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5.04.2009

Recurso para pais poly

Enquanto muita gente ainda se perguntam se o modo de vida poly é fazível, ou possível em termos práticos, outras pessoas limitam-se a vivê-lo.

Algumas, não poucas, têm filhos e não abdicam do seu modo de vida poly. No entanto, há sem dúvida uma série de pontos que tornam a sua vida diferente do mainstream, e onde precisam e/ou querem partilhar com outros. Sem dúvida que uma vida poly, ou com interesse por, terá impacto na maneira como vêem ou passam à prática a educação dos seus filhos.

No yahoo há uma lista de discussão e auto-suporte para "pais poly":

http://groups.yahoo.com/group/LovingMorePolyparent/

A última vez que vi, tinha cerca de 170 membros.

4.12.2008

mais uma história: midwest gay triad




Desta vez um triângulo, três homens.

nem vou comentar. isto nao é um aglomerador de notícias, pelo menos todos os dias, mas também nao tenho de fazer uma tese de doutoramento cada vez que escrevo... era o que faltava!

http://www.frontierspublishing.com/mag/index.php?o=art&article=455


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1.13.2008

Simone de Beauvoir II

Quando falo com outros "polies" ou apresento/discuto o conceito poliamor em workshops ou foruns electrónicos etc, perguntam me muitas vezes quando é que o conceito apareceu. É problema que nao me ocupa. Gracas á net e toda a informacao e desinformacao que por lá abunda há diversas vozes. Há pessoas que dizem que tem meia dúzia de anos, outros dizem que "apareceu há 20-30 anos em S. Francisco" e outras coisas mais dispares ainda. No meu caso pessoal, descobri por volta de 97 que existia uma coisa chamada alt.polyamory na usenet que me deu o empowerment e o empurrao necessário para nao desistir e sentar-me a lamentar-me. Se a palavra já existia antes, nao sei nem me interessa muito. Acho que é uma discussao académica. Ha registos de situacoes que se aproximam mais ou menos de situacoes poliamorosas com muitos anos. Vejam por exemplo o artigo sobre os Affrerements, ou vejam o caso da Comunidade Oneida (sobre a qual ainda nao escrevi). Mas o que eu acho muito curioso é realmente ninguem referir Simone de Beauvoir. Estamos a falar aqui de visibilidade poly sem vergonha em meados do século XX, e isso nao é qualquer coisa nem para qualquer um.
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Será que é por nao pertencer ao mundo anglo saxónico, de que a internet está impregnada? será que estamos a presenciar a invibilidade que outras culturas diferentes da nossa teem para discussoes que sao relevantes para além do contexto cultural? Será que se tenta reescrever a história de modo mais a modo para a camisola que vestimos? ou será apenas a involuntária copia de fontes erroneas ou insufiecientes que por forca de se repetir se torna plausível e credível?
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Estas sao as pergunta que de momento me preocupam.

7.25.2007

Workshop: Uma, Nenhuma. Várias, na Ladyfest, Viena, 2007


Prometi há tempos um resumo mais detalhado da workshop sobre poliamor que demos em Viena na Ladyfest, em Maio.

O tema escolhido foi "Uma, Nenhuma, Muitas". Como dito num post anterior, foi recomendado, de acordo com a filosofia da Ladyfest, que a linguagem utilisada fosse o mais possível gender-neutral.

Tinhamos duas horas á nossa disposicao, e optámos por ter um rascunho de estrutura, com espaco para muita improvisacao e flexibilidade, estimando deixar a última hora ou hora e meia para discussoes acerca de temas que a própria audiência propusesse. Afinal, nao sabiamos o tipo de público que iamos ter, mas tinhamos já a conviccao, de outras workshops a que assistimos durante a ladyfest, que já teriam todos pelo menos ouvir falar de poliamor, que conhecessem os termos e os temas pertinentes e eventualmente já tivessem alguma experiência que se pudesse dizer poliamorosa.

(Na verdade a "propaganda de corredor" já tinha sido tal que no dia anterior tinha havido uma workshop sobre "pornografia feministicamente correcta", com gente a sair pelas costuras onde toda a gente já falava da workshop sobre poliamor. Idem para a queereruption (sex party) em que já se tinha tornado tema recorrente no meio das bujecas.)

Optámos por usar a apresentacao como um icebreaker e um brainstorm em si para temas de discussao. Nós (moderadoras) apresentámo-nos, falámos um pouco das nossas experiencias activistas (quem nao souber e quiser saber pergunte-me), descrevemos como a nível pessoal aterrámos em situacoes poliamorosas, e complementarmente como aterrámos a fazer workshops e poliactivismo. Seguidamente acertámos a lingua em que a workshop deveria ser conduzida (se em inglês ou em alemao) e escolheram-se voluntários para fazer traducao simultanea para inglês caso alguém aparecesse mais tarde que nao soubesse alemao. Por fim, convidámos a audiência a apresentar-se, caso o quisesse, eventualmente seguindo o modelo sugerido por nós.

Como estavam mais de 22 pessoas na sala (e um cao), a apresentacao em si demorou quase uma hora. Igualmente devido ao numero (elevado) de pessoas, nao foi possivel discutir qualquer assunto de modo muito profundo. Todas as pessoas na audiencia tinham realmente já mais que ouvido falar de poliamor, mas todas tinham níveis de experiência e aceitacao em relacao ao conceito bastante diferentes. Em termos socioculturais pode se dizer que a maior parte da audiencia provinha duma esquerda menos burguesa e mais radical, com expriencias de viver em comunas ou prédios abandonados etc, entre os 18 e os 35 anos. Nao se sobrepondo a estes, mas tambem muito maioritaria, toda a fatia queer, GLBT e todos os gender queer. Faz me bem de vez em quando estar em ambientes onde eu de repente me torno mainstream e nao tenho de explicar a minoria que sou. ficámos com a ideia que podiam ter vindo muito mais pessoas, mas havia ao mesmo tempo uma workshop que obrigou as pessoas a escolher.

Como explicado no parágrafo anterior, o grupo era muito grande e o facto de pessoas estarem continuamente a chegar ou a sair (grrr) tornou impossivel a divisao em dois ou mais grupos. Na última hora tivemos também de providenciar traducao simultanea para inglês, o que tornou a discussao mais demorada. Sendo assim, foram muitos os temas tocados, mas pouca a profundidade. Fica para mim propria a nota que tenho de ser mais agressiva a moderar "o gajo que tem sempre que botar faladura" e que nao deixa mais ninguém falar, porque acaba por tornar a discussao centrada nele e nao no que o grupo propôs, raios o partam, que tem de haver sempre um cromo destes! Os temas tocados variaram entre:

- O que é uma relacao? sabemos que no mundo nao-poly ha as caixinhas amizade, amor, sexo that is it. E para nós? onde comeca, se é que se pode dizer que comeca, uma relacao?

- A diferenca entre o ser e o fazer: sou monogâmica por ter uma namorada? As pessoas que me vêem vao achar que sim, mas eu sei que nao... por outras palavras a minha percepcao e a dos outros.

- Poliamor: que nome de MERDA, quem o inventou devia estar bêbada ! Desinforma e traz os clichées todos atrás. poliamor nao é "muitas e boas". poliamor é aguentar e até gostar quando os "nossos" outros estao como outros.

- A pressao social existente nos nossos dias para se TER (já nem digo ESTAR) uma relacao.

- Ciume (inevitável), desconstruir o ciúme para o controlar (o ciume nao desaparece das relacoes poliamorosas por milagre, teem é outros mecanismos que facilitam o seu controle e neutralisacao)

- Sentimento de posse, influência do capitalismo e "starvation economy" nas relacoes monogâmicas.

- Tempo de qualidade vs tempo automaticamente passado com outra pessoa, por hábito.

- Responsabilidade.

- Fronteiras: gestao de tempo e de espacos

Discutimos para além do tempo e até a organisacao precisar do espaco (e se acabar o café) durante quase mais uma hora. Fechámos agradecendo tudo o que aprendemos com a contribuicao generosa daquela audiência e pedindo que comentassem a workshop (para aprendermos para as próximas). Desconfio que foi mais fixe e mais rico para mim do que para eles.

Lembrete para mesas futuras: divisao em grupos, moderacao forte e um tema fixo. É preferível discutir menos temas e com mais profundidade, e que todas as pessoas possam falar e fazer perguntas.

As próximas workshops serao aqui anunciadas.

7.23.2007

poly encontro em lisboa

Foi terca feira, dia 3 de Julho.

Foi a segunda vez que a comunidade electrónica portuguesa de poliamor organisou um encontro (antes disso houve mesas regulares de discussao e autosuporte no Porto organisadas por "yours trully", ver http://laundrylst.blogspot.com/search/label/mesas%20poly e http://laundrylst.blogspot.com/2006/09/mesa-de-discussao-poli-no-porto.html#links) em Lisboa. Em 2006 já houve um jantar, e está correntemente outro em preparacao.

Comecamos no miradouro na Graca, sete pessoas de todas as origens, orientacoes sexuais e feitios. Os que nao se conheciam apresentaram-se. Contámos (ou recapitulámos) como aterrámos nos nossos modos de vida poliamorosos e como aterráramos na mailing list. Com o vento e a ameaca de chuva mudámo-nos em marcha forcada para a piscina (almofadada) do Chapitô.

Nao foi possivel aprofundar muito as conversas (dinâmica de grupo, limitacao de tempo, etc), mas partilharam-se opinioes e experiências, e até mandámos uns bitaites acerca de situacoes complicadas que alguns de nós estavam a atravessar. Foi muito boa onda, muito descontraido, duma maneira que diria muito lisboeta (desculpem o bairrismo, sim?)

Com encontros destes, os que participaram ficaram sem dúvida com vontade de continuar, e os que nao foram vao perder o medo ou a preguica de irem.

O meu desejo é que se tornem regulares.


obrigada por lerem.



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9.15.2006

Forum espanhol "sexo y politica"


A lista espanhola de poliamor tem cerca de 80 membros, distribuídos um pouco por todo o mundo, aproximadamente o dobro do que tem a lista portuguesa.

Tal como a lista portuguesa, é muito variada em membros e posições defendidas.

Para reduzir o volume de tráfego na lista de distribuição e também para dar visibilidade a alguns dos temas ao mesmo tempo que se facilita o acesso dessa informação a curiosos interessados, foi criado um fórum, "Sexo y Politica".

http://www.normalworks.com/sexoypolitica/

Dentro deste, há um fórum dedicado a poliamor:

http://www.normalworks.com/sexoypolitica/viewforum.php?f=14&sid=28258e72c77c7f6dc7c26e9468540566

há também fóruns dedicados a politica e outros temas queer.

Neste momento, o fórum foi acabado de criar e é continente praticamente por desbravar. Muito poucos membros, quase nenhum post. Mas talvez valha a pena acompanhar.

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8.28.2006

pt.wikipedia: poliamor




A silly season continua com pertinácia sobre nós. Eu, com finalmente tempo nas mãos, resolvi continuar o artigo sobre poliamor na wikipedia em português. Surpresa minha, vi que o artigo tem sido continuamente actualizado e acrescentado. Vale a pena ler, e vale a pena continuar a trabalhar nele.

Enjoy. http://pt.wikipedia.org/wiki/Poliamor

Adicionalmente, fiquei a saber, grassas a esse artigo, que existe um projecto de filme, em português, sobre o tema. Fiquemos atentos. E quem souber mais coisas que me conte, que estou em brasas de curiosidade!

http://www.poliamore.com

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5.03.2006

Poli em Portugal (ou o que eu vi disso)

This article is adapted from something I wrote for the alreadyrefered Krake zine from Gwendo (polylogo@gmx.de). I dont claim everything to be correct. I am giving a report of my six months I spent here paying special attention to poly visibility and oganising meetings.

Comments and questions welcome!


A very personal view on the poly scene (as it let itself be perceived) in Portugal


I started writing this with the thought of making a cold, uncommented and distanced description of what I was able to see from the polyamory culture in Portugal, in the 6 months I spend back in my motherland. But right in middle of writing it I came to the conclusion it was impossible for me to do so, that I had to bring here some of my personal background and emotions.

Maybe I would try to explain why I landed in poly first of all. I will try to be brief. The idea dawned in my mind more or less without external influence. I was finishing my studies, which is something that makes one think about the future, and got very disappointed by the relationships I saw around me. Either they were powered by an idea of love as submited to rules and regulations, oriented to a very long distance future, or were romantic passion driven. I have also seen schizofrenic cases of relations that try to follow both models, to my bewilderment.

The romantic passion is something that burns the house. Lives the moment, it is obsessed, it is exalted, it is pure pyrotechnic virtuosismo. Kills individuality, burns the future, raises inflated expectations. Ok, the outcoming poetry of it all is just great, and probably plays some role on the basis of Western Literature and Art, but you cannot expect to live long in such exalted state. One becomes first the mirror of The Loved One and then The Loved One's living picture. You become her. Of course I know that one cannot choose if passion knocks loudly at the front door. But already then I had the suspicion that many people seek this state desperately as an objective in itself, even more important than finding the eventual Unique Loved One.

I have difficulties in speaking impartially about the other model for which I even lack a decent name, but I will do my best. It is regulated by the idea that a relationship is successful only if it is long and it "works" in everyday life. It is "pass/fail" evaluated. Like, if the love of today is the token that it will work tomorrow, and tomorrow, and after, for years to come, no matter how much the people develop and their views change. In this model, strict rules are to be followed, and I have the suspicion that not only your actions and habits are to be regulated, but also what you should think and feel. In short, I suspect that also love suffers an attempted regulation (and "kindly explain me how can love be regulated?", is my eternal question to these people).

Without going too biographical, I was more than a decade in theoretical contemplation of some idea of poli and occasionally reaping some stoms and arguments with people because of some shy attemps at it. I recall from those years the sense of defeat and the isolation, the feeling I was not being understood by people around me. After some time I resolved this and settled my life in a more constructive way. Praxis began. For good and lasting. I had support of a lot of same minded people I found meanwhile in the german city I was living in.


Because I was aware how the very existence of these people did so much for me, and I was so thankful to have had this support, I decided I had to do the same in Portugal. In our days, there is so much you can do remotely over internet, and I was going to spend half an year there anyway, that I dived into the idea of founding and/or consolidating a poly discussion and support group in Portugal.

I did some research and found quickly that something already existed. There is a quite complete internet site, in portuguese, spanish and english, www.poliamor.pt.to, and a mailing list for discussion and support poly_portugal. The list is around 1-2 years old and hosts around 25 members, most of them just readers. It has not been growing and is not very active. Most of the people in it feel a sympathy for the poly ideas but never really had real life experience. Because of this, the "more experienced" others are shy about sharing their real-life poly experiences. I've been trying and making contacts with them individually outside the list just to feel the pulse and motivations. The huge majority of the list lives in Lisbon, 300 km from Porto, where I am sitting, so it is difficult to organise any type of events (discussion tables, parties, dinners,..), a couple of members live in Aveiro, others in the US. Some of the people are also in contact with the poly scene in Spain and UK. The list seems at first sight hetero and men dominated, but recently I start to think it might be a different story. Don't judge a group by its loudest voices.

There was a get-to-know dinner from the Lisbon group in January but then I was too tired to travel. No more events in Lisbon to this day. Because of not having been there, I cannot give a very complete picture about the situation in Lisbon (where like mentioned, the majority of the list lives), simply because I don't have it myself.

I don’t have any illusions that to consolidate a group takes time, that it takes other people, it takes time and that it takes some luck, that the right people come into contact. Also, some words on the social environment: I perceive me and my fellow portuguese as individualists. I don’t mean egoists. I just mean we are not group oriented as in northern cultures. We rely on ourselves, our creativity and wits, and have a tendency to find groups and associations an inefficient waste of time. Activism is regarded with suspicion, and the few who don’t feel this way, tend to engage in activism with fervor and exageration that shuns more moderate people. Off course this is just a model, but helpful to explain the apparent contradiction that I have heard and met stories of people who live or have lived in a poly way, but don’t consider useful to join a discussion group, to network, simply to become in some way "visible" or even "political" (everything you do that others see is political) about it. As a side comment, all this paragraph can be extrapolated to GLBT activism in fact, but that is another quite long laundry list.

What I have been doing for the moment is just agitating the waters in certain scenes. I started a blog to write about polyamory in portuguese in this blog to stimulate the discussion. Fliers have been written and distributed. Inside the GLBT groups I have been involved with, I started publishing translated articles I find good, or my own articles (and collecting the questions and comments they raise). I have privileged the politically engaged lesbian and the incipient bi communities as target groups. There has been some reaction, but not that much until now. The same holds for all the attempts of creating a regular discussion table. But as the weather gets better people are getting more social and I feel the interest steadily growing.

As a way of conclusion, just some words on some comments I got about Portugal typically being perceived from outside as conservative, and therefore poly unfriendly. Well, usually I like saying that there is an enormous variety of backgrounds here, from someone who has studied engineering but writes poetry to the illiterate and poor who still finds resources to feed a blind cat in an alley, so all the possible reactions that can exist, are all the possible reactions you will definetely get. Another point is, relationships and emotions are very important in Portugal, it is something that takes a lot of time and energy in everybody's mind and heart, so people tend to dwell not too long on the logic side of the argument, jumping quickly to gentle understanding of the idea of poly you are trying to explain, or a quick flaming of it. I had heard very unpleasant comments about my ways, but on the overall people were quite receptive and thankful that I shared that with them. Often I heard them saying that they knew similar stories from someone else they knew. I see a future here, and until now it was great fun to engage in all this.

Thanks for reading,
antidote[arroba]imensis[ponto]net

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4.29.2006

poly-pt flyer




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International Conference on Polyamory and Mono-Normativity, Memorandum Gwendolin Altenhöfer for SERGEJ


Este é o segundo artigo sobre o mesmo tema em poucas semanas. Na verdade será uma tradução de um artigo, com alguns comentários.

A autora, G. Altenhoefer, visitou a 1st International Conference on Polyamory and Mono-Normativity, Hamburg e escreveu três artigos diferentes em publicações distintas sobre o que viu, ouviu e sentiu. Há três semanas publiquei o primeiro, mais resumido, dessa série:

http://laundrylst.blogspot.com/2006/03/lesppress-report-on-1st-international.html

Hoje deixo-vos com uma tradução do artigo mais longo, originalmente publicado na revista SERGEJ (publicação mensal da comunidade GLBT em Munique) acompanhada por uma introdução minha (que modifiquei um pouco, devido à sua especificidade original, para poder publicar aqui), que foi publicada recentemente em Portugal numa publicação específica para mulheres da comunidade GLBT.

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Nestas últimas semanas muit@s de nós têm assistido com preocupação, esperança e solidariedade à história de Teresa e Helena. Sem dúvida muit@s apoiam a sua causa que acaba por ser uma causa pela igualdade, e uma causa de todos nós.

Mas, mesmo assim, alguns de nós não se revêm no modelo de relação constituído por um par monogâmico. Alguns de nós, quer por crítica feminista aos modelos patriarcais, quer por inclinação romântica ou pelos mais variados outros motivos, rejeitam o modelo monogâmico.

O movimento Polyamory (ou Poliamor) tem crescido lentamente mas de modo constante nas ultimas décadas nos EUA. Têm aparecido termos como Não Monogamia Responsável, Polifidelidade, entre tantos outros. Na Europa, movimentos começaram a surgir mais timidamente no Reino Unido, Suíça e Alemanha. Na Alemanha eu e outras temos acompanhado a sua versão lésbica e feminista, a Schlampagne.

Um dia uma de nós resolveu entrar num comboio com outras para ir a Hamburgo ao que foi a primeira conferência internacional que discutiu abertamente este tipo de relações não convencionais, e escreveu um resumo do que viu na SERGEJ, uma das publicações mensais GLBT na cidade de Munique. É este artigo que vos deixo aqui, traduzido para o português, e que espero sinceramente que vos interesse. Gostaria muito de ouvir as vossas opiniões.

Nota: deixei alguns termos em inglês por ainda não existirem traduções precisas em português. Gostaria de ler e ouvir os vossos comentários. antidote@imensis.net


SERGEJ (publicação mensal para a comunidade GLBT em Munique, RFA).

International Conference on Polyamory and Mono-Normativity, Hamburg, 4.-6.11.2005
Memorandum de Gwendolin Altenhöfer (polylogo@gmx.de)


No auditório da Universidade de Hamburgo estiveram presentes mais de uma centena de pessoas que ouviram atentamente as apresentações sobre o tema da conferência: "Polyamory (em português Poliamor [1]) e Relações Múltiplas".

"Eu vim cá para ver e conhecer pessoas que amam mais do que uma pessoa", assim se exprimiu uma participante

suíça: "Onde vivo, conheço muito pouca gente que compreenda realmente o meu modo de vida. Mas aqui não sou a única e tenho a oportunidade de aprender muito de outras pessoas que seguem o mesmo modelo polifidelidade de vida que eu!"

A primeira conferência internacional sobre este tema, que se realizou em Hamburgo, no princípio de Novembro de 2005, lançou pontes entre a comunidade científica e pessoas com essa experiência de vida, e também entre investigadores e activistas. A participação de lésbicas, gays, bis e transgenders foi alta, tanto entre o público como atrás dos microfones. O papel desempenhado pela comunidade LGBT é sem dúvida muito determinante na comunidade Polyamory, ao explorar, descobrir e testar constantemente modelos de relação que transcendem o par tradicional.

As questões apresentadas foram bastante diversas, por ex. "Que tipo de regras se devem estabelecer em relações múltiplas para que a/os participantes se sintam confortáveis mesmo quando alguém muito querido se encontra num dado momento nos braços amorosos de outrem?", ou "Será que o desenvolvimento recente do movimento Poliamor está de algum modo relacionado com a flexibilidade que a economia neo-liberal nos tem habituado a ver requisitada à massa trabalhadora?", ou ainda, "Que significa a palavra 'responsabilidade' para pessoas que querem manter vários parceiros sexuais?", ou ainda finalmente, "Como lidar com o ciúme?".

Quer nas apresentações quer na assistência estavam representadas todas as formas possíveis de Poliamor, e a visitante pode fazer um retrato vivo de como vários tipos de pessoas interpretam o Poliamor de modo pessoal e diferente e conseguem ser felizes: Seja em casamentos de grupo com regras rígidas, como swingers, em amor livre, ou como parceiros de jogo na comunidade SM, ou ainda em redes de relações alternativas por motivação feminista crítica ao casamento, seja ainda no deleite da constituição de ninhos românticos entrelaçados com esta ou aquela nova paixão.

Novas palavras têm sido desenvolvidas (por ex. em comunidades online) para evitar mal entendidos catastróficos. A palavra "frubble" descreve a excitação alegre ao se ver o nosso amor feliz na companhia (ou mesmo nos braços..) de outra.. Já a palavra "wibble" descreve a insegurança quando o nosso amor encontrou uma nova pessoa. "Metamor" é a alternativa positiva a "rival", e assim por diante.

Para estimular a conversa e o estabelecimento de contactos a associação "bildwechsel[2]" (Associação de Mulheres para os 'Media' e Cultura, Hamburgo) proporcionou na noite de Sábado um Videolounge. Para exercícios práticos pertinentes para a vida quotidiana numa relação múltipla, houve uma workshop com Dossie Easton, autora de "The Ethical Slut" (tentativa de tradução "a Vadia Responsável"). Easton assegurou que, apesar de décadas de vida "boémia", ainda por vezes sente ciúme: "É preferível adquirir estratégias para antecipar e lidar com o ciúme do que tentar a todo custo evitá-lo, pois assim ele aparece mais cedo ou mais tarde. E mais vale uma pessoa conhecer-se bem a si própria e aos seus sentimentos do que deixar a raiva tomar o freio nos dentes, que é sempre algo de que nos arrependemos mais tarde".

Há diferenças entre pessoas polifieis e monogâmicas?

Esta pergunta responde Daniela Dana (Itália) - pelo menos para a comunidade lésbica italiana na sua amostra - da maneira seguinte: Não há de todo! Dados como a a idade, a profissão, a região de domicilio, coincidiam completamente quando comparados entre as senhoras pertencentes à amostra em relações monogâmicas ou às em situações não "regulamentares" poliamorosas. Talvez este inquérito devesse ter procurado uma relação com o signo astrológico: Celeste West descobriu na sua investigação de 1995 um contingente significativo de Gémeos... Mais interessante ainda, 85% das lésbicas inquiridas por C.West descreveram-se a si próprias como feministas, o que é uma percentagem muito maior do que a média habitual na comunidade lésbica...

Uma conclusão tanto de Daniela Dana como de toda a conferência: Há ainda todo um novo mundo de investigação neste campo a descobrir, e há que saber fazer as perguntas certas!

Para todas as que não tiveram oportunidade de participar nesta conferência e que querem aprender

mais: Marianne Piper e Robin Bauer, organizadoras da conferência, do Centro de Investigação de Estudos Feministas de Género e Queer da Universidade de Hamburgo planeiam publicar em hardcopy os proceedings com todas as apresentações desta conferência.

Proceedings of conference here:
http://www.polyamory.ch/docs/abstracts_polyamory.pdf
as well as the comments from members of poly-ch list:
http://www.polyamory.ch/content.php?page=hamburg0511 (german only)



bibliografia:

[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Poliamor
[2] http://www.bildwechsel.org/
[3] Dossie Easton, Catherine Liszt "The Ethical Slut" Greenery Press
[4] Laura Merrit, Traude Bührmann and Nadja Boris Schefzig "Mehr als eine liebe", Orlanda
[5] http://www.sergej-magazin.de/

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3.04.2006

LespPress report on 1st International Conference on Polyamory and Mono-Normativity, Hamburg

cheers,


For all of you abroad that have been following what I´ve been up, in respect to poly-activism, this is a translation to portuguese of a report, written by friend Gwendo, who has been in the 1st International Conference on Polyamory and Mono-Normativity, Hamburg and was so nice as to share what she saw there.

Gwendo wrote actually 3 articles. One, very complete, which was originally published last February in Sergej (one of the major magazines for the GLBT comunity in Munich, Germany), I translated already to portuguese and will be published on paper, in aprox. one month in a GLBT magazine in Portugal (if you want details on this, contact me privately). Until it is published, for ethical reasons, I will not repoduce it here. For the moment, as an apetizer, here is for your eyes delight, the translation of the article she wrote for LesPress. The remaining article was written for lesben-ring info.

I would be delighted on comments and suggestions.

Proceedings of conference here:
http://www.polyamory.ch/docs/abstracts_polyamory.pdf
as well as the comments from members of poly-ch list:
http://www.polyamory.ch/content.php?page=hamburg0511
(german only)


Lespress:
1st Conference on Polyamory and Mono-Normativity, Hamburg
4.-6.11. 2005 por Gwendolin Altenhöfer (polylogo@gmx.de)


Em princípios de Novembro tomou lugar em Hamburgo, Alemanha, a primeira conferência internacional sobre relações múltiplas. Participantes de países como Alemanha, Grã-Bretanha, Índia, Itália e EUA, falaram de temas tão diferentes como o lidar com amor, sexo e pertença no contexto de relações múltiplas, ou o papel do capitalismo pós-fordiano no amor livre, assim como técnicas para fintar o ciúme ou até mesmo a luta entre várias facções dentro do movimento Poliamor, como por ex. os que se concentram mais no amor e os que se concentram principalmente no sexo.


Barker e Ani Ritchie (UK) fizeram uma análise da descoberta e estabelecimento de uma nova língua alternativa por vários membros da comunidade Poliamor/Polyfidelity na Internet. Esta apresentação teve grande atenção por parte dos "media", pois a mesma apresentação tinha sido feita um ano atrás no Reino Unido. Com o aparecimento de vários artigos sobre poly nos jornais um pouco por todo o mundo, Barker e Ritchie têm se tornado os rostos do movimento poly. Têm recebido muito feedback positivo, principalmente de pessoas que pela primeira vez ouvem dizer por outras fontes que eles não são os únicos não-monogâmicos assumidos à superfície da Terra.

Daniela Dana (It) mostrou os resultados a vários inquéritos realizados entre lésbicas imersas na cultura católica. Não conseguiu encontrar um critério que permitisse distinguir as monogâmicas das polyfieis. Factores como idade, origem social ou regional, profissão, tinham aproximadamente a mesma distribuição em ambos os grupos. Talvez o inquérito pudesse cobrir o signo solar, pois Celeste West descobriu na sua investigação de 1995 uma enorme representação de Geminianos entre os Polifieis. Adicionalmente, o mesmo estudo de West, mostrou que 85% das lésbicas inquiridas se descrevem como feministas, o que é uma percentagem muito maior do que a média normal. Facto apontado quer por Dana quer por outras é que há sem dúvida ainda muito material para investigação cientifica/académica neste campo. Há também que fazer as perguntas certas!

Dossie Easton (EUA), autora de "the Ethical Slut" (tentativa de tradução, "a vadia responsável") conduziu uma "workshop" de encerramento sobre um estilo de vida boémio e/mas responsável, assegurando contudo que mesmo após varias décadas de tal percurso, continua a conhecer o ciúme. Nesse enquadramento, ela apresentou nessa workshop diversas estratégias que podem ajudar em crises agudas de ciúme, de modo por exemplo a que ninguém faça coisas de que se arrependa mais tarde. Esta workshop proporcionou também a oportunidade a/os participantes de falarem entre si e estabelecer contactos.

Para todos os que não tiveram oportunidade de assistir a esta conferência, as organizadoras (Marianne Pieper e Robin Bauer, Centro de Investigação para Estudos de Género, Feministas e Queer da Universidade de Hamburgo, RFA) têm em vista a publicação dos "proceedings" contendo as apresentações. Para todos aqueles que não queiram esperar tanto tempo e que dominem o alemão há a colectânea "Mehr als eine Liebe. Polyamouröse Beziehungen" (Laura Méritt, Traude Bührmann e Nadja Boris Schefzig), pela Orlanda. Neste livro estão já incluídas duas das apresentações da conferência, assim como um espectro larguíssimo de artigos de mais de 30 autoras.

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12.26.2005

Casamento a três

Mais um artigo, mais um caso, mais um tijolo. A Polyamory está a começar a sair do armário, e aposto o que vocês quiserem que se vai ouvir falar muito disto no próximo ano. Stay tuned at the usual watering holes.

Um trio faz um contracto de coabitação na Holanda como subterfúgio para atingir o reconhecimento ao nível de um "casamento". A mesma lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo e prevê contractos de economia comum parece prever a legitimação aos olhos da lei de "casamentos" plurais.
a
O artigo descreve a historia das pessoas envolvidas e faz uma análise das consequências legais:
http://www.weeklystandard.com/Content/Public/Articles/000/000/006/494pqobc.asp

Acerca da questão, "como seria em Portugal?" passo a citar uma advogada (M.R,):


> Allô, Allô,
>
> Finalmente li o artigo que me enviaste. Falam em
> "contratos de coabitação" como sendo o subterfúgio
> legal de conseguir o casamento. A mim parece-me que
> cá isso seria impossível, em primeiro lugar porque
> não existe a figura dos contratos de coabitação, e
> em segundo lugar, porque, mesmo que fosse possível
> celebrar um contrato deste género com base no
> princípio da liberdade contratual, acho que nenhum
> notário reconheceria validade legal a esse contrato,
> até porque o seu conteúdo seria contra a lei (uma
> vez que reconheceria a bigamia). Consequência, mesmo
> que se conseguisse fazer e validar um contrato deste
> tipo, incorreria-se em dois "perigos": a falta de
> valor legal do contrato e crime de bigamia.
>

Obrigada ao Vasco pelo link. Mais discussões sobre este tema disponíveis na mailing list do poly-pt.


Mais umas achas do Vasco:

"Parece que há um regime de economia comum para 2 ou MAIS pessoas. Parece-me interessante, muito mais que o casamento…leiam a lei e digam de vossa justiça.

http://www.portugalgay.pt/politica/parlamento02.asp

E o das uniões de facto que é apenas para 2 pessoas:

http://www.portugalgay.pt/politica/parlamento03.asp "

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11.23.2005

Kiss, Kiss, Poly's lips...

Este blogue está ás moscas. Mas achei por bem voltar a escrever sobre o tema que me ocupa, quer intelectualmente, quer na minha vida de todos os dias: Polyamory (poliamor em português).

Viver Polyamory é viver sem a associação automática e implícita de amor a monogamia. Como isso se pôe depois em prática ou não, com mais ou menos sucesso, é um desafio à criatividade de cada um@. A partir do momento em que se acredita nessa ideia, cada relação tem total liberdade de encontrar as soluções que melhor se lhe ajustam para crescer (ou falhar miseravelmente).

A primeira vez que a ideia me passou pela cabeça foi por alturas de 94. Graças à Internet e a alguma literatura descobri que havia mais gente no mundo a pensar, a sentir e a agir assim. Não estava sozinha (uau!!). Entre 94 e o momento presente tive oportunidade de passar da teoria à prática. Aliás, nem sequer tive outro remédio. Houve coisas que correram bem, houve coisas que correram mal e houve coisas que correram terrivelmente mal. Mas não senti que o prefixo "poli" fosse o factor desestabilizante.

Durante os últimos anos não tive muita vontade de falar acerca disto, porque a maior parte das reacções foram muito pouco encorajadoras ou mesmo hostis. Acabei por me isolar e por me esconder em tudo o que dizia respeito a essa parte da minha vida. Mas ultimamente descobri, quase por acaso, que toda essa nossa comunidade invisível que andava por ai em clusters distribuídos pelo mundo começou a sair da casca. Há duas semanas foi a
primeira Conferência Internacional de Polyamory em Hamburgo. Este domingo o tema (mais particularmente a cena "poly" nos USA) foi capa do jornal "the Guardian". Ver também a referência de sempre, www.polyamory.org (mas este link já é velhinho).

Naturalmente estes últimos acontecimentos, este sair para a ribalta, encoraja-me a falar da minha própria experiência. Fiz uma pesquisa, e vi que em Portugal há umas coisitas, mas parecem ser sites para contactos que não inspiram grande confiança, e não para discussão ou suporte.

Por isso, e fica aqui o desafio: gostaria de discutir isto com quem se interessar pelo tema, e/ou que tenham agora ou tenham tido experiências semelhantes. Venham daí os vossos comentários. Alguém sabe se existe um grupo de discussão? senao existe pode passar a existir! Eu sei que vocês andam aí! Digam coisas para este email: antidote[arroba]imensis[ponto]net.

(Kiss Kiss Poly´s Lips: Cantar ao som da melodia de Kiss Kiss Molly´s lips)

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