6.20.2010

"Só eu sei porque fico em casa"

Berlim tem sempre que bater o pé e ser especial em tudo e mais alguma coisa, ergo não tem apenas um desfile CSD (Marcha do Orgulho) mas tem logo dois de uma assentada. Ontem foi o "grande" com 10.000 pessoas e com o tema "Normal é outra coisa", e sabe deus o que eles querem dizer com isso. O "pequeno", alternativo, e mais centrado em temas mal amados como identidades trans* ou minorias migrantes e/ou étnicas dentro da comunidade LGBT, é daqui a uma semana (http://transgenialercsd.wordpress.com/) e atrai geralmente menos gente, mais policia e faz bastante mais ondas.

Não há amor a camisola nenhuma que me tirasse ontem de casa. Não saio à rua para festejar nem manifestar me pelo casamento gay, ou por temas de luxo para uma camada gay que não é queer e que passa a ferro problemas bastante prementes. Só eu sei porque fico em casa. Curiosamente, dentro do meu circulo de amigos e conhecidos, que vivem de modo perversos e/ou não monogâmico, conheço muito poucxs que tenham ido. E xs que foram, foram pela festa e pelo convívio, como quem vai a uma churrascada. ou a um jogo de futebol. Só eu sei porque fico em casa.

Judith Butler recusou ontem o prémio da coragem cívica que lhe foi atribuído pela organização do CSD. Alegou que o CSD "grande" se tornou um evento comercial, que ignora assuntos como identidades trans*, que não aborda nem defende os direitos de queers migrantes ou minoritários. E digamos, que estes dois temas são exemplos, há mais, mas são exemplos tão grandes, que quem os ignora está a fazer um exercício nada académico de cegueira voluntária.

Mais do mesmo:
http://www.catch-fire.com/2010/06/good-job-judith-butler-turns-down-gay-pride-award/

Fica a questão, pertinente também depois do Orgulho em Lisboa, de "a quem pertencem as marchas do orgulhos".


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6.08.2010

"e as crianças, senhor?": Campo "quem vive com quem"

Mais um evento que não é directamente poly mas bastante poly relevante.
Trata-se do acampamento "Quem vive com quem" (Who lives with who, why and how), que trata simplesmente de abordar os temas e definições acerca de família e vida privada, nunca esquecendo que por muito privada que seja, não deixa de ser prementemente político. Nomeadamente, quando se toca no tema "crianças", mesmo em sectores revolucionários, geralmente vem associado todos os termos habituais como "família nuclear", "pais", "família de referência" e outras soluções ou constelações são geralmente consciente ou inconscientemente ignoradas.

Para quem pensa noutras constelações, ou já passou do pensamento à prática, este é um sitio para partilha de experiências e conspiração de utopias. Possíveis, claro.

25.07-01.08.2010, perto de Berlim.

http://werlebtmitwem.blogsport.de/camp-2010/english/


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