it remains quite unpredictable... perhaps after a few weeks one might catch on to the patterns "


pode se extrapolar a frase a negrito para o contexto poly?

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3.15.2008

Um belo discurso (Joann Sfar)




Cliquem na imagem para a ver, que o blogger nao permite imagens maiores.
Se alguém se lembra dos direitos de autor, estou lixada!
(Senhor Sfar! é para uma boa causa!)
Ok, os créditos...
Quem quiser saber mais sobre Joann Sfar (recomendo vivamente) pode comecar aqui:
a imagm tirada é do quarto volume da série Bestiaire Amoureux:
(recomendo o Klezmer)
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3.06.2008

"A má relacao d@s trabalhador@s do sexo com a polícia"?


Há frases com as quais a gente só se espanta quando comecamos a descontruir uma ideia ou um hábito mais geral. E precisamente no caso de hábitos, é uma trabalheira do inferno para os desconstruir.

No caso do assassinato de Luna e as noticias que teem sido emitidas, em vários artigos da blogayesfera ou nao, tem-se falado, claro está, da questao do tratamento de Luna, ou outras pessoas transgénero, por parte da comunicacao social, por um género pelo qual a pessoa de modo nenhum se identificava (situacao tanto mais injusta, a rocar o macabro, por nao haver possibilidade de defesa e reposicao da verdade por parte das vítimas).

Nao vou discutir isso aqui, principalmente porque há tantos blogs que o fizeram de maneira exemplar.

A desconstrucao, que eu quero chamar atencao, e que vos quero desafiar a fazer, é um pouco mais discreta, mas o que está por detrás talvez valha a pena aprofundar. É uma frasesinha que eu há alguns anos talvez a tivesse comido e calado sem me engasgar pelo meio.

"Um facto talvez compreensível tendo em conta o estatuto de marginalidade dos transexuais e a tradicional má relação dos trabalhadores do sexo com a polícia"

... A tradicional má relacao dos trabalhadores do sexo com a Polícia... É curioso como assumimos como "natural" que os/as trabalhadora/es do sexo tenham má relacao com a Polícia. Que ideias poderao estar por trás? Será o estigma associado a um modo de vida que há uma geracao atrás ainda era crime? será que toda a sociedade (ou o mainstream dela) tem vontade de reprimir um bom bocado quem se movimenta nas margens da moral aceite e simplesmente a Polícia tem maior imunidade, ou mesmo espaco de manobra, para o exercer, ao contrário de outros sectores da sociedade que ficam simplesmente a olhar para o lado, a assobiar e até mesmo a "achar muito bem"? ou será a objectificacao inerente, na nossa sociedade, a todos os que lidam de perto com o sexo? Especificando... se os trabalhadores do sexo se dirigem a uma clientela maioritariamente masculina, dominante, que pode ou nao, mas frequentemente objectifica quem presta esse servico, porque hao de dispensar esse respeito que no entanto dao a praticantes de outra qualquer profissao? Dito á bruta, há quem nao veja em prostitutos/as mais do que objectos menos que pessoas a quem se diz "Bom Dia" ou se dirige de todo a palavra. Ou será simplesmente o velho machismo disfarcado de guardiao da moral? Afinal, até há pouco tempo, a Policía foi entre nós uma instituicao só para homens, extremamente gender-mainstreaming, até pela própria cultura paramilitar (isto comeca a mudar na europa, e com sorte, entre nós também, devagarinho). A velha dualidade penetrador/penetrado, em ultima instancia? nao sei..

Este post nao é uma defesa ou um ataque da prostituicao e de profissoes ligadas ao sexo. Também nao é um ataque ou uma defesa da(s) Polícia(s). Tenho a minha opiniao sobre o assunto e nao me apetece expo-la. Mas quero lancar o desafio de se levantar o que está por detrás das tais más relacoes entre a policia e os trabalhadores do sexo.


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http://dn.sapo.pt/2008/03/04/sociedade/transexual_assassinada_foi_identific.html

3.02.2008

Sexo e Amor, parte DCXIX and still counting up (outsourcing)

Nao sou uma pessoa autoobcecada, até leio blogs de outras pessoas e tudo.
ok, brincadeiras á parte, nao costumo andar a comentar a torto e a direito, e geralmente gosto de comentar pela positiva.

gostei muito deste post, do "Namorada Bélsbica"
http://anamoradales.blogspot.com/2008/01/lets-talk-about-sex-babie.html

fala de sexo, emocoes, da ligacao que as pessoas fazem entre o sexo que recebem (sim, o sexo que recebem, nao o sexo que partilham ou o amor que fazem), e a medida de qualidade da sua relacao. Fala da ligacao quase automática e obrigatória entre relacao e emotividade. Já falei aqui vezes suficientes disto, de como o sexo é uma cena fixe, mas como é overrated, principalmente numa relacao (ou relacoes). Na verdade o sexo atrapalha bastante.

Deixo vos o comentário que lá deixei (já um pouco trabalhado entretanto, que fiquei com comichao no cérebro entretanto depois de ler a coisa).

O Unabomber, "terrorista" americano para uns, visionário para outros, mas sempre com um pé e um olho para além dos tempos modernos (seu manifesto aqui), disse certa vez uma cena que me deixou estarrecida (cito de cor, talvez nao seja tao lapidar como na frase original) :

"A partir do momento que uma coisa é possivel/fazível, torna se em pouco tempo obrigatória".

Isto foi dito num contexto económico-politico. Algo como isso ser válido por exemplo para o transporte de pessoas. concretisando o exemplo, a partir do momento que o comboio permitiu que pessoas pudessem trabalhar longe do seu local de residencia, tornou-se "expectável" que as pessoas tivessem essa flexibilidade, e em pouco tempo essa expectativa tornou se tao comum que essa flexibilidade tornou se quase obrigatória.

Com o sexo tem sido a mesma coisa. com o que chamam a segunda onda de feminismo dos anos 60 (eu chamo-lhe principio de segunda onda, porque ainda nao vi a onda rebentar de facto, está ainda quase tudo por concretisar), o sexo comecou a entrar na ordem do dia e a ser desmisitificado, discutido, desconstruido e mesmo experimentado fora do que eram os moldes tradicionais. Mas ao mesmo tempo, sofreu tambem uma pressao mononormativante, ou seja, tornou se quase obrigatório ter sexo "fantástico, frequente (mas nao demasiado) regular, mas desregulado". quem nao tem, é esquisito, ou tem uma relacao que nao presta, ou nenhuma relacao de todo... A nossa sociedade, via outdoors, via revistas, via psicologos vendedores de banha da cobra, via tudo e mais alguma coisa alerta nos sempre que estamos a ter sexo a mais ou a menos ou da maneira errada.

Gostei muito deste post.. podia comentar mais, mas vou me ficar pelo sexo e pelas "obrigatoriedades".

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