2.22.2010

Um "bébe com seis cabecas" ou um "bébé com seis pais"?

Este fim de semana viu várias calamidades naturais e humanas, como por exemplo as enxurradas na Madeira ou a manifestação pela familia tradicional com slogans brilhantes do calibre de "A natureza diz nao" ou "Gosto tanto dos meus avós" (Alguém vai ter de me explicar esta..) e a presença sempre lustrosa da extrema direita. Sim, os tempos estão de feição a quem acha que é democrático permitir uma manifestação de pessoas que acham que se devem limitar os direitos a outras pessoas, ou julgar ou emitir opiniões sobre a vida privada de outrem. A condizer com isto, podia aparecer um título no jornal a condizer com tantos portentos e sinais certos de Apocalipse, como "Bébé com seis cabeças". Mas não, nada disso, aparece antes "Bébé com seis pais" e parece coisa mais agradável ao nosso palato poly:

(fonte: TimeOut, tip da underscore)

Um bebé com seis pais

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Já ouviu falar da família tradicional? Pois esqueça tudo. Bruno Horta explica porquê.


Que acontece a um casal quando decide ter filhos? Desiste do lado divertido da vida? É nessa altura que entra realmente na idade adulta? E se esse casal for constituído por duas lésbicas e partilhar a intimidade com um amigo gay, que será o pai biológico da criança?

Atenção: na peça Com o Bebé Somos Sete, que a companhia Escola de Mulheres apresenta até ao fim do mês no Clube Estefânia, o facto de o casal ser lésbico e polígamo não é sequer um tema. É apenas um dado adquirido. Os temas, analisa a encenadora, Marta Lapa, são outros: “Fala, de forma muito bonita, sobre homoparentalidade e pergunta o que é a normalidade nas relações e qual o caminho a seguir pelas pessoas, quaisquer pessoas, quando estão na eminência da paternidade.”

O texto original (And Baby Makes Seven) foi escrito em 1984 pela dramaturga americana Paula Vogel e estreado nesse ano em Nova Iorque. Vogel é presença constante nas produções da Escola de Mulheres, que já apresentou cinco peças da sua autoria, contando com esta. “É uma escritora de temas interventivos, ou fracturantes, como se queira chamar, uma escritora brilhante, que consegue disparar para vários lados ao mesmo”, explica Marta Lapa.

As três personagens que vemos em palco são, na verdade, seis. Anna, Peter e Ruth (Cristina Carvalhal, Margarida Gonçalves e Sérgio Praia) são adultos mas albergam neles alter-egos infantis, que os dominam por completo. Raramente têm conversas sérias. Passam a vida a inventar situações imaginárias para as suas personagens e brincam uns com os outros como crianças. O que não impede que vão deixando cair, aqui e ali, potentes frases adultas, obviamente políticas. “Vocês não podem estar contra a verdade”, diz uma delas, no meio de uma discussão. “Podemos, sim senhor, isto é uma democracia”, respondem-lhe.

No fundo, são três adultos, em triângulo amoroso, que não querem deixar de ser crianças. Mas desejam um filho e têm medo que a criança os obrigue a desistir do lado divertido e infantil em que vivem.

Nesta fábula, ou tragicomédia, como lhe chama a encenadora, é ainda aflorado o tema da sida, talvez devido ao contexto da época em que foi escrita – o início da epidemia nos EUA. A peça é apresentada numa altura em que o casamento e a adopção gays estão na ordem do dia. Mas isso, no dizer da encenadora, “é apenas uma feliz coincidência”. “Já tínhamos pensado nesta produção há mais de um ano, quando não se sabia se esta temática estaria em discussão na sociedade portuguesa”, esclarece.

Com o Bebé Somos Sete, de Paula Vogel. Clube Estefânia, R Alexandre Braga, 24. Qui-Sáb, 21.30; Dom, 16.00. Bilhetes: 10 euros.

terça-feira, 12 de Janeiro de 2010

Timeout

2.16.2010


Aqui vai o cartaz a pedir voluntários para a equipa de educação de rua que irá ser formada pelo projecto Dar Voz aos Trabalhadores Sexuais.

Caso o queiram afixar em algum sítio, estejam à vontade.

Por favor reencaminhem e divulguem!

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2.15.2010

uma sessao de aconselhamento


Saquei isto dum flier dum encontro regular sobre familias queer e crianças a que fui recentemente. O encontro destina-se a tentar criar massa critica para aconselhamento, apoio e desenrascanso para famílias não mainstream, seja pela orientação sexual ou de género dxs educadores (ou pessoas envolvidas), quer pelo papel emocional não necessariamente de cônjuge de vários educadores. Ou seja, este encontro cobre necessariamente (E demograficamente era a maioria) famílias com n pessoas, em que n, o numero de educadores ou pessoas envolvidas com as crianças, é maior que 2 e não necessariamente um numero inteiro.

Como devem calcular, questões como educação, procurações, custodias, podem ser complicadas de gerir, quando mais que duas pessoas, e fora de um quadro legal do género dum casamento, se envolvem na educação de uma criança. Logo faz todo o sentido criar uma rede destas. Só a parte jurídica é um pesadelo hiper-realista.

A fonte é www.ka-comix.de


Tradução:
"Bom dia! Apresento-lhe a minha companheira, estxs aqui partilham comigo o apartamento, e são co-mães, apresento também a minha mulher, a minha ex (Agora a minha melhor amiga) e os dois futuros papás!" "Precisamos duma pequena consulta de aconselhamento acerca de direito familiar, nomeadamente acerca da custódia da criança (não demoramos muito, seria o acrescento meu)"


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2.08.2010

S. Valentim, esse chato...

Escrito a pensar especialmente em quem está com os tomates, ovários, meninges, e outros órgãos bem sensíveis apertados por causa do São Valentim e até tem várias relações a gerir.

Dia dos namorados… e das namoradas… e dos amigos de cama… e dos amigos coloridos… únicos ou vários ou simplesmente inexistentes e/ou desejados..

… Poderia ser um pesadelo logístico, para poliamorosos que o sejam também na prática..

A primeira pergunta a fazer, é porque é que vocês se querem meter numa seca dessas… pensem lá…

(hmmmm… hmmm… hmmm…)

ok, vocês querem mesmo meter-se nessa seca. E não sabem quem é que vão convidar para jantar, ou para almoçar ou para dormir nessa noite. É isso? Ok, não posso resolver esse problema por vocês, porque me recuso a celebrar isso e a meter-me nessa alhada. Mas a título de apoio moral e solidariedade, este senhor também está pelos cabelos com o São Valentim.

Mas olhem! A nossa grande santa galdéria de serviço, Dossie Easton, de vestido vermelho e gert na mão, responde-vos a à pergunta: Como celebrar o São Valentim enquanto poly.

Depois contem como foi.

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2.01.2010

Trios: Hemingway

Continuemos, que a inspiração não dá para mais, a série sobre trios, reais, imaginários, literários, ou tudo junto. Hoje deixo vos com Hemingway e o seu "Garden of Eden". Segundo consta é uma história que o próprio Hemingway suprimiu em vida, e que nunca chegou a acabar até à sua morte. Passa-se na Cote d'Azur nos anos 20, e conta a história de, imaginem, um escritor, a sua mulher, e os jogos entre eles enquanto partilham uma mulher mais nova. Dizem por aí os especialistas que é autobiográfico... foi reeditado recentemente e até há um filme também...


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