7.26.2010

OpenCon: evento poly auto-organizado

A 3-day event in the English countryside for everyone who knows that happy and honest relationships don't have to be monogamous. OpenCon combines discussions, workshops and socialising to give you a chance to meet like-minded people, to build our community and to celebrate its diversity

Para quem me tem perguntado "O que é um evento auto-organizado", gostei bastante desta explicação

OpenCon is a hybrid conference--unconference. That is, run by the participants as well as by a team of organisers.

The set-up team will sort out the venue, and help with room placements, set a structure to the event and organise some workshops. Much of the rest is up to you as a community.

The basic ethos of this event is that you are discouraged from saying "somebody should do X", but you are encouraged to say "I’ll do X", and then do it. There are no organisers to complain to/applaud. If you want it to happen, make it happen. By coming along you agree to become one of the event’s co-organisers, doing what ever has to be done to ensure your fellow attendees have an enjoyable and safe weekend.

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7.19.2010

Queer, uma palavra viva

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A palavra queer apareceu como sinónimo de bicha, de gajo que não se encaixava na norma, no tempo em que ser bicha dava cadeia, de um modo nada compatível com as recomendações para condições prisionais da Amnistia Internacional. mas sempre como "non-conforming"

Entretanto, a palavra começou a significar cada vez mais bicha, e a certa altura, não universalmente, bicha efeminada.

A palavra Queer começa a dar confusão, ultimamente, porque nos últimos anos começou a recuperar o seu sentido original numas cenas e grupos, e a manter o significado antigo noutros.

Queer é uma palavra muito útil para separar (tomemos como exemplo) gays em geral, dos gays não normativos (não gosto da palavra alternativo porque perdeu todo o significado). Para quem não percebeu, há gays/fufas/trans*/bis/etc de pantufas, que são tão burgueses como a maior parte dos heteros, e aqui quando digo burgueses, refiro-me a sistema de valores e empenhamento social e interventivo e não a modo de vida ou a terem a possibilidade financeira de comerem três refeições por dia. E provavelmente há heteros que podem se identificar como queer, a partir do momento que há toda uma reflexão e escolha consciente que transcende a actual orientação sexual.

Por outro lado, ou talvez antes, no seguimento do anterior em contexto identidade de género, a palavra queer tem sido reclamada no sentido trans*, de individuo que decidiu conscientemente a sua identidade género, e que conscientemente não se guiou necessariamente pela cartilha bipolar.

Por vezes tropeço em discussões que abordam temas que gravitam ou derivam de "ser poly é automaticamente ser queer". Não é. muitas vezes aparece em intima associação mas não é. Vejamos...

Queer começa a sugerir uma tentativa, ou antes, uma preocupação genuína, em aplicar valores não normativos (e começam a sair da cartola o feminismo, o anti-racismo, etc) de modo concreto na vida e reflexão quotidiana. Não implica necessariamente actividade política, mas implica uma preocupação politica, implica reflexão e auto-crítica. Não quer dizer isto que seja esperado um activismo constante em todos aqueles campos, mas implica certamente não fechar os olhos quando há contradições gritantes com algum daqueles princípios, quer a nível de comportamento do grupo, quer a nível da interacção entre os indivíduos que neles se movem. E isso vê-se pouco ou nada em grupos poly ou gay ou lésbico que não são queer, e é precisamente aí que a diferença mora. Relembro-vos a recente discussão a propósito da Judith Butler e a marcha do orgulho LGBT em Berlim.

Espero que tenha ajudado, correcções e comentários bem-vindos! Não espero que este texto seja consensual.

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7.12.2010

Digest: o que ando a aprontar (to be continued)

Resolvi lentamente voltar às lides organizativas. Fiz cerca de dois anos de pausa. Após a co-organização da marcha do orgulho no Porto, e de muitos encontros poly em Portugal e na Alemanha, e muita outra tralha mais, precisei, por motivos de saúde, de uma pausa. Agora lentamente começo a esticar os músculos organizativos e apetece-me começar a meter o bedelho nisto e naquilo.

Comecei me a interessar, via "a minha vida poly", por constelações familiares alternativas, e pela co-educação. E a partir de certo ponto, desvinculei o tema poly do tema da co-educação e comecei a interessar-me por constelações alternativas em volta ou dirigidas à "gente miúda", ou em que isto seja priorizado em relação às relações entre a "gente graúda" (aka "adultos").

Falei-vos do campo "quem vive com quem" que lançou uma série de discussões e criou massa crítica...
http://laundrylst.blogspot.com/2010/06/campo-quem-vive-com-quem.html


e falei-vos do encontro que se seguiu, em Berlim, no fim de Janeiro...
http://laundrylst.blogspot.com/2010/02/uma-sessao-de-aconselhamento.html

Deste ultimo encontro, que foi bastante grande, houve algumas pessoas que se interessaram pelo tema da parentalidade alternativa em si, e menos pelas questões ligadas a famílias "tradicionais", mesmo que constituídas por pares do mesmo género. E uns quantos de nós juntaram-se, e estamos a tentar começar o encontro regular "queer mit kind" (
queer com miúdos).

Estamos ainda a escrever o manifesto, mas posso-vos deixar uns lamirés (E prometo voltar a escrever com mais cuidado sobre isto assim que tiver novidades).

"
Somos o grupo "queers com miúdos" (Aka parentalidades*), e somos um grupo de adultos, de background queer e de esquerda, que procuram criar um encontro para discussão e eventual intervenção na sociedade, acerca de modelos de educação alternativos, sua aplicação na sociedade, sua aceitação, bem como investigação das possibilidades de relações com os outros adultos envolvidos na educação de uma criança. Procuramos para isso outros queers radicais que desejem assumir parentalidade(s) numa perspectiva *concreta* e de longo prazo.."

Falta-me arranjar uma tradução gender-neutral de
parentalidades*. Sugestões?

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7.05.2010

Gatxs na caixa

Mesmo quem não gosta ou não tem de trabalhar com Física ou Física Quântica, conhece o nome de Schrödinger. Toda a gente conhece a história do gato de Schrödinger, como veiculo para explicar o principio de Indeterminação de Heisenberg (não é possível saber simultânea e absolutamente a localização e velocidade de uma partícula), em que o abrir de uma caixa para ver se o gato está morto (indicador do sucesso de uma dada experiência), mata o gato caso ele não esteja já morto. Adiante, talvez não a melhor maneira de começar um artigo sobre poly, mas vão ver que isto é pertinente...

Em língua alemã diz se, acerca de contar factos difíceis da vida privada, tirar gatos do saco, e provavelmente é daí que vem a historia do gato. Fazer um come out poly é tirar um gato do saco. Depois de tirar o gato do saco, o gajo esgatanha tudo e mais alguma coisa e não o conseguimos voltar a por la dentro.
Come out feito, é come out definitivo.

Schrödinger vivia com duas mulheres
, em conhecimento e consentimento. Não o escondia. Teve problemas na sua vida profissional com isso. A Wikipédia é vossa amiga. Está lá tudo.

http://en.wikipedia.org/wiki/Erwin_Schr%C3%B6dinger


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