6.27.2007

Batatas em cadeia


Vou pegar um bocado a contragosto na batata da Siona, que já foi a batata da Marlene, e ver o que se faz com isto. Mas nunca resisti a um desafio em que uma pessoa se tem de expor um pouco. No risk no sun.

(Siona: podes talvez linkar para quem já tiver publicado batatas no teu post original? e pedir a outros para linkar? assim ficaria um autentico colar de batatas facil de seguir)

As batatas sao falar sobre os cinco livros que mais me marcaram.

Vou fazer batota com o numero de livros mas nao vou fazer batota com o kern do topico, que é "os livros que mais me marcaram". ou seja, nao vou meter os livros que eu acho fixes agora ou riscar os livros que entretanto acho que passaram á historia por esta ou aquela razao. Fair play como sempre, quem me conhece pessoalmente sabe que sou uma granda chata sem flexibilidade nem sentido de humor.

Sao quase todos livros que já li mais de cinco vezes e a que regresso sempre para inspiracao ou novas descobertas. Sao assim os bons livros.

Por nenhuma ordem especial:

Contacto (Carl Sagan): combina como um dois em um todo o encanto pela Ciência que despertou em mim ao ler também o Contacto, mas acrescentou em mim uma enorme vontade de explorar a vida como um brinquedo que eu nao sabia até entao como usar. É um grande livro, sobre comunicacao e descoberta de si propria, sem merdas, take it as it is. Gosto do carinho com que o Carl Sagan falou de Ciência e dos seres humanos. Desculpabilisou a minha nerdness, o ir tirar um curso cientifico, o meu escapismo, as minhas brocas e a minha exploracao da sexualidade. Lido aos 17 anos.

O inevitável Estranho numa terra estranha (Robert Heinlein). Despertou em mim o gosto pelas utopias (im)possíveis, pelo poliamor, e por um exercicio intransigente de individualismo e liberdade todos os dias e nao só quando se tem um contracto de trabalho e a renda paga. Hoje em dia acho o discurso do livro impossivelmente xenófobo, homofóbico, chauvinista e machista. Mas teve o seu papel no meu desenvolvimento e nao o vou varrer para debaixo do tapete for the sake of political correctness. Lido aos 16 anos.

Nao consigo decidir entre as Memorias de Adriano ou a Obra ou Negro da Margueritte Yourcenar. Ambos grandes livros que quase nem me atrevo a falar deles. Talvez histórias acerca de como ser um ser humano completo, ou como alguem consegue FALAR de se ser simplesmente humano, completo ou nao. Poderia acrescentar aventuras individualistas ou colectivas, mas sempre á procura dum destino mais livre e mais digno como Aquilino Ribeiro Quando os Lobos Uivam ou a Casa Grande de Romarigaes (afastei me um pouco do Aquilino quando comecei a levar a mal a ausência de personagens femininos com contornos distintos, ou mesmo a persistência de um certo machismo que transcende a descricao das personagens) ou a Condicao Humana do André Malraux.

Mas cingido-me ao critério "livros que marcaram", seriam entao as Memorias de Adriano (lido aos 19 anos) e a Casa Grande de Romarigaes (alem de me ter marcado o individulalismo e a descricao de todo o ser humano feito de vontade, comecou aí a minha descoberta da literatura portuguesa, tambem com 19 anitos).

Para a paixao e as emocoes, vou continuar a fazer a tal batota comecada no paragrafo anterior. Sao os livros da expressao dos sentimentos para os quais precisava de um nome ou de uma descricao mais heroica do que o meu talento mínimo lhes podia atribuir. Sao eles Wuthering Heights (Bronte) (emocoes descontroladas e excessivas, que transcendem qualquer controlo que pensemos ter sobre os nossos actos, uma vida em que as emocoes se podem controlar é uma vida pobre), Paixao da Jeannete Winterson (a vida como aventura em que os papeis da sorte e da paixao sao soberanos, sexualidades fluidas, nada problemáticas) e a Antologia de Poesia Erótica e Satirica que a Natália Correia se deu ao trabalho de compilar numa época em que isso só podia dar chatices.

Devia agora referir obras bué incontornaveis que me tivessem sustentado na minha descoberta e escolha por uma vida solidaria, criativa, Do It Yourself nao invasiva e sobretudo libertária. Devia agora comecar a debitar nomes tipo Chomsky, as feministas todas, a Dossie "Ethical Slut" Easton, Derriga, etc. Mas nao o vou fazer, se voces têm esse interesse, esses livros, panfletos, textos, andam por aí. Acho inclusivamente que os melhores textos sobre um mundo solidario e livre de gente a dizer como a utopia deles é mehor que an nossa encontrei-os em sources como panfletos de concertos de musica alternativa, capas de disco, prefácios de livros de receitas vegetarianas, fliers de festas de lésbicas radicais, you name it. Os livros que falam destes temas geralmente pecam infelismente por uma enorme vontade de impor a sua visao ao resto do mundo e de sindrome "a minha pila é maior que a da vizinha".

A serio: doing things is overated. O mundo nao precisa de novas utopias, desde que cada um viva a sua sem se meter com os outros. Ha espaco para todos.
Posso talvez referir a coleccao de textos (nao só sobre sexo, mas mais uma vez advinharam: liberdades) do Gore Vidal em "Sexualmente Falando", ou a banda desenhada "Hot Head Paisan" para empowerment de DIY ou para aqueles dias em que precisas que alguem te diga "Dont take ANY shit from no one"". Ah. os albuns do Corto Maltese (Hugo Pratt), o seu feroz individualismo quase criminoso e defesa da (sua) liberdade mas que se conforma ao que o Destino apresenta quando já nao ha mais nada a fazer.

Houve muitos mais livros que li entretanto mas que reforcaram aquilo em que pensava ou deram me argumentos para continuar a lutar por aquilo que pensava. Mas nao foram livros que me marcaram.




Chega como dose de batatas com bué maionaise?

Gostava de ver as batatas daqui: damnqueer, nuvens, low altitude, bruno, sergio, e outros que irei acrescentando...



Estou á espera....

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6.23.2007

Manual de Civilidade para Meninas




O extracto abaixo é sacado do capítulo "Deveres com o Próximo" do livro de Pierre Louys, "Manual de Civilidade para Meninas" (edicoes Fenda, 1988, 1a publicacao conhecida: Paris 1926)


"Deveis compenetrar-vos da seguinte verdade: Todas as pessoas perante vós presentes, seja qual for o sexo e a idade delas, têm o secreto desejo de por vós serem chupadas; a maior parte, porém, nao se atreve a declará-lo.


Comecai pois por respeitar a hipocrisia humana a que tambem se chama virtude, e nao digais nunca a um cavalheiro diante de um grupo de pessoas: "Mostra-me a tua pissa que eu mostro-te a minha racha", porque por certo vos nao mostraria ele a pissa.


Se conseguirdes porém, ficar com ele a sós em sítio onde se sinta seguro de nao ser surpreendido por ninguém, nao só vos haverá de mostrar a pissa, como nao se oporá a que lha sugueis."


Pierre Louys é um dos grandes vultos literários franceses do século XIX. Foi (re)conecido por aquilo que hoje se denomina a sua obra "branca" ainda publicada em vida, prosa e poesia, e obras como as Cancoes de Bilitis. Mas é a sua obra "negra", publicada postumamente, que é uma celebracao de erotismo, carregada de ironia e sentido lúdico, e que é "uma das mais ferozes diatribes contra a moral sexual do seu tempo - e se calhar do nosso (citado do pós facio da edicao portuguesa - escrito por Julio Henriques)".


Quer na sua obra que na sua vida, Pierre Louys nao só condenou como atacou activamente todo o puritanismo, e viveu de modo hedonista. Para quem leia o "Manual de Civilidade para Meninas", talvez sobressaia mais a componente crítica antipuritana do que erótica. Toda a moral burguesa que vive de aparências é atacada sem quartel e os argumentos geralmente aceites para suportar habitus hipócritas sao desconstruidos habil e brutalmente, um a um, sem esquecer nada. Coerente com a expressao escrita destas críticas, nao hesitou em viver de acordo com tais valores libertários, quer nas suas próprias escolhas individuais quer incentivando e apoiando a liberdade de outrem. Num tempo em que a situacao da Mulher comecava a mudar radicalmente mas ainda era no geral bastante complicada em termos de independência e mobilidade, Pierre Louys chegou a acolher um comunidade sáfica a viver debaixo do seu tecto.

"se fordes treze na mesma cama a fazer amor, nao devereis enviar a mais nova masturbar-se para um canto. Será melhor chamardes a filha da porteira, para que seja a décima quarta"


Resumindo e baralhando, este livro que parece ser um divertimento humorista á primeira vista é um livro muito sério e que depois das primeiras gargalhadas, merece uma segunda leitura mais atenta. E na verdade é um livro cheio de sabedoria ;-).


Boas leituras.




(desabafo: nao há uma porcaria duma entrada na wikipedia em portugues sobre Pierre Louys)


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6.16.2007

WIP: coisas que me irrita ouvir aproposito de poliamor


Uma lista de coisas que me irrita ouvir/ler a proposito de poliamor. em elaboracao.

nao porque quem as diz tenham má intencao, mas porque reflecte desinformacao ou mainstreamisacao na nossa sociedade.

**** "os casais poli" ou os "casais que optam pela filosofia do poliamor"


(grrrr, parece que o único modelo poli possivel e existente é o casalinho "normal" com uma relacao aberta para dar umas quecas sem ninguem saber, nem sequer o padeiro... ha vida para além do casal, sabiam?)...


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**** "ha muito mais polis no meio gay/LGBT"

(depende de que lado da barricada se está e quem se quer demonisar)




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**** "ha muito mais polis no meio hetero"

(poooois... e tambem há mais polis entre os americanos, os zulus, a terceira idade, a juventude, os pizzeiros, as tias de Cascais, os eskimós, os estudantes de filosofia, os arrumadores... principalmente se a gente viver com o nariz enfiado no próprio umbigo e nao veja nada do que se passa á nossa volta)





**** "o poliamor é fixe por causa das pessoas poderem exprimir a sua sexualidade livremente"

(sic, n+1 vezes sic, ouvi esta tantas vezes que já a vomito, está se mesmo a ver que a sexualidade define uma relacao. ha sexo ha relacao. nao ha sexo, é uma amizadezeca... e porque é que se precisa de um enquadramento poli ou nao para exprimir a puta da sexualidade??? meus, que atados!! a sexualidade faz se e pronto, nao é preciso exprimir, expremer, enquadrar, complicar!)




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**** "eu acho que sou poli porque me consigo imaginar a ter relacoes com mais do que uma pessoa"

(e consegues imaginar as pessoas das tuas relacoes a terem relacoes com outras pessoas debaixo do teu nariz??? e consegues viver com isso? poli é para quem pode nao é para quem quer!)




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***** na mesma frase "poliamor... bla bla bla poliagamia"...

(confundir uma coisa que pode ser egualitaria - poliamor - e libertadora com uma coisa que é um dos paradigmas do sistema patriarcal, é assim um petisco do mais requintado).



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Este artigo vai ser um wip (work in progress). Infelizmente há mais, muito mais, simplesmente tenho de me ir lembrando.
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6.11.2007

Teatro: "Dois Amores" no Villaret


(obrigada ao DC pela tip)


O texto seguinte (retirado de http://cultura.sapo.pt/detalhe_evento.aspx?id=28614 ) é a sinopse de uma peca que vai estrear num futuro próximo (mais precisamente em Setembro) em Lisboa, que aborda uma temática, que nao sendo provavelmente poliamorosa, será pelo menos desafiante da obrigatoriedade monogâmica num contexto em que as relacoes retratadas transbordam amor.
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"Nesta comédia de tirar o fôlego, João, um motorista de táxi em Lisboa, é muito feliz no seu casamento com Maria e, ao mesmo tempo, muito feliz no seu casamento com Ana. Trava conhecimento com dois inspectores da polícia devido ao seu envolvimento num assalto onde, corajosamente, salva uma velhinha. Este seu acto heróico acaba por causar uma grande confusão que rapidamente vai crescendo... e crescendo... e crescendo... A ajudar aos equívocos estão Simão e Beto, os vizinhos de cima de cada uma das suas casas. De novo juntos em palco, António Feio e José Pedro Gomes protagonizam «2 Amores». "

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A peca original, chamada "Run for your wife", foi escrita por Ray Cooney






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2 AMORES, ESTREIA 19 DE SETEMBRO NO TEATRO VILLARETRO VILLARET 18 SET 2006


João, um taxista de Lisboa, tinha uma vida perfeita. Era feliz no seu casamento com Maria e, ao mesmo tempo, muito feliz no seu casamento com Ana. Tudo lhe corria bem até ao dia em que, envolvido num assalto, heroicamente salva uma velhinha e a confusão se instala. É capa de jornal, trava conhecimento com 2 inspectores de polícia e, como se não bastasse, os seus dois vizinhos de cima de cada uma das suas casas, Simão e Beto, em vez de o ajudarem, ainda complicam mais o seu triângulo amoroso aparentemente perfeito. 2 AMORES, uma comédia hilariante e com muito amor, marca o regresso da dupla José Pedro Gomes e António Feio ao palco do Teatro Villaret


3ª a Sábado às 21h30 Domingos às 16h30
Encenação António Feio - Autor Ray Cooney - Tradução Ana Sampaio – Cenário Eric da Costa - Desenho de Luz Manuel Antunes - Figurinos Bárbara Feio - Música Alexandre Manaia - Assist. Encenação Sónia AragãoInterpretação António Feio, António Machado, Claudia Cadima, João Didelet, Joaquim Guerreiro, José Pedro Gomes, Maria Henrique, Martinho Silva


Bilhetes à venda no Teatro Villaret, FNAC, Abreu, Abep, Alvalade.
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(Pago uma cerveja a quem reconhecer a imagem)
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6.06.2007

wake up call



Recebi isto via mailing list do poliamor portugues.

Depois da conferencia em Hamburgo em 2005 e toda a atencao mediatica que se seguiu, muita gente descobriu que o poliamor é um topico em oportunidades de investigacao e teses de licenciatura e doutoramento.

É bom que se investigue e só posso estar contente. Mas nao posso deixar de sentir uma ponta de ironia amarga por todos aqueles que desconheciam de todo o poliamor antes de tantos praticantes, nao academicos, terem saido do seu armário.

A conferencia em Hamburgo nao teve mais de 200 participantes (ver varios posts da altura neste blog):

http://laundrylst.blogspot.com/2006/04/international-conference-on-polyamory.html#links
http://laundrylst.blogspot.com/2006/03/lesppress-report-on-1st-international.html#links

Vá… toca a pegar no teclado/esferografica, toca a trabalhar e escrevinhar umas coisicas.


N.E.: O trabalho abaixo já saiu como livro.

Call for contributions
Understanding Non-Monogamies
Edited by: Dr. Meg Barker & Dr. Darren Langdridge
Contact:Dr. Meg Barker, Psychology Department, Faculty of Arts and Human Sciences,London South Bank University, 103 Borough Road, London, SE1 0AA. Email: barkermj@lsbu.ac.uk Dr. Darren Langdridge, Faculty of Social Sciences, The Open University,Walton Hall, Milton Keynes, MK7 6AA. Email: d.langdridge@open.ac.uk

Most psychological and social scientific work on intimate relationships hasassumed a monogamous structure, or has considered anything other thanmonogamy in the context of 'infidelity'. Openly non-monogamous patterns of relating have been largely excluded from research and theory (Barker, 2007).Pieper and Bauer (2005) termed this exclusion 'mono-normativity', and suchprivileging of the monogamous couple can be seen as part of wider heteronormative discourses which explicitly or implicitly present the'opposite-sex' dyad as the 'natural', 'normal' or 'ideal' way of being.

There is little recognition of the growing numbers of 'opposite-sex' couples who are involved in swinging, polyamory, or some other form of open non-monogamy (e.g. McDonald, 2007), or of the significant numbers of those in gay, bisexual, and to some extent, lesbian communities, who are involved in openly non-monogamous relationships (e.g. Adam, 2006; Klesse, 2005; Musen& Stelboum, 1999). Calls for various forms of relationship recognition for same-sex couples have been seen, by some, as part of a continued marginalisation of those who practice their relationship in less 'traditional' ways, with Michael Warner, and others, arguing that such drives towards normalisation reify dominant and 'damaging hierarchies of respectability' (1999, p.74).

In recent years there has been a growing interest in exploring various patterns of intimacy which involve open non-monogamy (e.g. Adam, 2004;Barker, 2004; Jackson & Scott, 2004). This has culminated recently in an international conference on mono-normativity (Pieper & Bauer, 2005) and a special issue of the international journal Sexualities on polyamory: 'a form of relationship where it is possible, valid and worthwhile to maintain (usually long-term) intimate and sexual relationships with multiple partners simultaneously' (Haritaworn, Lin & Klesse, 2006, p.515). Research on the topic has captured public attention with a flood of newspaper coverage in 2005 following the presentation of Ritchie & Barker's research on the language of polyamory (see Ritchie & Barker, 2006). Open non-monogamy could be seen as a burgeoning 'sexual story', with over a million google hits for the topic of polyamory alone, and a growing number of 'self-help' stylebooks on the topic (e.g. Anapol, 1997; Easton & Liszt, 1997; Taormino, forthcoming 2007).The proposed book seeks to provide further discussion and debate about open non-monogamous relationships.

We are keen to invite empirical and theoretical pieces considering the various non-monogamous patterns inexistence today. We welcome empirical and theoretical work concerned with the history and cultural basis of various forms of non-monogamy, experiencesof non-monogamous living, psychological understandings of relationship patterns, language and emotion, and the discursive construction of mono-normativity. We are keen to invite submissions that address issues of race, class and disability, as well as sexuality and gender. We also wish to include political and activist writing, as well as pieces from community representatives. We are not seeking work that pathologises open non-monogamyor focuses on 'infidelity'. Nor are we looking for anthropological studieson polygamy and polyandry.

We hope to include contributions from academics and activists from as wide a range of countries as possible, especially those traditionally under-represented in academic and activist writing in the English language.

Prospective authors are invited to contact the editors at the earliestpossible opportunity to discuss potential submissions.

The closing date for chapter abstracts is 31st August 2007 and (provisionally) for completed chapters 31st March 2008 (electronic submission preferred).

References
Adam, B. D. (2004). Care, Intimacy and Same-Sex Partnership in the 21stCentury. Current Sociology, 52(2), 265–279
Adam, B. D. (2006). Relationship Innovation in Male Couples. Sexualities,9(1), 5-26.
Anapol, D. M. (1997). Polyamory: The New Love Without Limits. California,US: IntiNet Resource Centre.
Barker, M. (2004). This is my partner, and this is my… partner's partner: Constructing a polyamorous identity in a monogamous world. Journal of Constructivist Psychology, 18, 75-88.
Barker, M. (2007). Heteronormativity and the exclusion of bisexuality in psychology. In V. Clarke and E. Peel (Eds.) Out In Psychology: Lesbian, gay,bisexual and trans perspectives. pp. 86-118 Chichester: Wiley.
Easton, D. and Liszt, C. A. (1997). The Ethical Slut. California, US:Greenery Press.
Jackson, S. and Scott, S. (2004). The personal is still political:heterosexuality, feminism and monogamy. Feminism & Psychology, 14 (1) 151-157.
Klesse, C. (2005). Bisexual Women, Non-Monogamy and Differentialist Anti-Promiscuity Discourses. Sexualities, 8(4), 445-464.
McDonald, D. (in press). Swings and roundabouts: management of jealousy in heterosexual 'swinging' couples. British Journal of Social Psychology.
Munsen, M. and Stelboum, J. P. (Eds.) (1999). The Lesbian Polyamory Reader.NY: Harrington Park Press.
Pieper, M. & Bauer, R. (2005). Call for Papers: International Conference on Polyamory and Mono-normativity. Research Centre for Feminist, Gender & QueerStudies, University of Hamburg, November 5 th/6th 2005.
Ritchie, A. & Barker, M. (2006). 'There aren't words for what we do or how we feel so we have to make them up': Constructing polyamorous languages in aculture of compulsory monogamy. Sexualities, 9(5), 584 - 601.
Taormino, T. (forthcoming, 2007). Opening up: A Guide to Polyamory. Cleis PressWarner, M. (1999). The Trouble with Normal: Sex, Politics and Social Theory.Minneapolis: University of Minnesota Press.


6.03.2007

Ladyfest, resumo geral


Escrevi isto para a Zona Livre, publicacao bimensal do Clube Safo.



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Maio foi o mês de todos os encontros e todas as actividades. Depois de um Inverno sossegado em termos políticos e da cena, voltam a haver festas, encontros, tertúlias. Houve o LFT (Encontro Primavera Lésbico, artigo em breve) e houve o Ladyfest, e ainda estamos a ganhar balanco.

A Ladyfest (url: plone.ladyfestwien.org) decorreu em Viena de 16 a 20 Maio de 2007. Define-se como uma festa somente "feita por mulheres ("de todos os géneros" ) para todos", e procura encontrar solucoes alternativas para problemas novos e antigos. Define-se fortemente como contra cultura, intervencionista, de esquerda e como opondo-se fortemente á pressao mainstream de encontrar solucoes "one size fits them all" que neguem a individualidade e diversidade que (felizmente ainda) abundam dentro da(s) nossa(s) sociedade(s). Encoraja por consequência todo o tipo de DIY (Do It Yourself), todo o tipo de diversidade e de discurso e prática politicamente correcta e antidiscriminatória. É também precisamente por esse encorojamento da diversidade e do DIY extremamente divertida e descontraida!!

Este texto pretende ser apenas uma chamada de atencao, até porque eu por motivos pessoais só estive lá o tempo essencial para dar a minha workshop, confraternisar um pouco, trocar uns olhares e voltar para casa. Daquilo que vi, achei que o projecto da Ladyfest (itinerante, e em paralelo em diversas cidades) merece ser seguido com alguma atencao. As leitoras interessadas poderao visitar o site da Ladyfest acima indicado (escrito em inglês e alemao), ver por si o programa e tirar as próprias conclusoes.

A Ladyfest contou com uma componente fortíssima de arte em todas as suas formas, principalmente performativas e musicais. Todas as noites houve diversos concertos e DJaning, mas as artes visuais tambem estiveram presentes através de exposicoes de fotografia e pintura, e exibicao de varios filmes pertinentes para questoes de género e da Resistência contemporânea em geral.

Nao podia deixar de listar algumas das workshops para vos despertar a curiosidade (deixei os textos em inglês sempre que achei que era mais descritivo que em português): "Stencil, ferramenta de arte e intervencao política", "Drag yourself, extend your Self", "Do it yourself: Dyke styling, do your own dyke-clothes", "Escrita criativa, como melhorar um texto ou mandá-lo pela janela", "Da teoria queer á prática politica", "Crashcourse de hardware (computador)", "O viver precário como forma de Resistência na sociedade contemporânea", "Filmes porno queer-feministas", "Tecnologia de som", "Seguranca no computador", "All gender is drag", "Gendering the Wikipedia", " Open source software", "Bondage", e finalmente, a workshop que eu co-moderei, "Uma, nenhuma ou muitas: formas alternativas de relacao".

Todas as workshops foram feitas em inglês sempre que alguem presente o requereu. Muitas vezes houve traducao simultanea para poder agradar a gregos e a troianos, e ninguém se queixou disso. Tentou-se usar linguagem inclusiva de género sempre que possivel, que para mim foi uma novidade e muito interessante ("I love hir", em vez de her ou him, por exemplo).

Ainda consegui participar na "Ladyride", um passeio turístico de bicicleta alternativo pelo centro histórico de Viena, em que durante duas horas pedalamos e vimos imóveis com a sua própria história ou que foram parte da história de diversas resistências, mas que nao fazem parte nem do património público, nem da memória colectiva (ver edifício da PIDE em Lisboa para um exemplo "nosso"). No fim bujecas e vinho verde para todas numa esplanadaLantes da festa da noite.

Acerca da workshop poliamor (Uma, nenhuma ou muitas), apresentada e moderada por mim e a Iljana tenciono escrever em breve, separada e mais detalhadamente. Talvez a venhamos a apresentar em Portugal. Quem tiver interesse e quiser receber uma notificacao, ou propôr temas e questoes, por favor contacte-me por mail. Stay tuned at laundrylst.blogspot.com.


mais sobre a ladyfest:
http://plone.ladyfestwien.org
http://laundrylst.blogspot.com/2007/05/lembrete-ladyfest-em-viena-com-poly.html#links





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