Coisicas que me irritam, independentemente das "minorias que eu sou" na minha vida, poliamor, lésbica, vegetariana, estrangeira onde vivo, ateísmo, são as gavetinhas, categorizar.. Somos constantemente categorizados.. por ser homem, mulher, a nossa origem cultural, a cor da pele, a pronúncia, tipo de roupa, profissão, religião, tamanho, orientação sexual, deficiência, relationship status etc etc etc...
Para quem não está habituado a este tipo de argumentação, que experimente uma das situações seguintes... ir viver para o estrangeiro, nem precisa de ser um estrangeiro muito exótico, Alemanhas ou Francas são mais que suficientes, e ouvir pérolas como "se és portuguesa tens de ser católica, conservadora, monogâmica, heterossexual, retrógrada, cozinhar bem, ter mau feitio, dançar bem" e mais todo um chorrilho de asneiras que nem vos passa. Ou simplesmente, ir como mulher, jantar com um amigo gaijo a um restaurante velha guarda (ou não) em Lisboa e ver quem é que recebe a conta. Querem apostar? Sou tratada de maneira diferente em situações onde as pessoas não me conhecem simplesmente porque as pessoas fazem a categorizar automaticamente... Sou tratada de maneira diferente consoante se me apresento como "solteira" ou não, como "poliamorosa" ou não, como lésbica ou não.
A categorizar, tal como o medo, é um mecanismo protector. É bom categorizar os leões como animais que nos podem trincar o pescoço e mais o resto. mas tal como o medo, o que é demais ou deixa de ser critico é igualmente perigoso e erróneo. A categorizar em extremo leva a racismo, machismo etc.
Nao é por ser mulher que eu vou ser A, B, C e D (exemplos de coisas As Bs e Cs seriam coisas como gostar de cozinhar, ser boa comunicadora, estacionar mal, ir à missa, dancar salsa, tirar os pelos) e não é por eu recusar A ou C que me torno automaticamente menos mulher. Isto não é necessário demonstrar, assumo que toda a gente que lê este blog já sabe isto e não precisa de que o repitam. Mas porque não ir um pouco mais além? Porque não subverter tudo isto? Porque não assumir uma intersexualidade política? Porque repetir alto e bom som "All gender is drag (Patti Smith)"? Porque na verdade o género é uma construção social, na qual variação individual é permitida ma non troppo. Mas essa variação individual pode ser, além de um acto político, um acto de grande diversão.
Em toda a Europa, a propósito de toda a discussão trans, que tem sido extendida para alem duma questão politica, tem havido um sector inquieto de pessoas que se definem como nem homem nem mulher, e desconstroem de maneira hábil e divertida os clichés de género com festas, marchas e performances. Amigas minhas começam a definir-se como intergénero e a recusar se a preencher o quadradinho do "género" em inquéritos de mercado.
Deixo vos o prazer da investigação, peguem no web-browser da vossa preferência e usem keywords como: gender benders, gender blenders, after gender, any gender is drag, any gender is dreck...
e peguem nas barbas postiças, saias, eyeliner, kilts, cartucheiras, verniz e façam um carnaval, mas melhorado, e façam uma festa em que toda a gente faca o mesmo!!!
Sugestão prática para todxs: guardem um pouco do vosso cabelo quando o cortarem. Comprem cola de silicone, embora goma arábica também funcione bem, espalhem na cara e usem um pincel de make up daqueles grandalhões para espalhar os pêlos. Dá uma barba muuuuuuuito credível. Usem as viagens de metro e os tempos mortos do vosso dia a dia para descobrirem qual a barba que vos agrada mais e que vos fica melhor. Eu por exemplo gosto muito da barba de "professor de história" mas faz muita comichão!
http://plone.ladyfestwien.org/program/workshops/any-gender-is-drag-all-gender-is-dreck-ein-gendermixworkshop (scroll down para inglês)
http://plone.ladyfestwien.org/program/etc/any-gender-is-drag-all-gender-is-dreck-muenchen (scroll down para inglês)
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Para quem não está habituado a este tipo de argumentação, que experimente uma das situações seguintes... ir viver para o estrangeiro, nem precisa de ser um estrangeiro muito exótico, Alemanhas ou Francas são mais que suficientes, e ouvir pérolas como "se és portuguesa tens de ser católica, conservadora, monogâmica, heterossexual, retrógrada, cozinhar bem, ter mau feitio, dançar bem" e mais todo um chorrilho de asneiras que nem vos passa. Ou simplesmente, ir como mulher, jantar com um amigo gaijo a um restaurante velha guarda (ou não) em Lisboa e ver quem é que recebe a conta. Querem apostar? Sou tratada de maneira diferente em situações onde as pessoas não me conhecem simplesmente porque as pessoas fazem a categorizar automaticamente... Sou tratada de maneira diferente consoante se me apresento como "solteira" ou não, como "poliamorosa" ou não, como lésbica ou não.
A categorizar, tal como o medo, é um mecanismo protector. É bom categorizar os leões como animais que nos podem trincar o pescoço e mais o resto. mas tal como o medo, o que é demais ou deixa de ser critico é igualmente perigoso e erróneo. A categorizar em extremo leva a racismo, machismo etc.
Nao é por ser mulher que eu vou ser A, B, C e D (exemplos de coisas As Bs e Cs seriam coisas como gostar de cozinhar, ser boa comunicadora, estacionar mal, ir à missa, dancar salsa, tirar os pelos) e não é por eu recusar A ou C que me torno automaticamente menos mulher. Isto não é necessário demonstrar, assumo que toda a gente que lê este blog já sabe isto e não precisa de que o repitam. Mas porque não ir um pouco mais além? Porque não subverter tudo isto? Porque não assumir uma intersexualidade política? Porque repetir alto e bom som "All gender is drag (Patti Smith)"? Porque na verdade o género é uma construção social, na qual variação individual é permitida ma non troppo. Mas essa variação individual pode ser, além de um acto político, um acto de grande diversão.
Em toda a Europa, a propósito de toda a discussão trans, que tem sido extendida para alem duma questão politica, tem havido um sector inquieto de pessoas que se definem como nem homem nem mulher, e desconstroem de maneira hábil e divertida os clichés de género com festas, marchas e performances. Amigas minhas começam a definir-se como intergénero e a recusar se a preencher o quadradinho do "género" em inquéritos de mercado.
Deixo vos o prazer da investigação, peguem no web-browser da vossa preferência e usem keywords como: gender benders, gender blenders, after gender, any gender is drag, any gender is dreck...
e peguem nas barbas postiças, saias, eyeliner, kilts, cartucheiras, verniz e façam um carnaval, mas melhorado, e façam uma festa em que toda a gente faca o mesmo!!!
Sugestão prática para todxs: guardem um pouco do vosso cabelo quando o cortarem. Comprem cola de silicone, embora goma arábica também funcione bem, espalhem na cara e usem um pincel de make up daqueles grandalhões para espalhar os pêlos. Dá uma barba muuuuuuuito credível. Usem as viagens de metro e os tempos mortos do vosso dia a dia para descobrirem qual a barba que vos agrada mais e que vos fica melhor. Eu por exemplo gosto muito da barba de "professor de história" mas faz muita comichão!
http://plone.ladyfestwien.org/program/workshops/any-gender-is-drag-all-gender-is-dreck-ein-gendermixworkshop (scroll down para inglês)
http://plone.ladyfestwien.org/program/etc/any-gender-is-drag-all-gender-is-dreck-muenchen (scroll down para inglês)
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Vim aqui parar nem sei bem como. Um blog remete para outro, esse para outro e acabamos em sitios até então desconhecidos.
ReplyDeleteConcordo com grande parte do que aqui é dito.
O género não é uma construção social, o género é uma categoria biológica. A identidade de género e a orientação sexual, essas sim, são socialmente construidas.
eh eh! uma das poucas belezas da internet (estou um pouco ceptica porque vejo a net cada vez mais regulada, higienisada, e com cada vez menos da sua "frescura" original, de ha, digamos, 10 anos), é esse navegar expontaneo em que se vai parar a coisas que nao estávamos nada á espera...
ReplyDeletegostei do comentario, só gostava de deixar preto no branco que eu acho que o género é bastante social, eu até diria mais socialmente construido que outra coisa qualquer (biologico, por exemplo). mas (acho que) entendo o que queres dizer.
no fundo as discussoes sobre homofobia, racismo, etc sao sempre uma unica discussao, sobre mononormatividade e pressao mononormativa.
pode se discutir isto tudo horas e horas. agradável.
OlÁ!
ReplyDeleteSimplismente amei!
saudações de uma internauta do Brasil (e que isso não implique categorizações e expectativas rs)