2.11.2005

Encher Chouricos com Neve

Este blog está um coche parado, mas a esperança é a ultima a morrer.

A única coisa digna de registo num dia tão rotineiro que até mete nojo (inclusive o esmagamento habitual de qualquer resquício de auto-estima), foi a fotografia de Lisboa debaixo do nevão de '54.

Para começar, eu andava á cata dessas fotografias há imenso tempo, desde que a minha mãe me contou essa história. Depois porque a ideia de neve em Lisboa é tão estapafúrdia que se presta a delírios imaginativos discretos à frente do computador enquanto se está com ar de trabalhar no meio de colegas ainda mais ocupados que nós (pensamos nós, mas o poeta é sempre um fingidor).

Coisas que me passaram pela cabeça:

batalhas de neve nos pátios em Alfama... ou nas Portas do Sol..
bonecos de neve obscenos...
neve a derreter e as sargetas todas entupidas...
as calcadas inclinadíssimas da Graça e etc com neve..
os trambolhões e as urgências bem cheias em S. José!
os carros estacionados nas ditas calcadas.... e a deslizareeeeeemmmm!!!
a caca dos pombos misturada com a neve e escorregar naquilo e cair com o nariz na poia dum cão... (já cá faltava a escatologia).
se a temperatura baixasse o suficiente.. ir patinar no gelo no lago do Campo Grande (visão dantesca... ser assaltada em patins.. ou ter exibicionistas a correr atrás de mim em patins...)

Mas na verdade tenho uma pena tremenda e queria ter visto Lisboa com neve e sem Cristo-Rei e sem ponte. Deve ter valido a pena.

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